Nossa sociedade é e sempre foi plural. Com a participação de diversas culturas, etnias, gêneros orientações sexuais, faixas etárias e por aí vai, formamos uma população heterogênea, constituída por uma infinidade de identidades que se cruzam e compõe a nossa coletividade.

Entendendo essa pluralidade em que vivemos, é importante que se tenha o compromisso de oferecer a todos esses grupos representatividade e acesso a espaços e oportunidades. Mas o que isso quer dizer?

Bom, não basta que as pessoas sejam diferentes entre si. Elas precisam exercer seus direitos e liberdade, de forma igualitária, sem que suas diferenças sejam um fator que limite sua vivência em sociedade.

É aí que entram os conceitos de inclusão e diversidade, que apesar de caminharem juntos, representam ideias diferentes. Então, explicando melhor:

  • Diversidade é quando temos pessoas com origens, culturas e vivências diferentes. Esse conjunto de características é o que torna cada indivíduo único;
  • Inclusão é o conceito que valoriza essas características individuais e busca criar ambientes acolhedores para que elas possam ser exercidas.

Nos últimos anos, esses conceitos têm ganhado cada vez mais espaço em diversas áreas, como na política, na participação social e no recrutamento e na seleção de mais e mais empresas pelo país. A importância desse crescimento se reflete não só em um maior acesso a oportunidades, especialmente por grupos mais vulneráveis, como no funcionamento da sociedade como um todo, uma vez que as perspectivas diferentes de pessoas com características únicas é o que nos leva a inovar e evoluir coletivamente.

Como dá para perceber, é um assunto que rende muitas reflexões se pensarmos em cada grupo identitário. Portanto, teremos uma série de textos sobre o assunto, comentando um pouco sobre cada grupo. Este primeiro texto será sobre a participação e inclusão das mulheres na sociedade.

Por que diversidade e mulheres?

Durante séculos, as mulheres tiveram apenas o papel de cuidadora do lar e da família na maioria das sociedades. A participação e representação delas na comunidade é algo recente, que começou a avançar nas últimas décadas.

Diversidade e inclusão: mulher negra sentada em uma bancada em um escritório. Ela usa um tablet para trabalhar enquanto analisa alguns documentos.

Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock

Ainda assim, até os dias de hoje podemos ver situações em que o papel feminino é limitado e subjugado por estruturas sociais machistas. Além de prejudicar a vida, a carreira, a saúde física e mental das mulheres, esse tipo de comportamento excludente afeta os resultados de empresas, índices de desenvolvimento social e pode até mesmo impactar negativamente os homens.

Histórico da participação das mulheres na sociedade

A participação das mulheres na sociedade vem evoluindo gradativamente e com mais força nas últimas décadas. De serem consideradas propriedade dos homens desde a Grécia Antiga, a serem perseguidas e acusadas de bruxaria durante Idade Média e não poderem trabalhar sem autorização dos maridos até meados do século passado. Podemos dizer que o papel da mulher na sociedade evoluiu bastante nos anos recentes, apesar do ritmo lento.

No Brasil, essa evolução também foi demorada. Foi só a partir de 1932 que as mulheres passaram a poder votar em todo o país. O direito a se separar do marido, conhecido como “desquite”, só veio com a constituição de 1934 e a licença maternidade então, só 1943 com uma nova constituição.

Diversidade e inclusão: mulher branca, olhando para a câmera, usa casaco, óculos de proteção e capacete para exercer um trabalho que poderia ser perigoso ao seu bem-estar.

Crédito: Gorodenkoff/Shutterstock

Atualmente, tivemos alguns avanços no campo dos direitos femininos. No entanto, mesmo que esses direitos sejam iguais para mulheres e homens, a desigualdade de gêneros ainda persiste na prática. Elas continuam ganhando menos que eles para exercerem as mesmas funções, por exemplo.

Além disso, durante o período da pandemia, a participação feminina no mercado de trabalho retrocedeu por diversos fatores, como desemprego e necessidade de cuidar da família.

Inclusão no mercado de trabalho

Falando um pouco mais sobre o universo do trabalho, há muito o que discutir e melhorar quando se trata de diversidade e inclusão feminina nas empresas. O primeiro que podemos mencionar é a diferença salarial.

Segundo o IBGE, em 2016 as mulheres chegavam a receber o equivalente a 76,5% dos rendimentos de um homem. Outro dado desanimador: eles são 30% mais promovidos que as mulheres ao longo da carreira, segundo o estudo “Women in the Workplace”, feito pela LeanIn.Org em parceria com a McKinsey.

Essa disparidade entre remunerações ajuda a perpetuar a vulnerabilidade financeira delas.

Além disso, em algumas empresas ou setores a participação feminina é pequena ou quase inexistente. Isso diminui sua voz nas equipes, uma vez que muitas, por estarem em menor número, se inibem ao emitir ideias, críticas e sugestões ou são interrompidas com mais frequência.

Estudos mostram que para essa realidade mudar, o número de mulheres deve representar pelo menos 30% do total do grupo.

Mulheres e outros recortes identitários

Precisamos lembrar também que elas não formam um grupo uniforme, com as mesmas características e oportunidades. Mulheres negras, por exemplo, são expostas a condições de trabalho mais precárias, chegando a receber 57% a menos que um homem branco e 42% a menos que uma mulher branca, segundo o IBGE.

Diversidade e inclusão: mulher negra sentada em frente a uma mesa trabalha escrevendo em um notebook.

Crédito: Vane Nunes/Shutterstock

Outros grupos de profissionais femininas também sofrem com maior vulnerabilidade no trabalho, como o de mulheres 50+, que experimentam o preconceito etário antes dos homens, ou o de mulheres transexuais. De acordo com o levantamento, pelo menos 20% delas não possuem emprego.

Há ainda a questão da maternidade. Uma pesquisa da FGV mostra que metade das brasileiras que se tornam mães são demitidas ou pedem demissão até dois anos após a licença maternidade.

Impactos sociais e econômicos da inclusão da mulher no mercado de trabalho

Como podemos ver, ainda há muito a ser desenvolvido em relação à participação feminina no mercado de trabalho e na sociedade. E o aumento da inclusão e igualdade de gêneros traz uma série de benefícios não só para elas, mas para toda a coletividade.

A independência financeira é um dos principais pontos positivos, acompanhada da educação financeira. Quando elas têm meios de garantir o próprio sustento e construir sua Longevidade Financeira, passam a ter mais autonomia para tomar suas próprias decisões. Assim, ficam menos vulneráveis a outros tipos de violência, especialmente dentro das relações domésticas.

Esses benefícios também se refletem em sua saúde física e mental. Isso porque todo o contexto da desigualdade de gêneros pode trazer estresse, acarretando doenças psicológicas e físicas, ou até mesmo o risco de morte, impactando diretamente na longevidade da população feminina.

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: