“Investir em mim mesmo foi a melhor coisa que descobri na vida”. É com entusiasmo que o aposentado Lucas Sabino, 62, conta sobre sua transição entre a carreira no setor de logística, a aposentadoria em 2006 e seu recomeço como funcionário público há quatro anos na área de desenvolvimento social da Prefeitura de Embu das Artes (SP). Depois de se aposentar, Sabino realizou trabalhos na área logística e se dedicou aos estudos para passar em concursos públicos municipais, em Itapecerica da Serra, Taboão da Serra e Embu das Artes (onde ele mora). 

Sem precisar fazer cursinho, ele foi aprovado para trabalhar em sua própria cidade no setor de almoxarifado. “Comprei um jornal de concursos, li do começo ao fim e decidi que prestaria o concurso de Embu das Artes. Como assisto notícias na televisão todo dia e ouço muito rádio, domino conhecimentos gerais e português”, conta ele, que assumiu o cargo aos 56 anos.

concursos públicos

Lucas Sabino, que prestou concurso público depois de se aposentar e hoje trabalha na Prefeitura de Embu das Artes, e sua filha, Leila; Crédito: Arquivo Pessoal

Além de estar antenado ao noticiário nacional, Sabino conta que fez provas anteriores da Prefeitura de Embu das Artes e do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para avaliar seu nível de conhecimento básico e estar pronto para longas horas de prova.

Isso, contudo, não basta para ser um servidor municipal, alerta Lucas: “Vi muita gente perder a oportunidade de assumir um cargo público por não estar com todos os documentos em dia, como o título de eleitor” – veja mais dicas abaixo.

Concursos públicos: 2º semestre promissor

2019 reserva boas oportunidades para quem já se aposentou, como Sabino, ou deseja trocar o emprego na iniciativa privada por um mais estável no setor público. Grande parte dos editais, contudo, deve se concentrar no segundo semestre.

Marco Antonio Araújo Jr., presidente da Anpac (Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos), afirma que um novo governo, independente do partido, sempre tem cautela em relação à abertura de concursos públicos.

 “Na maioria das vezes, o presidente suspende grandes editais e aproveita os primeiros meses do mandato para entender a necessidade dos órgãos. Cargos que foram rapidamente analisados já foram liberados, como o da Polícia Rodoviária Federal. Na esfera executiva, estão previstos concursos para o Banco do Brasil, Receita Federal e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)”, pontua. 


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O presidente Jair Bolsonaro sancionou em janeiro o Orçamento Federal de 2019 com previsão de 48.224 vagas, sendo 4.851 para criação e 43.373 para provimento (preenchimento de cargo). A Anpac, no entanto, ainda não pôde prever a quantidade de editais previstos para o segundo semestre, tampouco se este ano terá mais ou menos concursos que 2018.

O que Araújo Jr. pode adiantar é que a prova de conhecimentos gerais terá ainda mais importância em função das mudanças políticas que o Brasil está vivendo. “É fundamental estar ‘antenado’ com o que acontece no país e no mundo. Os fatos do cotidiano sempre refletem nas questões, e o candidato precisa acompanhar tudo de perto”, afirma.

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Após 17 anos no Japão, Eduardo Okazaki passou em mais de dez concursos públicos; Crédito: Arquivo Pessoal

Rotina de estudos

O engenheiro de produção Eduardo Okazaki, 58, não só está atendo às notícias como não deixa de se atualizar sobre as principais leis brasileiras.  Não à toa, foi aprovado em mais de dez concursos públicos estaduais e federais, entre eles o do Ministério da Fazenda, Tribunal da Justiça, Caixa Econômica Federal e Tribunal Regional Eleitoral — este último onde ele trabalha como técnico, desde 2015.

Eduardo morou no Japão por 17 anos e passou 26 longe das salas de aula. E, mesmo com as dificuldades para se readaptar à língua portuguesa, ele passou com menos de dois anos de cursinho. O segredo? Não desistir. “Estudar sempre, ter disciplina, foco e força de vontade. Quando voltei, decidi mudar de vida. Mudei minha alimentação e sai do sedentarismo.


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Na avaliação de Gabriel Henrique, professor e diretor da escola preparatória Central de Concursos, idade não é empecilho para quem quer estudar para concursos públicos: “Pelo contrário, a maturidade é característica de nossos melhores alunos, os que mais levam a sério a preparação e têm o melhor resultado”.

Segundo o professor, não existe rotina de estudos específica para concurseiros seniores. O profissional deve se dedicar de acordo com suas possibilidades e características pessoais. Deixar de trabalhar para focar nos livros, por exemplo, não é mandatório, garante: “Não é preciso se preocupar com a quantidade de estudo, mas com a qualidade. Uma pesquisa nos revelou que cerca de 80% dos aprovados em concursos públicos realizavam alguma atividade laboral além de estudar”.

7 mandamentos dos aprovados em concursos públicos

  1. Leia todo o edital do concurso;
  2. Mantenha-se atualizado sobre o noticiário nacional e internacional;
  3. Faça as provas anteriores do concurso que vai prestar;
  4. Estude cada dia um pouco do conteúdo indicado no edital;
  5. Participe de grupos de concurseiros na internet para trocar conhecimento;
  6. Respeite o horário das refeições e, principalmente, as horas necessárias de sono;
  7. Reserve um momento para descansar e fazer algo que gosta.

Lei favorece concurseiros seniores

Não há dados que mostrem o índice de aprovação de concurseiros seniores em concursos públicos. Porém, existe um projeto de lei em tramitação no Senado (PLS 60/2009) que prevê cota de 5% das vagas de concursos públicos para pessoas acima de 60 anos.

Mas o Estatuto do Idoso, no artigo 27, estabelece que o primeiro critério de desempate em concurso público deve ser a idade, dando sempre preferência ao candidato mais velho.

O estatuto também veda a fixação de limite máximo de idade como quesito para admissão em um emprego público — exceto em postos que exijam esforço físico, por exemplo.

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