Se preocupar em controlar as finanças apenas às vésperas da aposentadoria pode ser um tanto arriscado. Isso porque são grandes as chances de ser pego desprevenido, com menos dinheiro entrando no fim do mês e pouca grana reservada.

"Se uma pessoa tiver um mínimo controle financeiro antes de se aposentar, sabendo definir quanto ganha e quanto gasta mensalmente, a tendência é ela não sofrer com a chegada da aposentadoria", avalia o economista Sérgio Tavares.

Porém, se o cenário não coincidir com a realidade, a situação pode se revelar (bem) crítica. O que torna extremamente importante haver organização e planejamento financeiro antes de dar adeus ao trabalho.

"Caso a aposentadoria não seja bem planejada e complementada, com um investimento ou uma previdência privada, é comum a pessoa começar a sentir a falta de dinheiro", pontua a terapeuta financeira Aline Soaper.

Além do mais, a possível queda de renda coincide com um momento de saúde mais frágil. Isso acaba exigindo gastos extras com convênio médico, medicamentos, terapias, entre outras necessidades pertinentes à idade.

"Segundo o IBGE, a média da expectativa de vida no Brasil em 2021 foi de 77 anos. Isso demonstra que o brasileiro está vivendo mais", ressalta o administrador Luciano Martinez.

Com mais anos pela frente, é imprescindível ser realista em relação ao montante financeiro necessário para se viver bem. Pode ser preciso, inclusive, que sejam reduzidos os gastos mensais.

Um casal de idosos guardando dinheiro em um cofrinho de porco para controlar as finanças. Crédito: Julia Zavalishina/Shutterstock

Planejamento é ouro para controlar as finanças

Seja numa planilha de Excel ou mesmo no caderninho, o importante é anotar todos os gastos e receitas para conseguir controlar as finanças. Aplicativos  como Jimbo, Guia Bolso ou Minhas Economias também podem ajudar nessa tarefa. 

De acordo com Carolina Sautchuk, advogada previdenciária, a planilha básica deve incluir quatro informações importantes. Elas podem ser distribuídas em colunas da seguinte forma:

  1. Valor mensal recebido;
  2. Despesas fixas (aquelas que sempre vão existir, como condomínio, água, luz, telefone, aluguel, plano de saúde, remédios e supermercado);
  3. Despesas variáveis (aquelas que ocasionalmente podem surgir, como remédios além do esperado);
  4. Saldo financeiro.
  5. "Esta planilha deve conter uma projeção dos últimos 12 meses, pelo menos. A ideia é ter a dimensão das despesas e receitas e possa se programar", orienta a especialista.
  6.  Apesar do monitoramento mensal, o recomendado é fazer um acompanhamento semanal das contas. "Assim, é possível analisar desvios ao longo do mês e planejar ações para garantir a sua realização conforme o previsto", explica o economista Sérgio Tavares.
  7. "Anotar tudo o que sai da conta ajuda a ver para onde vai o seu dinheiro. A partir daí, fica mais fácil tomar decisões assertivas para reduzir, substituir ou até mesmo cortar alguns gastos. Se não fizer esse controle, pode cortar no lugar errado e não ter o resultado que precisa", observa a terapeuta financeira Aline Soaper.

Reveja prioridades e reduza supérfluos para controlar as finanças

Caso algum gasto esteja perto de estourar o orçamento, reduza as despesas variáveis. Os gastos supérfluos e que não sejam indispensáveis para não comprometer sua saúde financeira podem ser cortados.

"Estipular metas para essas despesas variáveis – fatura de cartão de crédito, lazer no final de semana, compras de supermercado, entre outras – também se mostra eficiente para que, ao final do mês, não haja surpresas no resultado do orçamento", acrescenta o economista.

Na hipótese de passar a ganhar menos com a aposentadoria, pode ser necessário reduzir o seu padrão de vida. "Se tiver dificuldade para lidar com este problema sozinha, um consultor financeiro pode ser de grande valia", opina.

Além de redefinir prioridades (como saúde) e reduzir gastos desnecessários, pode ainda ser necessária uma revisão dos gastos fixos. Por exemplo, se o condomínio está muito alto, é interessante pensar em se mudar para uma casa. Ou, quem sabe, colocar um quarto para alugar, como no Airbnb, a fim de ter uma renda extra.

Tem dinheiro disponível? Aplique-o!

Se houver dinheiro sobrando na conta, a dica de Hugo Eduardo Meza Pinto, professor da Faculdade Estácio Curitiba, é aplicá-lo. Para o especialista, o perfil mais conservador verificado entre os brasileiros deveria dar lugar a aplicações que paguem mais que a poupança, como tesouro direto ou mesmo ações.

Atenção: fuja de todo e qualquer tipo de aplicação que pareça boa demais, principalmente as chamadas pirâmides de dinheiro. "Qualquer investimento que ofereça taxas acima da média, ou seja, mais de 1% ao mês, já é para se desconfiar. A poupança paga 0,5% ao mês; os títulos públicos, 0,8% por mês, ou seja, apesar de não ser impossível, é muito difícil ganhar mais de 1% ao mês", frisa o professor.

Também é importante reforçar a necessidade da reserva de emergência para eventualidades. "Para isso, vale estabelecer um valor mensal para colocar na poupança ou aplicação, nem que sejam R$ 50 por mês", pontua a terapeuta financeira.


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