Foi aos 59 anos e ao lado da filha que Janete Costa, atualmente com 63, abriu a Free Soul Food, uma empresa que trabalha com delivery de alimentos saudáveis.

Já madura, aposentada e com a experiência de quem teve duas outras empresas, ela foi realizar o sonho de trabalhar com alimentação saudável, mas também foi viver. Porque a vida, afinal, é isso; movimento e constante aprendizado, algo que ela valoriza e no qual mergulha pra valer.

Vegetariana há 34 anos e tecnóloga em informática, Janete se aposentou aos 53 anos e decidiu ir para a faculdade. Foi estudar teologia.

“Sou absurdamente prática. Quis cursar teologia pra aprender a refletir um pouco”.

Ela concluiu o curso em 2015 e em 2016, depois de dois anos de planejamento, abriu a Free Soul Food, que trabalha apenas com funcionárias mulheres e imigrantes.

Free Soul Food

Equipe do Free Soul Food, formada apenas por mulheres e imigrantes. Crédito: divulgação.

A preferência por mulheres foi uma escolha desde o início do empreendimento, enquanto a questão das imigrantes começou depois que Janete conheceu Domingas, uma africana que vivia em condições análogas à escravidão. Ela ofereceu uma oportunidade e decidiu que esse seria um pilar do negócio.

Praticante do Black Money - movimento em que pessoas negras compram, indicam e usam serviços de outras pessoas negras -, Janete se descobriu uma empreendedora de impacto social e isso tem feito cada vez mais sentido na sua vida.

“Queremos ajudar a desenvolver essas mulheres. Sempre que uma funcionária tem alguma formação e possibilidade de avançar profissionalmente, buscamos impulsioná-las para outras áreas. A própria Domingas trabalha em outra empresa, com um salário muito melhor do que a gente podia pagar na época”.

Na maturidade, os desafios ensinam e estimulam

Empreendendo ao lado da filha de 38 anos, Janete diz que não pensa na questão da idade. Para ela, o importante é executar, pesquisar sobre tudo aquilo que se relaciona com o negócio e enfrentar cada desafio com coragem, bom humor e otimismo.

“Talvez eu não tenha muito juízo. Mas pra mim é interessante, principalmente porque eu faço com a minha filha e temos uma parceria incrível”.

Essa parceria tem sido um sucesso e um constante aprendizado com cada desafio. “O bom é que eu venho de uma família absurdamente livre. A gente não se abala demais com os problemas”.

E é claro que há problemas em um empreendimento. Além daqueles mais corriqueiros, o fato de ser um empreendimento de mulheres negras, às vezes, segundo Janete, é um complicador.

“Tínhamos em mãos um contrato que nos garantia quase R$ 30 mil por mês. Fomos com esse contrato em quatro bancos e não conseguimos o dinheiro para fazer uma reforma. Isso é estranho, né?”

Free Soul Food

Equipe montando cestas inclusivas. Crédito: divulgação.

A primeira vez que conseguiram um empréstimo foi durante a pandemia, no Banco do Povo e, para Janete, isso só aconteceu por causa do momento econômico do país.

A boa notícia é que esse empréstimo a ajudou a fazer algo fundamental: manter o emprego das funcionárias neste momento de tantas incertezas e vulnerabilidades.

“A palavra-chave da Free Soul é respeito. Não era justo simplesmente cortar salários ou mandá-las embora. Então, fomos em busca do empréstimo e conseguimos mantê-las”.

Em um ponto comercial novo e com um novo produto sendo oferecido (uma cesta com alimentos pré-prontos e de fácil preparo), ela se sente recomeçando e cheia de energia para enfrentar o que vier pela frente. E aos 63 anos.

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