Para evitar que a mãe, Antônia, tivesse de enfrentar fila nos postos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), a profissional de recursos humanos Izadora Nunes, 35 anos, há três anos decidiu entrar com o pedido de aposentadoria pela internet. Para isso, recorreu ao sistema Meu INSS.

Na teoria, o recurso online deveria agilizar o processo em meio à carência de servidores da Previdência. Na prática, no entanto, pode acrescentar alguns passos e ser ineficiente em diversos casos, como no de Izadora e sua mãe, de 66 anos, que enfrenta dificuldades por uma hérnia de disco.

Ao preencher os primeiros dados, a profissional de RH teve de responder a perguntas sobre o histórico de trabalho da mãe. A maioria das respostas, contudo, não condizia com o passado profissional da trabalhadora doméstica.


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“Para gerar uma senha, eu tinha de acertar no máximo quatro perguntas. Como não consegui, bloqueei o sistema depois de duas tentativas sem sucesso. Chegaram a falar com a minha mãe por telefone, mas alegaram que as informações que ela passava, não condiziam com as do cadastro” recorda Izadora.

Para destravar o Meu INSS, a profissional de RH teve de recorrer à ajuda de uma advogada, que foi a uma agência do INSS e descobriu que havia erros no cadastro de dona Antônia. Eram eles que impediam o pedido da aposentadoria pela internet e pelo telefone. Um mês depois da intervenção da advogada, o sistema foi liberado. “Parece que colocam entraves no processo para a gente desistir de pedir o benefício.”

Problemas de acessos

Dificuldades com o Meu INSS são bastante comuns, segundo a advogada Roberta Fattori Brancato. Especializada em direito previdenciário, ela explica que o sistema exige compatibilidade com os dados cadastrais do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais, um banco nacional que contém as informações cadastrais dos trabalhadores). Se algum dado não estiver correto, a tecnologia encaminhará o beneficiário para uma agência da Previdência.

“Para utilizar o Meu INSS, a pessoa tem de estar com o CNIS perfeitamente preenchido. Qualquer divergência atrapalha o pedido de aposentadoria pela internet e, principalmente, por telefone. Não à toa, as agências do INSS estão lotadas”, afirma Roberta.


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Adriane Bramante, presidente do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário), acrescenta que o sistema ainda está disponível apenas para aposentadoria por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres) e tempo de contribuição (180 meses).

“O INSS digital veio para otimizar os pedidos de benefícios e utilizar melhor a força de trabalho existente. No entanto, como o sistema ainda exige muito de procedimentos internos, os pedidos acabam parados”, sinaliza Adriane.

“Para piorar, a previsão é que mais de 50% dos servidores do INSS se aposentem em 2019”, afirma Adriane. Isso significa que, sem concurso para contratar mais profissionais, o tempo de espera será maior. O governo não havia autorizado a seleção até o dia 8 de janeiro.

Para pedir aposentadoria pela internet

Segundo o INSS, no caso de dúvidas ou dificuldades no acesso ao sistema, o beneficiário deve primeiro tentar solucionar o problema pelo telefone 135. Caso não seja resolvido, pode visitar uma agência, sem necessidade de agendamento.

A autarquia afirma também que a versão on-line é melhor acessada por Google Chrome e Mozilla Firefox. E em smartphones, nos sistemas iOS e Android.

Confira, a seguir, o passo a passo para pedir aposentadoria pela internet:

  1. Acesse o site do Meu INSS ou ligue para 135 de segunda a sábado, das 7h às 22h;
  2. Responda perguntas sobre dados pessoais, trabalhistas e previdenciários;
  3. Troque a senha provisória por uma definitiva;
  4. Caso a senha não seja gerada por “divergências cadastrais”, é necessário ir a uma agência do INSS ou enviar um procurador;
  5. Uma vez que a senha é liberada, o sistema permite pedido de aposentadoria e envio de documentos em pdf (no sistema on-line), além de agendamento de perícias, simulação de tempo de contribuição e extrato previdenciário, entre outros serviços.
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