A fé pressupõe que podemos ser perdoados por nossos erros. Assim, arrepender-se de um pecado cometido é um caminho para a salvação. No universo das finanças, nem sempre é possível se recuperar de um tropeço, dependendo do tamanho dele. Porém, o Banco Central surge com uma luz no fim do túnel dos endividados ao anunciar que, neste final de ano, os bancos vão abrir aos sábados ou depois do seu expediente normal para a renegociação das dívidas dos inadimplentes. Mas com uma condição – ou uma espécie de penitência: quem quiser ser “salvo” terá de passar por um curso de reeducação financeira.


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Para esses “penitentes” está ainda em estudo um projeto que lhes conceda descontos em financiamentos bancários. Para ajudar nessa catequese, anunciamos a seguir os 10 mandamentos da longevidade financeira, livremente inspirados no decálogo que foi entregue a Moisés no monte Sinai, de acordo com o livro do Êxodo.

Reeducação financeira: 10 mandamentos da longevidade financeira

1 - Adotar os investimentos de alto risco acima de todos os outros

Com a Selic (taxa básica de juros da economia) em baixa, os consultores financeiros indicam que as aplicações mais rentáveis, nesse cenário econômico atual, são as de risco maior, como os investimentos em ações. Elas dão mais retorno a longo prazo que as de renda fixa ou baixo risco, que é o caso da poupança.

2 - Não tomar empréstimo em vão

Já havia uma música cuja letra dizia que “dinheiro na mão é vendaval”. Na verdade, podemos adaptá-la para “crédito na mão é vendaval”. Isso porque existem muitas formas de conseguir gastar – precisando ou não – sem ter reservas à disposição, desde empréstimos para pessoas físicas até cartões de crédito e o cheque especial, estes dois últimos com taxas de juros proibitivas. Assim, a dica é tomar dinheiro emprestado apenas em situações emergenciais. “O endividamento, quando excessivo e descontrolado, é a chave para a perdição financeira”, afirma Juliana Inhasz, coordenadora da graduação de economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa).

3 - Guardar décimo-terceiro e férias

“Renda extra deve, via de regra, ser total ou parcialmente guardada”, orienta a especialista. “O ideal é que as pessoas reservem esses extras ou parte deles para imprevistos ou mesmo dar andamento a projetos futuros de maior prazo. Assim, raramente estarão em situação financeira complicada.”

4 -Honrar o próprio orçamento

Não dá para ter uma vida de rei se os próprios ganhos não acompanham o padrão de consumo desejado. “Quem gasta mais do que ganha não tem controle sobre suas contas e precisa se endividar constantemente, comprometendo sua capacidade de financiamento presente e futura”, diz a coordenadora do Insper.

5 - Não gastar muito por impulso

A longevidade financeira pressupõe contar até três, ou até dez, antes de se decidir por um gasto supérfluo. Pesquisas avançadas em economia comportamental apontam que nosso cérebro busca recompensas imediatas e nos empurra para direções nem sempre racionais. Então, pondere se não vale mais a pena estabelecer objetivos maiores de médio e longo prazos – como uma viagem ou a reserva para a aposentadoria – do que “torrar” tudo em gastos aparentemente menores no cotidiano – jantar fora todo dia, por exemplo –, mas que, com o passar do tempo, impedem qualquer tipo de economia. “O final do ano e o período de férias são sempre uma tentação para os bolsos desavisados”, alerta Juliana. “A renda extra do décimo terceiro faz com que as pessoas comprem aquilo de que não precisam com a desculpa de que as promoções são imperdíveis ou que as festas estão aí. Mas, muitas vezes, desses hábitos nasce o endividamento.” É aqui que também entra a necessidade da reeducação financeira.

- Não matar a felicidade dos bons gastos

Mas nem tudo é provisão para o “inverno” financeiro. É possível, sim, ser feliz gastando no presente parte do que se ganha, mas sendo responsável ao estabelecer o percentual do orçamento que deve ser reservado para o futuro. Segundo Hirbis Girolli, colunista do portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, até 30% da renda líquida – e não mais que isso – podem ser destinados para passeios, bens de consumo e mesmo supérfluos. Os outros 70% devem ser empregados em gastos essenciais, desenvolvimento pessoal – como cursos de formação e aperfeiçoamento – e poupança de longo prazo.

7 - Não pecar contra a longevidade da poupança

Complementando o mandamento anterior, uma das vantagens dos investimentos de longo prazo é que não podem ser resgatados a qualquer momento. Trata-se de um bom freio contra a tentação de usar o dinheiro guardado para satisfazer algum sonho de consumo que, na verdade, tende a ser supérfluo. Outra forma de se precaver contra o pecado do gasto presente inútil é fazer um plano de previdência privada, reserva que também impede saques a qualquer hora. São medidas importantes que contam pontos a favor da reeducação financeira.

8 - Não se furtar de aprender

Qualificar-se para o mercado também é uma maneira de assegurar a longevidade financeira. Afinal, muita gente não pensa em parar de trabalhar; mas, para continuar produtivo e cobiçado pelas empresas – e, consequentemente, obtendo um vantajoso retorno financeiro pelo trabalho realizado –, é preciso se reciclar continuamente em termos de competências. O aprendizado constante se reverterá em frutos monetários no futuro.

9 - Não ouvir falso testemunho dos bancos

Este nono mandamento reforça o que foi dito no segundo: é preciso analisar bem todas as cláusulas e taxas de um produto oferecido pelas instituições financeiras antes de adquiri-lo. Um investimento deve ser avaliado não só pelo seu retorno mas também pelos riscos que oferece e pelos custos que acarreta, como o pagamento de taxas administrativas e de Imposto de Renda. Não se deixe encantar pela primeira impressão: vá mais fundo na análise.

10 - Não cobiçar as coisas alheias

Por fim, este décimo confirma o que foi dito no quarto mandamento da longevidade financeira: não é porque o seu vizinho comprou uma Ferrari que você também precisa ter uma. Atenha-se ao seu potencial de consumo sem se esquecer de que também deve guardar reservas para o futuro. Não transforme um sonho em pesadelo, ou o que prometia ser um paraíso em inferno orçamentário.

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