A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de fazer em larga escala testes para coronavírus esbarra, no Brasil, em um problema. A falta de insumos provenientes de China, Estados Unidos e Europa levou os principais laboratórios públicos e privados do país a restringi-los a apenas casos clínicos considerados graves e com indicação hospitalar.

Atualmente, eles são feitos em pessoas com febre associada a um sintoma respiratório, como tosse ou dificuldade para respirar. Embora já exista transmissão local em alguns estados brasileiros, a suspeita é ainda maior em quem tem histórico de viagem a áreas com transmissão epidêmica ou contato próximo com um caso suspeito ou confirmado.

O Ministério da Saúde, no entanto, anunciou a encomenda de 22,9 milhões de testes para coronavírus, resultado de compras governamentais, parcerias público-privadas e doações. Com isso, o Brasil começará a testar também os casos mais leves de Covid-19, na tentativa de aumentar a velocidade dos diagnósticos.

No último dia 30, 500 mil testes rápidos chegaram ao Brasil e, segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, seriam distribuídos para as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). "É importante ressaltar que nem todo mundo será testado", ressaltou o secretário de vigilância sanitária do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira. 

“Esse teste vai ser fundamental para a gente saber se aquela enfermeira, aquele médico ou o profissional de segurança, que teve uma gripe ou que está com uma gripe, testou positivo para coronavírus. Se sim, vamos tratar de um jeito. Se não, poderá retornar ao trabalho”, esclareceu Mandetta.

Entenda os tipos de testes para coronavírus

Os testes para coronavírus podem levar de minutos, com uma simples picada no dedo para tirar sangue, a até dez dias dias, com uma coleta nas vias respiratórias. A maior parte da rede de saúde opta pelo PCR, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS), o Grupo Fleury (22 hospitais), o laboratório Sabin e o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde foi diagnosticado o primeiro caso no Brasil, em 25 de fevereiro.

“O PCR é mais confiável, pois só serão amplificadas as cópias exatas do vírus. Já no teste rápido pode acontecer o que chamamos de reação cruzada. Isso ocorre quando há positividade pela aglomeração de antígenos [vírus] inespecíficos”, explica Aline Stipp, doutora em microbiologia e professora de medicina da PUC-PR Campus Londrina.

Teste RT-PCR

O teste molecular detecta a presença do RNA (material genético) do vírus em fluidos das pessoas. Para isso, é feita a coleta de amostras das vias respiratórias (muco e saliva), utilizando um instrumento chamado de swab, semelhante a um cotonete. Elas são, então, enviadas para laboratórios, onde ocorre a extração do material genético e a análise. É considerado um método de alto grau de precisão, mas o resultado pode levar vários dias – em São Paulo, 12 mil esperam resultado. Estão sendo usados, segundo o Ministério da Saúde, para diagnosticar casos graves de pacientes internados e em amostragem de casos leves em unidades-sentinela (locais onde já há uma vigilância epidemiológica de casos de doenças respiratórias em crianças e idosos), para monitoramento da pandemia.

Teste rápido

O teste sorológico verifica a presença de anticorpos ou antígenos do vírus (estruturas que o sistema imune cria para combater o vírus): o IgM e o IgG. É feito usando uma gota de sangue em uma pequena plataforma com reagentes e uma linha de marcação. A análise é rápida, em minutos, mas tem limitações: isso porque o corpo demora a produzir anticorpos – por isso deve ser feito após o 7º dia dos sintomas do coronavírus (veja abaixo quais são) – e há risco de falso negativo. De acordo com o Ministério da Saúde, terão como prioridade garantir a segurança e a proteção dos profissionais dos serviços de saúde e segurança.

Como o coronavírus é transmitido

O novo coronavírus e suas formas de transmissão estão em constante investigação. Mas já há conhecimento de que o contágio ocorre de pessoa para pessoa ou pelo contato com secreções contaminadas, como:

  • catarro;
  • contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão;
  • contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos;
  • espirro;
  • gotículas de saliva;
  • tosse.

Principais sintomas do coronavírus

  • febre;
  • tosse seca;
  • fadiga;
  • tosse com catarro espesso;
  • falta de ar;
  • dor articular;
  • dor de cabeça;
  • arrepios;
  • náusea ou vômito;
  • nariz entupido;
  • diarreia;
  • tosse com sangue;
  • olhos inchados.

Como se prevenir do coronavírus

Para evitar o contágio pelo coronavírus e outros tipos de infecções respiratórias, a recomendação é lavar bem as mãos com água e sabão, por cerca de 20 segundos, a cada duas horas. Se não houver água e sabão, é possível usar álcool em gel 70%.

Outras recomendações são:

▪ evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;

▪ evitar contato próximo com pessoas doentes;

▪ cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo;

▪ limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência;

▪ evitar locais com aglomerações.


Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: