Na Dotz, empresa “adolescente” – tem 16 anos – que promove a troca de pontos acumulados em compras por benefícios e prêmios, 70% dos funcionários têm entre 25 e 35 anos de idade. A juventude etária do quadro funcional se reflete em preocupações que também são novas no mercado corporativo, caso da diversidade do perfil dos empregados.

“Queremos ser protagonistas em relação a causas sociais”, afirma o diretor de Gente & Gestão, Fabio Sant’Anna. Assim, no final de 2015, inspirada pelo filme “Um Senhor Estagiário”, com Robert De Niro, que foca conflitos geracionais no ambiente de trabalho, a Dotz lançou o projeto Geração Sênior.

O objetivo era contratar, pelo período de seis meses a um ano, dois profissionais de 55 anos ou mais que agregassem seus conhecimentos às operações cotidianas e “tivessem a capacidade de influenciar decisões, já que transitam com desenvoltura entre os níveis de diretoria da organização por terem formações compatíveis com esse patamar”, define Sant’Anna.

Ao final do processo seletivo, foram escolhidos não dois, mas três veteranos entre os 1.512 inscritos para as vagas. Eles começaram a trabalhar em setembro do ano passado. “Tivemos um grande número de concorrentes muito bem qualificados querendo participar do programa”, diz o diretor. “Que entendem muito de cultura organizacional e têm um bom repertório para relacionar-se politicamente no trabalho, além de uma energia muito semelhante à dos mais jovens.”

Dotz Fabio Sant'Anna, diretor de Gente & Gestão da Dotz; crédito: Na Lata

O currículo dos aprovados, de fato, é invejável. Como o do administrador de empresas Ricardo Namindome, de 58 anos, aposentado há cinco e com 17 de Credicard na bagagem. O momento vivido pela Dotz, de ascensão e entrada em novos mercados, casou com a expertise do executivo em estratégias de expansão. “Quando entrei na Credicard, em 1982, a empresa tinha 600 funcionários”, conta. “Quando saí, eram 6.000.”

Na Dotz, Namindome é consultor na área de parcerias estratégicas. Seu poder de influência já se revelou antes mesmo do início do programa Geração Sênior, no momento de definição do modelo de contratação. “Seríamos a princípio funcionários CLT, mas, como somos aposentados, propus que fôssemos prestadores de serviço como PJs, o que seria uma vantagem para nós e para a empresa”, diz.

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No dia a dia, seu convívio com os mais jovens é bastante descontraído, o que muito se deve a seu constante bom humor. A sintonia ultrapassou o âmbito corporativo. “No período do Carnaval, até saí em bloquinhos com os meninos”, lembra, referindo-se aos colegas mais novos do escritório. “Levei junto meu filho, que tem idade próxima às das deles.”

Nas horas de relação profissional, costuma passar segurança a eles mesmo no momento de enviar um e-mail mais formal de trabalho. “Eles pedem que eu leia para checar se está muito polido”, explica. “Há vezes em que eu mesmo dou o ‘enviar’ da mensagem.”

“Eu me sinto em uma espécie de segunda adolescência com essa sensação de lidar com o novo”

Da turma de veteranos também faz parte o economista Faustino Albano Pereira Junior, de 57 anos, que assumiu o posto de consultor da diretoria de catálogo focado em viagens. Ele atuava como profissional liberal havia quatro anos, e foi seu filho Rodrigo, 24, quem chamou sua atenção para a oportunidade na Dotz.

O gosto da empresa pela inovação foi o que despertou o entusiasmo do economista. “Eu me sinto em uma espécie de segunda adolescência com essa sensação de lidar com o novo”, afirma.

Formado em ciências econômicas, Marcius Berlinck, de 60 anos, também foi convocado para o desafio do Geração Sênior pelo filho caçula, de 18 anos. Tornou-se consultor na área de TI, aquela em que se especializou ao longo da carreira. Segundo ele, “a adrenalina, a vontade e o dinamismo” dos mais jovens são contagiantes.

Para acompanhar todo esse pique com uma idade muito maior que a dos novatos, Berlinck traça um paralelo com o mundo do futebol, do qual fez parte como jogador juvenil do Santos e do Botafogo – uma contusão no joelho o fez abandonar precocemente os gramados.

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“Eu conheço os atalhos do campo”, confabula. Assim, é mais cirúrgico nos movimentos dos projetos de trabalho, sem perder fôlego com ações que já sabe que não vão resultar em um bom passe ou um gol. “Em contrapartida, a convivência com os mais novos me mantém ‘up to date’ com as descobertas em Tecnologia da Informação”, diz.

Para a ala das novas gerações, a chegada dos três veteranos significou o estabelecimento de uma base confiável de consulta para a execução de tarefas. O estagiário de publicidade Rafael Luciano, de 19 anos, conta que pede até dicas de que matérias optativas privilegiar na faculdade a Pereira Junior, que senta em sua frente. “Ele tem muito a me ensinar”, afirma.

A Dotz planeja estender a permanência dos três profissionais sêniores em seu quadro, bem como realizar uma nova edição do projeto.

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