Você provavelmente já ouviu a expressão cringe. O termo originalmente vem do inglês, do verbo to cringe, que significa “encolher-se”. Mas ultimamente ele tem sido usado com outro significado: o de zombar de algo ultrapassado, que provoque a tão terrível vergonha alheia.

Na eterna disputa entre gerações, os mais novos tendem a achar que tudo aquilo que os mais velhos fazem é ultrapassado. Portanto, cringe! Por sua vez, os mais experientes tendem a desmerecer todos os feitos dos mais jovens, questionando pontos como qualidade e competência.

Mas quando o assunto é finanças, não se engane: ser cringe independe da idade. Pelo menos é o que mostra uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

De acordo com o estudo, a idade média das pessoas que investem apenas na poupança é de 43 anos. Já a idade média dos que diversificam seus investimentos é de 41 anos. Além de serem ambos grupos de uma mesma geração, é uma diferença muito pequena para que a idade seja considerada um fator determinante.

Mas se a questão independe da idade, quais fatores poderiam levar uma pessoa a ser cringe nas finanças ou não? A explicação vem de outro fator apontado pela pesquisa: níveis de renda. A turma que ainda investe na poupança tem uma renda média de R$ 4.400 por mês. Já os que investem em mais de um produto do portfólio têm uma renda média mensal de R$ 9.400,00.

Enquanto os mais velhos seguem achando que os mais novos não dão o devido valor ao trabalho e ao dinheiro e os mais jovens, por sua vez, reclamam do apego material dos mais velhos, erros comuns continuam sendo cometidos por ambos os lados. Consultamos então uma especialista em investimentos e finanças pessoais para nos explicar o que é ser cringe nas finanças e o que não é. Confira!

O que é ser cringe nas finanças?

“Eu não me considero cringe”, dispara de imediato a professora do Mestrado em Economia e Gestão Empresarial da Universidade Cândido Mendes e da Pós-graduação em Economia da UERJ, Daiane Santos. Em entrevista ao portal do Instituto de Longevidade MAG, ela começa traçando uma linha imaginária em que separa os ativos (investimentos) pouco arriscados dos considerados muito arriscados.

“O pouco (ou menos) arriscado que a gente fala é a poupança, que tem o menor risco possível, mas rende o mínimo possível”, explica a especialista. Segundo ela, isso ocorre porque esse retorno é atrelado à taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que no momento não está atrativa por questões econômicas.

“Você tem que diminuir a taxa de juros para fomentar o consumo imediato para que a economia se aqueça”, continua. “Por exemplo, há alguns anos, a taxa de juros era mais atrativa, de 7% ou 8%, agora não mais. Com pouco rendimento, as pessoas começam a migrar para ativos mais arriscados, como fundos imobiliários, ações ou fundos múltiplos, assumindo mais riscos para tentar conseguir um retorno maior”.

No entanto, Daiane adverte que, para que essa migração ocorra, é necessário tempo e estudo para entender o mercado financeiro e a economia, pois todo o processo vai significar correr riscos consideráveis.

Mercado de criptoativos ganha força

Além do mercado de ações, investidores aos poucos vêm descobrindo um outro muito mais arriscado, mas que promete um retorno infinitamente maior e melhor, que é o mercado de criptoativos.

“Justamente por causa do elevado risco assumido pelo investidor que o mercado de criptoativo tende oferece um retorno muito maior, caso contrário não seria atrativo”, esclarece Daiane.

Mas o que são criptoativos?

De acordo com o portal Investidor.gov.br, criptoativos são “ativos virtuais, protegidos por criptografia, presentes exclusivamente em registros digitais, cujas operações são executadas e armazenadas em uma rede de computadores”.

Geralmente, por trás desses criptoativos, há sempre um projeto ou uma ideia. Ao investir em um criptoativo, você está patrocinando um projeto que, quando bem-sucedido, monetizará a todos os investidores.

“Há um projeto desenvolvido por brasileiros que usa um ativo digital para captar dinheiro de investidores para investimentos em parques de energia solar aqui no Brasil”, relata a professora. “Então, se você acredita no projeto deles, você pode investir nesse projeto comprando um criptoativo. Atualmente existem no mundo dezenas de projetos atrelados a criptoativos que têm um potencial muito grande de gerar retornos altos. Alto que estou falando é tipo 1000%. Não estou falando de 1%, mas de 1000%, de 500%”, destaca.

