“Você tem que administrar sua longevidade da mesma forma que você administra um negócio.” Vindo de Thomas Case, fundador da Catho, consultoria de recolocação – vendida por uma cifra milionária em 2006 –, e da franquia Pés Sem Dor, hoje a maior do país no ramo de palmilhas ortopédicas –, isso significa “trabalho, trabalho e vida”.

Aos 80 anos, pai de dez filhos com idades entre 3 e 59 anos, o engenheiro confessa que quer passar dos 100 anos de idade e trabalhar até o dia de morrer: “Eu não quero aposentar nunca”. Para isso, diz que come pouco, se exercita muito e cuida de sua saúde “de uma forma maquiavélica”. A seguir, os principais trechos de sua entrevista ao portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon O sr. vendeu a Catho quando tinha 68 anos de idade e mudou-se para Portugal. Dedicou-se um tempo ao dolce far niente [doce fazer nada, em tradução livre]? Mas logo desistiu da inatividade. Não suportou a aposentadoria?

Thomas Case – É péssimo. Você não tem objetivos na vida, fica só esperando a morte. Eu não quero esperar a morte, eu quero fazer coisas.

Thomas Case O engenheiro Thomas Case, 80 anos, que fundou a consultoria de recolocação Catho

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon Então o sr. resolveu voltar a trabalhar?

Thomas Case – Decidi voltar a viver, a trabalhar. Em 2009, eu comecei a Pés Sem Dor.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon Assim como a Catho, que o sr. fundou após ser demitido de uma fábrica de silos agrícolas, a sua volta aos negócios também foi em decorrência de motivos pessoais, certo?

Thomas Case – Exatamente, porque meus pés são horrorosos, uma tábua, um tornozelo todo desabado. Eu quase não consigo andar sem palmilhas.

 “Crescemos 286% em 2017 e este ano estamos crescendo 15% ao mês”


Quer se manter atualizado para o mercado de trabalho? Conheça os cursos gratuitos oferecidos pelo Instituto de Longevidade a quem tem mais de 50 anos


Instituto de Longevidade Mongeral Aegon E como esse problema de saúde virou uma oportunidade de negócio?

Thomas Case – Eu faço exercícios todos os dias. E meu personal trainer vendia umas palmilhas artesanais, feitas à mão, fabricadas no interior. Sem muita disciplina, ele vendia 10, 15 por mês. Pensei: opa, uma baita oportunidade, fabricar as melhores palmilhas do mundo. Me juntei a ele e começamos o negócio. Viajamos para a Europa e visitamos 14 empresas em 12 dias. Trouxemos para cá a tecnologia alemã. Comecei com ele, mas negócio é ferro e fogo, você tem que trabalhar até sábado, se quer chegar ao consumidor. Ele falou: “Tô fora”.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon E aí o sr. ficou sozinho?

Thomas Case – Sim, comprei a parte dele e tive de aprender tudo sobre palmilhas. Estudei, estudei e estudei. E agora os processos que usamos na Pés Sem Dor são totalmente diferentes, com muita tecnologia embarcada. Softwares, inteligência artificial, impressora 3D, todo processo digital. Tenho muito orgulho dos avanços tecnológicos que fizemos, é inacreditável o que fizemos.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon Mas, até o ano passado, a trajetória foi de muito prejuízo...

Thomas Case – Sim, foi osso duro. Mas, nós, agora, estamos voando. Crescemos 286% em 2017 e este ano estamos crescendo 15% ao mês. Temos 44 pontos de venda. Estamos atendendo, agendados, 400 clientes por dia.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon E ainda tem muito chão para crescer?

Thomas Case – Muito, estamos para abrir mais 15. O tamanho de mercado é muito grande: 88% dos homens têm algum problema no pé; 92% das mulheres têm alguma dor no pé; e 18% da população têm intensa dor no pé.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon E o sonho do sr. é transformar essa empresa numa maior do que a Catho?

Thomas Case – Bem maior, porque o mercado é maior.

Thomas-Case Thomas Case voltou a empreender aos 71 anos com a franquia Pés Sem Dor

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon O sr. quer ser conhecido como o homem que criou dois negócios bem-sucedidos? É esse o legado que o sr. quer deixar para filhos e netos?

Thomas Case – Três filhos e um neto trabalham comigo. Meu intuito é fazer com que eles sejam gente que faz o bem para a sociedade. Porque o nosso negócio ajuda a população a viver melhor, sem dor. Nós garantimos eliminar a dor ou dar o dinheiro de volta. Você já viu isso? Nunca vi! Ainda não somos perfeitos: damos 8% do dinheiro de volta; estou tentando baixar para 5%, porque não gosto de dar o dinheiro de volta! Mas é tão gratificante que mais de 90% de nossos clientes estão satisfeitos com as palmilhas.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon O sr. é workaholic?

Thomas Case – Sem dúvida.

“É importante, na vida, você sempre ter objetivos, querer mais”

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon O que move o sr. a continuar trabalhando com tanta intensidade?

Thomas Case – Porque eu tenho um lugar para ir, tem gente para pegar no pé, para dar tapa nas costas, para dar sorriso, para conversar. Eu não quero viver na solidão. É importante, na vida, você sempre ter objetivos, querer mais. Eu sou eternamente insatisfeito. Sempre dá para melhorar, tudo. É tão gratificante ver meus filhos se tornarem homens, gente do bem, com índole.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon Aos 80 anos, o sr. exibe uma vitalidade e um entusiasmo impressionantes. E não para de fazer planos para o futuro. Quais são os segredos para uma boa longevidade?

Thomas Case – Você tem que administrar sua longevidade da mesma forma que você administra um negócio. Se eu quero viver até os 100 anos, o que eu tenho que fazer? Primeiro, você tem que comer pouco e balanceado. E beber pouco álcool. Eu gosto de vinho tinto porque, além de gostoso, dizem que é bom para o coração. Na velhice, as coisas começam a degringolar, então você tem que tomar cuidados, se prevenir. Faço uma bateria de exames de sangue a cada três meses. Você tem que ser praticamente maquiavélico. Por exemplo, eu tenho diverticulite. São saquinhos no intestino que, se você come sementes, eles infeccionam e você pode morrer. Você quer saber se algum médico me falou isso? Me falaram do problema, eu encontrei a solução. E, por fim, o mais importante é fazer exercícios. Um monte! Eu faço 1h40, sete dias por semana. Durante a semana, faço 4 km de esteira, 270 flexões, musculação e alongamento. No sábado e no domingo, nado 1 hora e assisto filmes na bicicleta ergonômica.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon O sr. gostaria de viver até quantos anos?

Thomas Case – Na “Veja” tinha um artigo sobre um cientista [o australiano David Goodall] que suicidou-se aos 104 anos. Ele trabalhou até os 102 anos. Quando ele foi aposentado da universidade, perdeu a vontade de viver. Eu achei sensato. Eu não quero aposentar nunca. Quero trabalhar até o dia de morrer. Esse é o sentido da vida: trabalho, trabalho e vida.

Leia também:

Com ajuda de netos, franquia Vovó Kel fatura R$ 5 milhões em 2 anos

Há 78 anos trabalhando na mesma empresa, Walter Orthmann pode entrar no "Guinness"

Compartilhe com seus amigos