No ano passado, a população ocupada com mais de 59 anos de idade aumentou 1,1% em relação ao ano anterior – foi a única faixa etária a registrar crescimento. O número de jovens de 14 a 24 anos ocupados, por exemplo, recuou 8,4% em 2016.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua trimestral, elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicam ainda que o contingente de trabalhadores com ensino superior voltou a crescer em 2016 (2,5%).

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Na avaliação da equipe do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que analisa periodicamente dados do mercado de trabalho, a força de trabalho brasileira vem “sofrendo alteração em seu perfil: está se tornando mais idosa e instruída”.

Para Eduardo Bahi, especialista em transição de carreiras da Thomas Case & Associados, a tendência é que o cenário de contratação de pessoas mais velhas permaneça.  As empresas, diz ele, têm demitido trabalhadores para enxugar custos e, no lugar, contratam apenas um trabalhador sênior.

Ele explica o motivo: “Profissionais mais velhos podem ser mais cobrados por resultados porque têm mais experiência. Além disso, eles mostram ser mais comprometidos e dedicados”.

“As empresas viveram um boom de contratação de jovens, mas perceberam que eles não tinham bagagem para os postos que iam ocupar”

Há ainda um cuidado redobrado do trabalhador mais velho que consegue um emprego após um tempo sem ocupação. Com medo de perderem a vaga, alguns recorrem ao coaching durante os primeiros meses, para facilitar a adaptação, sinaliza Bahi. Com o auxílio de um especialista, é possível solucionar atritos ou problemas em equipe ou na função que podem surgir no período.

“Hoje é mais fácil de contratar um trabalhador com mais de 40 anos de idade do que há cinco anos”, considera. Segundo ele, “as empresas viveram um boom de contratação de jovens, mas perceberam que eles não tinham bagagem para os postos que iam ocupar”.

Mas, se o número de pessoas ocupadas cresceu, aumentou também o daquelas que voltaram ao mercado para buscar uma vaga. A faixa de trabalhadores com 59 anos ou mais passou de 2,5% em 2015 para 5,2% em 2016. Mas, segundo os dados do IBGE, é ainda a menor taxa de desemprego em termos absolutos – no grupo de 14 a 24 anos, era de 27,9% em 2016; no de 25 a 59 anos, de 9,9%.

ENTENDA OS CRITÉRIOS DO IPEA

PESSOAS OCUPADAS - Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, é definida uma semana de referência. São consideradas ocupadas as que trabalharam pelo menos uma hora completa em uma atividade remunerada ou sem remuneração direta (em ajuda à atividade econômica de membro do domicílio). Ou, ainda, as que estavam afastadas naquele período por motivos como férias e licença-maternidade.

PESSOAS DESOCUPADAS - São as que estavam sem trabalho e tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam disponíveis para assumi-lo. Estão incluídas também as que não tomaram providência efetiva para conseguir trabalho no período de 30 dias porque já haviam conseguido o trabalho que iriam começar após a semana de referência.

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