De acordo com o dicionário Houaiss, dona de casa é a mulher que administra a casa, cuidando cotidianamente dos afazeres domésticos. Uma definição bastante simplória, perto da imensa gama de atividades realizadas por essas supermulheres. Cuidar da família, limpar e organizar a casa, cozinhar, fazer compras, cuidar e educar filhos e netos, cuidar das roupas de todos, se dedicar ao esposo, ser compreensiva, levar e buscar filhos e netos na escola, administrar os conflitos internos, estar diariamente de bom humor, bonita e cheirosa, sempre pronta para escutar desabafos e dar bons conselhos.


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Sem remuneração e com quase nenhum reconhecimento, o trabalho de dona de casa dura 24 horas por dia, 365 dias por ano e sem direito a férias. A carga é definida pelo tamanho da família e pela consciência de cada um em ajudar – ou não – nas atividades mais básicas como lavar a própria louça e arrumar a cama ao se levantar.

Em 2014, a convite do programa Mais Você, da apresentadora Ana Maria Braga, o especialista em finanças pessoais Samy Dana realizou uma conta por alto acerca do valor de uma dona de casa. Segundo ele, essas profissionais deveriam receber, por mês, R$ 494 pelo trabalho de faxineira; mais R$ 547 pelo de cozinheira; R$ 98 pelo trabalho de passadeira; R$ 374 como motorista; R$ 500 por ser professora; pelo trabalho como psicóloga, R$ 1.464; e como office boy R$ 28. Ao final, seu salário deveria ser de, aproximadamente, R$ 3.500. Deveria, mas isso ainda está bem longe de se tornar realidade.

Profissão regulamentada desde 1991

Mas para ser considerada uma dona de casa, seria mesmo necessária essa dedicação exclusiva aos afazeres domésticos?

Segundo definição do direito do trabalho e previdenciário, dona de casa é a mulher que, casada ou não, trabalha exclusivamente para a própria família, não exercendo atividade remunerada, ou esta não pode ser considerada habitual e principal.

No Brasil, a profissão de dona de casa é regulamentada desde 1991 pela Lei 8.212, para fins de previdência social. A lei assegura alguns benefícios já garantidos aos demais trabalhadores, como aposentadoria por invalidez, por idade e por tempo de serviço. Para fazer jus a direitos como auxílio-doença, é preciso que a pessoa tenha contribuído com a Previdência Social por pelo menos doze meses. Já para receber o salário-maternidade, são necessários dez meses.

E mesmo trabalhando fora, na maioria dos casos, as mulheres continuam desempenhando o papel de donas de casa, o que caracteriza uma dupla jornada de trabalho diário. O resultado disso é o estresse, o cansaço físico e, em muitos casos, o mau humor.

De acordo com o último Censo do IBGE, a proporção de trabalhadores em ocupações por tempo parcial (até 30 horas semanais) é maior entre mulheres (28,2%) do que entre homens (14,1%). Isso pode estar relacionado à predominância feminina nos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, aos quais as mulheres trabalhadoras dedicavam 73% mais horas do que os homens. A pesquisa também mostra que elas são mais escolarizadas que os homens, seja no conjunto da população, seja no universo do trabalho.

Aos 72 anos de idade, a professora Arilda Meira conta que prefere a vida que leva hoje à anterior, quando ainda estava no mercado de trabalho e tinha que dividir seu tempo com os afazeres domésticos. Após lecionar por 25 anos em escolas públicas do Rio, Arilda se aposentou em 1995, e desde então se dedica exclusivamente ao que gosta.

“Não tenho o menor problema com isso. Quando alguém pergunta a minha profissão, respondo com o peito cheio de orgulho que sou dona de casa”, afirma. Ela conta que naquele tempo, os três filhos ainda eram pequenos e a vida era muito corrida. “Eu não tinha tempo para nada. Trabalhava em duas escolas, chegava em casa e ainda tinha que me dividir em mil para dar conta de tudo”, relembra.

Arilda hoje divide seu tempo entre o jardim de sua casa, em Pedra de Guaratiba, a cozinha e a sala de estar onde se diverte com os três netos. “Hoje, tenho mais tempo para me dedicar ao que eu gosto, como cuidar das minhas plantas, cuidar da casa, assistir a muitos filmes e preparar um bom almoço de domingo”, destaca a professora.

Um estudo publicado pelo Journal of the American College of Cardiology mostra que mulheres correm mais risco que homens de sofrer com problemas cardíacos devido ao estresse, já considerada a epidemia do século pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por isso, separamos algumas dicas para você organizar melhor o seu dia e evitar o estresse.

  • Faça uma lista das atividades fixas que você precisa desenvolver todos os dias;
  • Classifique essas atividades como “muito importante”, “meio importante” e “pouco importante”;
  • Lembre-se de incluir todas as atividades na lista, inclusive as mais óbvias, como refeições para as crianças e abastecer o carro;
  • Avalie o que pode ser delegado para as pessoas e o que precisa ser realizado por você, mais o que precisa ser feito hoje e o que pode ser deixado para amanhã;
  • Convoque uma reunião familiar, peça a opinião de todos e estabeleçam juntos uma lista de responsabilidades, qual o papel de cada um em casa;
  • Identifique móveis, peças e eletrodomésticos não utilizados e avalie a importância de eles permanecerem onde estão. Lembre-se: livre de coisas velhas e sem importância para dar lugar a novas coisas.

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