Segundo informações divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,5 milhões de pessoas no mundo morrem anualmente em decorrência de doenças cardíacas. Tabagismo, diabetes, sedentarismo, obesidade, hipertensão e estresse são apenas alguns dos vilões que podem colocar em risco sua saúde e causar problemas de coração.
O periódico médico European Heart Journal fez uma edição especial com outros fatores inusitados que também podem desencadear sérios problemas cardíacos — como o uso de descongestionantes nasais. Confira a lista abaixo.
Os vilões ocultos que causam problemas de coração
Descongestionante nasal
O diretor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (SOCERJ), Cláudio Tinoco Mesquita, alerta que o perigo está nos descongestionantes nasais à base de substâncias vasoconstritoras. Esses medicamentos são bastante utilizados por quem sofre com alergias, pois possuem um mecanismo que contrai os vasos sanguíneos dos cornetos e devolve a sensação de alívio às narinas por algumas horas.
No entanto, ele alerta que o uso excessivo pode causar sérios prejuízos à saúde. “Parte dessa substância vasoconstritora pode ser absorvida pela mucosa e cair na corrente sanguínea, causando hipertensão arterial, isquemia e aumento da frequência cardíaca”, garante o especialista.
Só quem participa do grupo de Whatsapp do Instituto de Longevidade recebe os melhores conteúdos informativos. Clique aqui e faça parte!
A Anvisa informa que o tratamento com descongestionantes nasais não deve ultrapassar o período de três dias. Além disso, pacientes com doenças cardiovasculares, problema de tireoide, glaucoma, diabetes, rinite crônica e dificuldade de urinar devido ao aumento do tamanho da glândula da próstata não devem utilizar o medicamento.
Por isso, o Ministério da Saúde aconselha a substituição do descongestionante pelo soro fisiológico, pois ajuda a umidificar o nariz e a remover secreções.
Mudanças de clima
As mudanças de clima também podem causar problemas de coração, aponta a edição especial do jornal europeu. Quando a alteração de temperatura é do frio para o quente, o sangue fica mais espesso.
“O frio, por exemplo, pode aumentar a pressão arterial, elevar o risco de infarto e derrame. Quem já tem problema cardíaco deve evitar ao máximo a exposição aos extremos de temperatura”, afirma Tinoco.
Para evitar o problema, o especialista aconselha a beber bastante água no verão e se agasalhar bem no inverno. É importante também tomar a vacina da gripe, caso você faça parte do público-alvo da campanha (idosos, crianças, gestantes etc.).
Dormir mal
É normal ficar irritado quando não conseguimos fechar os olhos e finalmente relaxar. No entanto, dormir mal vai além de passar uma noite cansado(a). O sono é um momento importante para o reestabelecimento do organismo, garantem os especialistas. Uma boa noite de sono eleva a produção de anticorpos e, consequentemente, fortalece o sistema imunológico.
Quando dormimos, há uma redução tanto da frequência cardíaca como da pressão arterial. É como o nosso sistema cardiovascular repousasse. Esse processo é extremamente importante para a saúde do coração.
“Os adultos têm que dormir no mínimo 8 horas por dia. Pessoas que dormem menos têm tendência a ter diabetes e infarto, por exemplo. Por isso, dormir bem é fundamental”, afirma o diretor da SOCERJ.
Verificar a qualidade do colchão, manter o quarto limpo e organizado, não ver TV ou ler na cama, deixar o celular de lado, evitar consumir alimentos gordurosos, ouvir músicas relaxantes, tomar um chá de camomila antes de dormir são atitudes que podem ajudar a manter a qualidade do sono.
Apneia do sono
A apneia do sono faz com que o coração se esforce mais no momento em que bombeia o sangue para o resto do corpo. A explicação está no fato de que esse distúrbio provoca pausas respiratórias de no mínimo 10 segundos durante o sono. “É como você não relaxasse enquanto dorme”, lembra Tinoco. Dessa maneira, a pressão arterial e a frequência cardíaca aumentam, além dos vasos ficarem mais estreitos em razão da baixa oxigenação no sangue.
À medida que os episódios de apneia vão ficando mais frequentes, mais é exigido do coração nos batimentos cardíacos. Esse fato pode provocar doenças cardiovasculares, como a arritmia cardíaca, problema no qual as batidas do coração acontecem de forma desordenada.
Poluição do ar
De acordo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar contaminado. Devido ao acúmulo de poluentes que são despejados na atmosfera, normalmente sem qualquer controle ambiental, não é difícil encontrar pessoas com problemas respiratórios em grandes centros urbanos. “Se você caminhar 2 horas em São Paulo, por exemplo, é como se tivesse fumado 1 cigarro”, alerta Tinoco.
No entanto, a edição especial do European Heart Journal aponta um outro problema decorrente da poluição do ar: o desenvolvimento de problemas de coração. Isso porque quando respiramos ar poluído, o pulmão recebe menos oxigênio e tem mais dificuldade para realizar a filtração. Dessa forma, o órgão precisa trabalhar mais para suprir essa carência, o que pode ser um problema para quem tem tendência a ter problemas de coração.
Nascer prematuro
O parto prematuro acontece quando o bebê nasce antes de 37 semanas de gestação, fato que pode causar sérios problemas de saúde à criança. Um estudo realizado pela Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos, aponta que a taxa de problemas cardíacos é mais alta nessas pessoas quando comparadas àquelas que nasceram no tempo ideal. Por isso, é essencial que eles sejam acompanhados por uma equipe multidisciplinar de especialistas.
Má higiene bucal
Manter uma boa higiene bucal não previne apenas problemas como cárie, gengivite e mau hálito. Segundo a American Dental Association (ADA), algumas doenças bucais como a periodontite podem causar graves problemas ao coração. Isso porque o desenvolvimento de uma inflamação gengival faz com que as bactérias presentes na boca tenham livre acesso à corrente sanguínea, podendo chegar a outros órgãos, como o coração.
Crédito: Africa Studio/Shutterstock
Outra pesquisa, esta realizada pela Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, descobriu que escovar os dentes pelo menos uma vez ao dia já ajuda a reduzir em 9% o risco de infarto e AVC. “É importante lembrarmos que a boca é uma importante porta de entrada para essa máquina incrível que é o corpo humano”, explica a cirurgiã dentista Maria Luiza Moreira.
Por isso, a especialista em saúde bucal explica que fazer uma boa escovação dos dentes e da língua com o uso de creme dentais e flúor, utilizar fio dental e visitar o dentista, no mínimo, duas vezes por ano são hábitos essenciais para evitar diversas doenças.
