Em 2030, aproximadamente 20% da população brasileira terá mais de 60 anos. O número será equivalente a 40 milhões de habitantes.

Diferentemente dos idosos de outrora, os novos idosos estão bem distantes daquele estereótipo de idoso limitado, frágil e dependente dos filhos. Com o aumento da expectativa de vida e os avanços da medicina, hoje pessoas de ambos os sexos estão vivendo mais e com mais saúde, e por isso não querem passar a velhice em asilos, casas de repouso, nem dependendo de filhos.

Para o gerente do Instituto Mongeral Aegon e especialista em Longevidade Antônio Leitão, essa mudança se deve pela qualidade de vida com que as pessoas têm envelhecido. Ele explica que, mais ativos, os idosos de hoje preferem morar sozinhos em suas próprias residências. E, em caso de limitações físicas, procuram ajuda especializada, em vez de ficarem dependentes dos filhos.

- Estando com a saúde em dia e tendo condições financeiras de se manter, as pessoas preferem continuar tomando suas próprias decisões, agindo para prover suas necessidades. Principalmente quando já têm mais idade e não querem dar satisfação a ninguém - comenta o especialista.

Planejar é preciso!

No livro “70Candles! Women Thriving in Their 8th Decade”, em tradução livre, “Setenta velas: mulheres florescendo em sua oitava década”, as pesquisadoras Jane Giddan e Ellen Cole falam sobre a importância de traçar planos de permanência ou de fuga do ninho, a depender das condições e vontades de cada um.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Jane Giddan explicou que 90% das pessoas nos EUA com mais de 65 anos planejam envelhecer em sua própria casa, mas poucas tomam medidas para isso, como rever a acessibilidade dos cômodos e realizar ajustes necessários. Para ela, um pouco de planejamento pode prolongar a independência e permitir que cada um tome as rédeas de seu próprio envelhecimento.

- Conheço grupos de pessoas mais velhas que moram próximas e dividem um cuidador, conheço amigos que compraram um terreno para construir casas e serem todos vizinhos. As pessoas estão buscando alternativas, até porque casas de repouso para idosos costumam ser ruins ou caríssimos e quase ninguém gosta da ideia de morar com parentes - diz a pesquisadora, que é professora de psiquiatria na Universidade de Toledo.

Leitão lembra que esta mentalidade, aos poucos vem sendo superada, principalmente com o surgimento das Instituições de Longa Permanência para Idosos, as ILPIs. Segundo o especialista, o conceito surgiu para formalizar e regulamentar o serviço de assistência até então prestado a pessoas idosas pelos asilos. Ele explica que as ILPIs vieram para substituir o antigo conceito de asilo.

- O que existiu foi uma regulamentação, uma fiscalização desses serviços por órgãos sanitários e pelo Ministério Público dos estados, saindo exclusivamente da prestação de serviço social para algo mais profissional - destaca Leitão.

Atualmente, o país já conta com 3.500 ILPIs, sendo a grande maioria privada.

O que são ILPIs?

As Instituições de Longa Permanência para Idosos foram criadas por sugestão da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia para substituir o papel dos asilos na rede de assistência social ao idoso.

Segundo definição da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, são instituições governamentais ou não-governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílio coletivo de idosos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania.

Contando com a infraestrutura adequada para atender idosos independentes ou mais dependentes de cuidados, além de serviço completo de hotelaria com seis refeições diárias orientadas por uma nutricionista, as ILPIs também oferecem serviços de lavanderia, acompanhamento médico e enfermagem com cuidados contínuos, terapia ocupacional com atividades diversas, fisioterapia, atendimento psicológico e fonoaudiológico.

Como escolher uma ILPI?

Para Leitão, no caso de o idoso estar lúcido, é muito importante que ele participe do processo de escolha de uma ILPI.

- Ele precisa se sentir bem e à vontade no local, por isso sua opinião é fundamental - explica o especialista.

O segundo ponto a ser observado, segundo o gerente, é a relação custo x benefício, a estrutura do espaço, a localização e a qualificação dos profissionais que trabalham no local.

- Também é importante conversar com outros idosos que morem na ILPI e com seus familiares para saber das experiências de outras pessoas - destaca.

A difícil decisão de procurar uma ILPI

Fábio Gazelato, diretor médico da Cora Residencial Senior, explica que “Cora representa a figura da mulher, que é a principal determinante no processo de institucionalização do idoso. Muitas vezes, a filha, que já vem num processo de profundo esgotamento por ter uma pessoa em casa dependente e com uma alta demanda por cuidado”.

Ele lembra que muitas pessoas chegam até a Cora através de pesquisas na internet, e então marcam uma visita para conhecer o espaço.

- Essa pessoa geralmente é a grande protagonista no processo de institucionalização, quem toma a iniciativa de buscar um lugar que atenda esse momento tão especial na vida dela e, principalmente, na vida do idoso - destaca.

Para muitos, trata-se de um momento muito difícil em que é necessária a construção de um relacionamento. Gazelato aponta o treinamento constante e a qualificação de seus funcionários como um diferencial aos clientes na hora da escolha por um local.

- É preciso ter um objetivo muito claro e entender que muitas das vezes o foco não está apenas na doença, mas também na independência e no bem-estar do idoso - conclui.

Com unidades no Ipiranga, Campo Belo, Chácara Santo Antônio, Higienópolis, Jardins, Tatuapé e Villa Lobos, todas em São Paulo, a Cora Residencial Senior é a primeira rede de ILPIs do Brasil. Segundo o diretor, a ideia é abrir mais 20 unidades até 2020.

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