Cada vez mais pessoas estão interessadas em gerenciar o próprio dinheiro, no entanto é preciso ter cuidado. O volume de informações distorcidas no mercado de finanças vem crescendo também gerando mitos e prejudicando para os mais desavisados.

“Muitos ainda acham que controlar o orçamento é muito difícil e que não têm recursos para investir”, afirma Daniel Nogueira, especialista da consultoria Crowe Macro. No fundo, “o que não temos é a cultura de fazer reserva para emergências”.

Segundo ele, isso pode afetar, inclusive, o potencial de poupar o décimo terceiro salário. “É um mito acreditar que ele poderá ser investido se você não controlou as contas e tem muitas despesas extras em janeiro”, justifica.

Luciana Ikedo, especialista da Ikedo Investimentos, lembra que hoje é possível programar em débito automático uma aplicação mensal de recursos em diversos tipos de aplicações, derrubando o senso comum de que é muito trabalhoso investir.

Ela alerta, ainda, para a superficialidade das informações disseminadas por pessoas que não apresentam experiência e conhecimento suficientes em finanças. “Agora tem até celebridade da TV se autodeclarando consultor financeiro”, diz.

9 mitos que você precisa conhecer para proteger suas finanças

1. Poupança é a aplicação mais segura

Não é mais. Os títulos do Tesouro Direto são lastreados pelo Fundo Soberano (União) e, portanto, ainda mais seguros. “Em um desastre total do país, os bancos que detém a poupança certamente quebrariam antes que o Tesouro. Isso sem contar que ela rende somente 70% da Selic, que é um parâmetro do mercado, o que pode resultar em perdas, no atual cenário. O Tesouro rende 100% da Selic, ou seja, 30% a mais”, lembra Luciana.

2. Título de Capitalização é investimento

Os especialistas são unânimes em dizer que não. Capitalização é sorteio e sua única vantagem é o compromisso de poupar dinheiro, mesmo assim como uma reserva matemática, até porque por vezes o montante recolhido mal recebe uma atualização monetária.

3. Consórcio é investimento

É financiamento de aquisição futura. Mesmo que ele gere um compromisso de compra em algum momento e promova um maior controle emocional sobre o consumo, o fato é que ele cria uma dívida para construir patrimônio, visto que entre 12% e 20% de tudo o que é pago acaba se tornando taxa de administração do grupo.

“Não é um bom investimento. Além de não ter muitas vezes ganhos financeiros com suas cotas, o que é pago ao consórcio acaba tirando valor da carta de crédito”, sentencia Ricardo Maila, especialista em gestão financeira e fundador da consultoria Plano.

4. Imóvel é garantia de futuro tranquilo

Muita gente ainda prefere fazer um financiamento a alugar. Mas, de um modo geral, a locação tem um resultado financeiro melhor do que a compra à vista ou financiada de um imóvel, segundo o especialista da Plano. 

Por exemplo, em vez de escolher um financiamento de longo prazo com parcelas de R$ 2.000, opte por um aluguel de R$ 1.200 e aplique a diferença de R$ 800 em um investimento conservador. Com isso, a pessoa “não vai ficar amarrada ao imóvel ao longo da vida” e, paralelamente, “construirá um patrimônio financeiro", justifica.

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Crédito: Watchara Ritjan/Shutterstock 

5. Carro é investimento

Não é. É conforto e seu valor desvaloriza rápido. Só de ficar parado na garagem, um carro popular custa R$ 1.200 ao mês a seu proprietário (depreciação, IPVA, seguro etc.), sem contar o combustível. “Um modelo de R$ 100 mil custa mais de R$ 2.500 ao mês. Quem quer manter ao longo da vida um desses em detrimento de investir esses valores por 25 anos está renunciando à possibilidade de gerar uma aposentadoria mensal de R$ 10 mil”, calcula Maila.

6. Investimento requer muito dinheiro

Este é um mito clássico. Segundo Luciana, se a pessoa esperar ter muito dinheiro para só depois começar a investir, esse dia nunca vai chegar. Também não é verdade ser preciso ter como alvo os fundos que exigem aporte de grandes valores. Pode-se aplicar pequenos quantias em investimentos atrativos como Tesouro Direto, fundos imobiliários e até ações.

7. Jamais vou entender como investir na Bolsa

Há bons cursos on-line gratuitos que ajudam a esclarecer este universo com conteúdo de qualidade. Entre eles, os do Portal do Investidor, ligado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

8. Renegociação de dívidas com banco dão ótimos descontos

Os descontos oferecidos pelo banco podem até parecer vantajosos, mas quase sempre você estará pagando muito mais do que poderia. Segundo Malia, é comum o devedor achar um bom negócio a proposta de baixar a dívida de R$ 6.000 para R$ 2.500 e ainda parcelar em 12 vezes. 

Só que é bom lembrar que a conta que gerou a dívida era de apenas R$ 1.200, poucos meses atrás. O antídoto, sugere, é controlar bem as finanças para não ficar devendo e, caso isso não seja possível, mostrar conhecimento ao gerente de que o valor total pode baixar ainda mais.

9. É sempre bom ter acesso ao crédito

Nem sempre é saudável, porque muitas pessoas não sabem usar. “Logo que começa a trabalhar, ela passa a crer que usar cartão de crédito é bom, só que o formato de parcelamento da fatura afeta consideravelmente o orçamento. Mesmo que os juros fossem pequenos, o impacto é imenso ao longo de 10, 15 anos”, conclui o especialista da Plano.


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