Oito em cada dez brasileiros não têm preparação para a aposentadoria. Na prática, 104,7 milhões de pessoas com mais de 18 anos de idade e que continuam no mercado de trabalho não se planejam para essa fase da vida.

Os dados são da pesquisa "O Preparo para Aposentadoria no Brasil", realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Foram entrevistadas 3.818 pessoas para identificar quem não é aposentado e possui algum tipo de planejamento. Seguiram para a segunda fase 804 entrevistados – apenas quem tinha algum plano de preparação para a aposentadoria.

Quem não se planeja argumenta que não sobra dinheiro (47%) e que está desempregado (22%). Há ainda quem tenha começado a guardar e teve de parar por problemas financeiros (19%) e quem conte com outros planos e prioridades (15%).


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“Quando se fala em aposentadoria, há falta de educação financeira, que faz com que a pessoa não guarde dinheiro. Quando guarda, é para algo mais imediato”, considera Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).

A economista diz que a crise dos últimos anos, que poderia ter impacto positivo no planejamento financeiro das pessoas, não surtiu resultado. Segundo ela, os brasileiros “mudam de marca e deixam de fazer algo para o mês fechar, mas não houve alteração no comportamento de longo prazo”.

Como anda a preparação para a aposentadoria?

Pelo estudo, 19% dos brasileiros que não estão aposentados têm alguma estratégia de preparação para a aposentadoria. Esse percentual aumenta para 25% entre os homens, 26% entre quem tem mais de 55 anos e 30% nas classes A e B. A maior parte faz aplicação em poupança, mas há quem conte com o INSS pago pela empresa ou por conta própria.

O principal fator para guardar dinheiro para essa fase da vida é o hábito de planejar a vida a longo prazo. Há quem se programe mirando o exemplo de pessoas que não se prepararam e por isso tiveram problemas financeiros após a aposentadoria, segundo a pesquisa.

Outro estudo, realizado pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, em parceria com o Aegon Center, na Holanda, mostra que 9% do público LGBT entrevistado está financeiramente mais bem preparado para a aposentadoria do que os heterossexuais. Outros 25% dizem que já têm tudo planejado para essa fase da vida. (Para ler mais, clique aqui. )

O que fazer depois dos 50

Para Kawauti, os problemas dessa falta de organização são muitos. Um é o de ter de depender de filhos ou família mais para frente. Outro é ter de diminuir o padrão de vida para poder arcar com os custos da velhice. E, para alguns, a consequência passa por ter de permanecer no mercado de trabalho indefinidamente para conseguir pagar as contas.


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Mas há formas de mudar esses cenários – ou, pelo menos, amenizá-los. O primeiro é “abandonar a sensação de que não é possível fazer mais nada”, segundo a economista. Depois, fazer uma simulação do quanto será necessário receber lá na frente para conseguir se manter, considerando os aumentos de gastos com saúde, por exemplo. Ela orienta a buscar ferramentas na internet que facilitem essa conta.

Chega a hora de se debruçar sobre o consumo e para onde está indo o dinheiro. Devem entrar na conta os gastos invisíveis, que fazem os reais escoarem da conta corrente, mas que dificilmente são percebidos. Quer alguns exemplos? O cafezinho e o táxi. “Parece pouco, uns R$ 20 reais, mas, no fim do mês, o valor é alto”, diz.

Tudo deve ser considerado (e com olhar de longo prazo) 

A tarifa de manutenção de conta corrente pode não fazer um rombo no orçamento, mas basta fazer a projeção do quanto isso significa em dez ou vinte anos para ver o impacto dela na vida financeira. “Não é só anotar os gastos. É preciso olhar para trás e entender no que gastou”, considera a especialista.

A partir daí, os ajustes devem começar. Não precisa deixar de ir à academia, mas buscar uma mais barata no bairro. Nem evitar ir ao cinema, mas reduzir a frequência e encontrar outros programas mais em conta. “É a hora de tentar fazer alguns sacrifícios financeiros, redirecionar gastos e mudar o padrão de vida. Se ajustar agora para baixo, a transição será mais tranquila”, ensina ela.


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O dinheiro que sobrar deve ir para uma aplicação separada das demais e com aportes mensais, para manter a regularidade e criar o hábito. “Se tiver tudo no mesmo bolo, o valor vai sempre para um imprevisto ou para viajar. Quando vê, o da aposentadoria é sempre o último [a ser abastecido].”

O gerente do banco pode ajudar com as opções de investimento disponíveis nessa preparação para a aposentadoria, mas não deve ser a única fonte de informação. Como é um valor que vai ficar parado, ela orienta a estudar aplicações com carência para resgate, que têm rendimentos maiores.

“A prevenção é sempre o melhor remédio. E tentar imaginar qual gasto vai ser importante, para não ser surpreendido lá na frente”, resume.

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