Cringe é não se abrir para o novo

Diferentemente das gerações mais novas, que vêm tudo isso com muita normalidade, todo esse processo pode soar estranho para uma pessoa de mais idade e acostumada a investir apenas em ativos tangíveis, como o dólar e o ouro.

“Nós somos a última geração que teve acesso à vida sem internet. Então, pra gente, certas coisas são estranhas, por exemplo, colocar dinheiro nesses projetos”, explica.

Mas não se engane: assim como nos mercados tradicionais, o de criptoativos também enfrenta problemas com fraudes e pirâmides, e o desconhecimento levou muitos investidores a caírem nesses golpes.

Se uma pessoa decide se aventurar em um mercado novo e logo cai em um golpe que lhe causa um grande prejuízo, é normal que essa pessoa pense: é melhor continuar no mercado tradicional do que perder dinheiro. Para a professora, ou você tem tempo para se dedicar aos estudos e aprender mais sobre esse novo mercado ou dinheiro para contratar alguém que entenda e auxilie seus investimentos. Caso contrário, melhor se manter no conservadorismo.

Cringe é viver no passado

Muitos dos nossos leitores vão se lembrar dos seus pais, tios ou avós falando que investimento seguro é a boa e velha caderneta de poupança. Outra forma de investimento muito estimulada naquela época era a compra de imóveis.

“Muita gente hoje ainda compra imóvel por segurança, como um investimento. Essa visão vem mudando com o tempo porque a gente está ganhando educação financeira”, observa a professora. “As pessoas estão começando a ver que existem outras possibilidades, como os fundos imobiliários”.

Um fundo é um dinheiro investido em vários ativos e que é administrado por uma equipe especializada. Ao investir em um fundo, você paga uma taxa para que essa equipe faça os investimentos naquelas ativos.

Investir em fundos imobiliários é não ser cringe nas finanças. Crédito: Tinnakorn jorruang / Shutterstock.

Investir em fundos imobiliários é não ser cringe nas finanças. Crédito: Tinnakorn jorruang / Shutterstock. 

Por exemplo, aos poucos as pessoas estão enxergando que não precisam mais ter um imóvel que possibilite o rendimento de um aluguel por mês. Ao contrário, elas podem investir em fundos imobiliários, que possuem vários imóveis alugados e que distribuem o valor recebido dos aluguéis proporcionalmente entre os investidores.

Tudo isso está sendo possível graças à democratização do acesso à informação que vem sendo possível devido à internet. As pessoas estão tendo a possibilidade de sair do tradicional, do menos arriscado, e passar para um mais arriscado, com maior retorno.

Contudo, o acesso à informação ainda não é para todo mundo e continua sendo um privilégio de poucos, proveniente da renda ou da escolha da pessoa.

Cringe é chamar o outro de cringe

Teoricamente, as pessoas que têm mais ensino correm menos risco de ficar desempregadas. Já as pessoas com menos estudos comumente são mais afetadas, principalmente em momentos de cortes nas empresas.

“Educação gera novas oportunidades no mercado de trabalho, que por sua vez vai gerar renda. Tudo passa pela educação. Então as pessoas que são consideradas cringe podem ser vítimas da falta de acesso à informação”, adverte a professora. “A geração cringe vai se adaptar à nova realidade. Mas para isso, é necessário que haja investimentos em educação”.

Outra hipótese, confirmada pelo estudo da Anbima, é que as pessoas consideradas cringe nas finanças possam ser vítimas de uma situação financeira precária. “A diversificação está ligada ao apetite de risco e para isso você precisa ter uma segurança financeira, porque se você ganha um salário mínimo, você vai arriscar o quê?”, argumenta a especialista. “Não sobra nada, nem para deixar na poupança”, conclui.


Planejamento é fundamental para garantir a longevidade financeira. Por isso, preparamos uma planilha exclusiva para você anotar todos os seus gastos e não perder o controle. Preencha o formulário a seguir e baixe a planilha gratuitamente!

Planilha de Planejamento Financeiro

Preocupado com as contas ao final do mês? Baixe a planilha GRATUITA de planejamento financeiro e fuja do vermelho!

Livro

Leia também:

Como fazer o dinheiro render mais? Confira algumas dicas

“Viver de renda é possível, mas o processo pode ser lento e trabalhoso”, garante especialista

Conheça 5 tipos de renda que você pode buscar para ganhar mais

Como investir meu dinheiro para o futuro e alcançar minha longevidade financeira?

Investimentos a partir de 100 reais que podem garantir a sua Longevidade Financeira

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: