Uma das fases mais temidas no recrutamento, a entrevista já derrubou muitos candidatos competentes. Por quê? Pelos motivos mais variados, como vestuário, posição do corpo, respostas evasivas. Especialistas indicam o que pode valorizar o profissional com décadas de experiência no mercado de trabalho – e o que pode ser um sinal de adeus à vaga. 

Como se preparar e quais são as principais perguntas? 

Treinar é fundamental, recomenda a consultora de carreira Andrea Deis. Entender os resultados obtidos durante todos os anos de trabalho, como eles podem agregar à empresa e quais foram os últimos cursos feitos – e como o conteúdo foi aplicado no dia a dia – devem estar na ponta da língua. 

“Além disso, deve estar pronto para responder questões sobre seu futuro num curto prazo. Com mais de 50 anos, quais são suas aspirações? Crescer na empresa? Se aposentar nesse cargo? Desenvolver pessoas? E depois da aposentadoria? Pretende empreender? Todos estes questionamentos têm que ser pensados antes da entrevista de acordo com o que o executivo realmente quer e o que a empresa está buscando”, indica a coach Adriana Gattermayr. 

Na entrevista de emprego, quais são as perguntas que podem derrubar um candidato com mais de 50 anos de idade? Por quê? 

“Não acho que sejam as perguntas que podem derrubar um candidato a uma vaga de emprego, mas sim as respostas”, sinaliza Rosana Daniele Marques, gerente de gestão de pessoas da rede de consultoria e auditoria Crowe Horwath. As que não são convincentes ou demasiadamente objetivas e rasas podem prejudicar. 

As respostas, diz ela, devem ter começo, meio e fim e endossar os pontos relevantes. O profissional tem de se mostrar disponível e com energia para o trabalho.  

Para Adriana, há perguntas clássicas que podem atrapalhar não apenas quem passou dos 50 anos de idade, mas também os mais jovens – as que pedem resultados listados no currículo (e o profissional não tiver dados), as que pedem planos para o futuro (e eles não estiverem claros) e as causas de possíveis demissões ou porquê de a pessoa estar desempregada.  

Ter sido demitido, acrescenta ela, “não é falha no currículo”. “Estamos numa crise e isso aconteceu com muitos e acontece com milhares de trabalhadores todos os dias. O importante é saber dizer qual foi o motivo da demissão e nunca falar mal de chefes ou trabalhos anteriores, por priores ou mais injustos que eles tenham sido”, aconselha. 

Como valorizar a experiência no mercado de trabalho? 

A recomendação de Alessandra Canuto, sócia da AlleaoLado, empresa focada em palestras, treinamentos e consultoria, é perceber o momento e os desafios da empresa contratante. “O candidato pode auxiliar com toda a sua experiência de mercado, pois já passou por um contexto semelhante e tem recursos parecidos, vividos, do que essa empresa precisa.” 

Andrea concorda. Segundo ela, a experiência será muito mais relevante se ela puder se transformar em benefício para o contratante – e isso deve ficar claro nas respostas. “Nada de falar apenas do passado. Ele deve ser o trampolim para explicar o que o profissional fez para construir um legado e como pretende desenvolvê-lo no futuro.” 

Que outros pontos fortes dos mais velhos devem ser destacados? 

É preciso se mostrar dinâmico, atualizado com tecnologias, disponível para aprender coisas novas e com maturidade para lidar no ambiente corporativo, indica Rosana.   

Saber trabalhar com outras gerações também conta pontos. Para isso, uma das maneiras é indicar o que foi aprendido com os mais novos. Dessa forma, destaca Andrea, o candidato valoriza a capacidade de adquirir conhecimento e o bom relacionamento com trabalhadores de todas as idades. 

Quais são as pegadinhas que as pessoas mais velhas costumam cair? 

Depende mais do perfil comportamental do que da idade, explica Alessandra. “Se essa pessoa for muito autoconfiante, pode ser que caia na pegadinha de ser prepotente. Se ela for insegura demais, pode cair na pegadinha de ser pouco competente, ou pouco potente – e isso também pode atrapalhar”, esclarece. 

Quais têm sido as principais falhas na entrevista? 

“Generalizando bastante, profissionais mais experientes tendem a se atualizar menos e isso pode ser um grande ponto negativo na contratação”, destaca a coach Adriana Gattermayr. Andrea orienta a buscar cursos gratuitos na internet – há desde design thinking a conteúdos comportamentais. 

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Como se vestir para a entrevista? 

A apresentação pessoal é a primeira impressão que o recrutador tem do entrevistado, destaca Adriana. “Ela deve ser impecável e adequada ao ambiente em que se pretende entrar.” 

Para Rosana, o profissional deve usar roupas com cores suaves ou neutras (branco, bege, cinza, azul marinho, preto) e com modelagens clássicas (terno, blazer, tailleur, camisa e calça social). Sapatos, esclarece ela, devem ter cor escura. Mulheres devem investir em calçados sem salto ou com salto médio e maquiagem leve. 

Adriana recomenda que mulheres evitem decotes, saias curtas, barriga de fora, tomara que caia, unhas malfeitas e cabelo despenteado. Para os homens, a orientação é esquecer bermudas, chinelos e regatas, mesmo em ambientes informais e despojados.  

Quais são as posturas corporais que devem ser evitadas? 

“Evite olhar para os lados ou fugir do olhar do entrevistador durante uma resposta, tente não ficar debruçado sobre a mesa ou sentado de uma maneira informal na cadeira”, avalia Rosana. 

Andrea dá uma dica: “Acompanhe o ritmo do entrevistador: ele dá a dica de quanto tempo você tem e ajuda a focar o que mais importa nas respostas”. 

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