A campanha de vacina da gripe começou neste ano sob o nevoeiro da Covid-19. Foi antecipada de abril para março. A primeira turma a receber a imunização não é mais formada por crianças e grávidas, mas por idosos e trabalhadores que atuam na linha de frente do atendimento à população.

Em busca de segurança, opções têm sido oferecidas: sistema de drive thru, atendimento em farmácias e visita em domicílio são algumas delas. A meta do Ministério da Saúde e de agentes privados é atingir boa parte da população com mais de 60 anos de idade, grupo que corresponde a 20,8 milhões de pessoas no Brasil.

Mas essa diversidade de locais e de sistemas em meio à pandemia geram dúvidas: quais são eles? O que é melhor para mim? Como me prevenir em cada um? É para ficar em casa ou sair para tomar a vacina? Posso pegar transporte público?

Para responder essas dúvidas, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon consultou a gerontóloga Carla Gutschov, fisioterapeuta do Hospital Santa Paula; Lessandra Michelin, médica infectologista, diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia; Lilian Zaboto, responsável pela Clínica VacinVille e membro da Sociedade Brasileira de Imunologia; e Melissa Palmieri, coordenadora médica de vacinas do Grupo Pardini. Confira, a seguir.

Vacina da gripe: o que você precisa saber

A vacina protege contra o novo coronavírus?

Não. Ela protege contra os três vírus que mais circularam no hemisfério sul em 2019: Influenza A (H1N1), Influenza B e Influenza A (H3N2). Ainda não há nada que proteja da Covid-19.

Por que tomar a vacina da gripe?

O primeiro é para se proteger dos vírus citados acima. A gripe é uma das causas de casos graves e de óbitos por infecção respiratória aqui no Brasil.

Lessandra explica que o influenza é o principal diagnóstico diferencial para o novo coronavírus. Na prática, significa que, como os sintomas são parecidos, a vacina ajuda o profissional de saúde no diagnóstico da doença e no tratamento do paciente.

Outro ponto é que, segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Infectologia, “não tendo influenza circulando fica mais fácil lidar com a Covid-19”. “A gente consegue fazer planejamento de estratégias com mais facilidade.”

Vacinar contra a gripe ou ficar em isolamento?

“A recomendação agora é evitar aglomerações, que levam a um risco de infecção pelo novo coronavírus. Então é importante vacinar, sim, mas se atentando à melhor maneira possível de fazer isso”, pondera Melissa. Quem estiver com sintomas respiratórios não deve se deslocar enquanto não cessarem os sintomas. A orientação é permanecer em isolamento.

Quem não deve tomar a vacina?

Só está contraindicado tomar a vacina quem tem alergia comprovada a proteína da clara de ovo, que está presente na vacina, segundo Lilian. Quem teve febre nas últimas 24 horas e imunodeprimidos também devem evitar. Carla pondera: “quem não deve tomar é quem o médico conversou e aconselhou. É individual”.

Onde tomar a vacina da gripe?

Há opções no serviço público e no privado. No primeiro, é possível encontrar a vacina em UBS (Unidades Básicas de Saúde) – algumas delas, dependendo da cidade, permitem o atendimento no local ou em sistema de drive thru.

Governos estaduais têm feito ainda parcerias com farmácias. Em São Paulo, por exemplo, até 1.000 farmácias ligadas à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) participarão da campanha, a partir do dia 13 de abril.

Ainda no serviço público, algumas localidades oferecem a vacina em estacionamento de shopping, como em Fortaleza (CE), e em clubes esportivos, como na capital paulista. Diversas cidades também têm imunizado idosos contra a gripe em escolas municipais e universidades.

O drive thru tem sido adotado também em clínicas particulares. Para evitar aglomerações em quem vai ser atendido dentro do estabelecimento, elas investem em sistema de senhas ou de pagers, que vibram quando podem ser atendidos, a exemplo da Vacinville. Assim, é possível esperar ao ar livre e distante de outras pessoas durante a espera.

Serviço público, convênios de saúde e clínicas particulares trabalham ainda com vacinação em domicílio. Em Bauru (interior de São Paulo), por exemplo, a prefeitura montou equipes para que todos os idosos sejam atendidos em casa, sem necessidade de ir a uma UBS.

Para conhecer as opções disponíveis em cada cidade, é preciso entrar em contato com a secretaria de saúde do município. Ou buscar nos canais oficiais de cada localidade.

Como escolher onde tomar a vacina da gripe?

Para Melissa, as opções de vacinação em domicílio e drive thru parecem ser as mais seguras porque reduzem o risco de aglomeração. “Neste momento, o ideal é evitar a exposição de pessoas próximas”, explica ela, referindo-se ao risco oferecido pelo novo coronavírus.

Carla sugere uma conversa em família para debater o que é mais adequado, considerando a preferência do idoso. “O isolamento social é fundamental agora, mas vai trazer consequências para o paciente idoso, principalmente a perda da autonomia. É aquele paciente que percebe que todo mundo manda [nele]. Pergunte: o que você prefere?”, ensina a gerontóloga.

Que precauções é preciso tomar em locais fechados, como UBS, escolas e clínicas?

O primeiro passo, ensina Carla, é saber qual é o local mais próximo, perguntar se a vacina está disponível lá, descobrir se as filas estão grandes ou não. Antes de sair de casa, vale dar atenção ao que vai usar. Evitar usar acessórios – brincos, colares, pulseiras, anéis – tem sido uma recomendação médica.

Em relação à UBS, a gerontóloga diz que há horários de pico – em geral, às 8h, às 10h, ao meio-dia, às 14h. “Tente intercalar esse horário”, orienta. Se houver fila, o ideal é perguntar o tempo de espera e a infraestrutura do local. “Está todo mundo se empenhando para dar o melhor, e a comunicação é fundamental.”

No local, é preciso manter o distanciamento mínimo de um metro entre as demais pessoas, fazer a higienização das mãos com álcool gel, não encostar em paredes e objetos e já deixar os documentos separados (documento de identidade e carteira de vacinação). Tem mais: é preciso evitar coçar o nariz e os olhos e não colocar a mão na boca. Se for espirrar, cubra a boca com a parte interna do cotovelo.

A volta para casa também requer cuidados. O primeiro passo é, logo que entrar em casa, lavar bem as mãos e, se estiver com mangas mais curtas, também o antebraço. Depois é preciso tirar a roupa e tentar já separá-la das demais para lavar tão logo for possível. E tomar banho na sequência. Lavar os óculos também faz parte do pacote.

Como ir para o local?

No transporte público, é maior a chance de encontrar mais gente, aumentando a possibilidade de contaminação. “O ideal, se precisar usar, é verificar um horário que não haja pico de deslocamento de pessoas e usar álcool gel se encostar em algum lugar”, recomenda Melissa.

A mesma regra de higiene vale para apps de transporte, como 99 e Uber: use álcool gel para higienizar as mãos.

“Mas a maioria da população tem um posto de saúde no bairro. Use. Pergunte se não tem um posto próximo, uma farmácia próxima. E tente fazer perto da sua moradia”, afirma Carla.

Que precauções é preciso tomar ao ir para o drive thru?

O ideal é irem juntos no mesmo carro apenas os idosos da mesma família, para que não haja o contato com pessoas externas que podem aumentar o risco de contaminação, segundo Melissa. Para Carla, o recomendado é ter, no máximo, três pessoas no veículo – já incluído o motorista nesse número: “O mínimo possível”.

“Tem que ter ventilação”, acrescenta a gerontóloga, sugerindo que os passageiros abram todos os vidros durante o percurso. E usem álcool gel.

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