Não há dúvidas que o coronavírus é hoje a grande preocupação global. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, “existem doenças mais perigosas e letais”. Entre as transmissíveis, a influenza (gripe) e a pneumonia são responsáveis pelo maior número de mortes entre os brasileiros (81 mil/ano) – atrás apenas das doenças isquêmicas do coração (114 mil) e das cerebrovasculares (99 mil) –, sendo que 8 em cada 10 das vítimas são idosos.

“Adultos com mais de 65 anos são mais propensos a desenvolver uma série de doenças infecciosas justamente porque já não têm um sistema imunológico tão eficiente”, diz a médica de família Graziela Moreto, diretora da Sobramfa. “A partir dessa idade – e até mesmo antes –, doenças do coração, pulmões e rins, além de diabetes e hipertensão, enfraquecem o organismo e diminuem a capacidade de combater tanto a influenza como a pneumonia e, inclusive, a Covid-19.”

Outro ponto importante, ressalta, é a exposição. “Se, por um lado, alguns ainda saem para trabalhar e garantir a própria sobrevivência – às vezes, até a da família –, por outro, os que ficam em casa geralmente tomam conta de crianças e adolescentes para os pais trabalharem. Ou seja: nossos idosos estão bastante expostos aos vírus – o que aumenta o risco de infecção.”

Entre os idosos, os mais vulneráveis a complicações são alcoólatras, asmáticos, fumantes, pacientes HIV positivo e pessoas que já tiveram infarto do miocárdio ou problemas no baço, além de quem tem Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). A especialista chama a atenção para os principais sintomas da pneumonia: "Como nem sempre são evidentes ou aparecem todos juntos, é importante consultar um médico se apresentar lábios e unhas azuis, o que indica uma queda de oxigênio no sangue, principalmente se essa evidência surgir depois de gripe ou resfriado.”

Quando a pneumonia é contraída no hospital, o quadro pode se tornar ainda mais grave. "O paciente internado geralmente está fazendo uso de diversas medicações e está menos propenso a responder bem aos antibióticos. Além disso, o fato de permanecer deitado favorece o acúmulo de muco nos alvéolos pulmonares. O principal sinal de alerta para a equipe de atendimento é que a pneumonia é uma das infecções que mais resultam em sepse (quando a infecção atinge outros órgãos importantes, com risco aumentado de morte), sendo que os sinais, em geral, incluem queda de pressão, alteração dos batimentos cardíacos e confusão mental”, observa.

Entre os principais cuidados para evitar a doença, Graziela ressalta a importância de um estilo de vida saudável – o que inclui dormir bem e ter uma dieta rica em fontes de ferro, cálcio, vitaminas e proteínas – e reforçar os cuidados com a saúde bucal, por ser uma porta de entrada de infecções. "A vacinação anual contra a gripe oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental para evitar quadros graves de gripe, mas quem tem condições deve tomar também a Prevenar 13, que é uma proteção extra contra pneumonia e meningite causadas por bactérias.”

Além disso, é fundamental ter sempre em mente três medidas: lavar bem as mãos, evitar aglomerações na época de epidemia e tossir ou espirrar na parte interna do braço, evitando que gotículas expelidas contaminem outras pessoas. “Como, apesar da capacidade de alta contaminação, os vírus influenza e Covid-19 são neutralizados com água e sabão, é altamente recomendável estar sempre com as mãos limpas, usando álcool em gel quando não há acesso fácil a um lavatório.”

O que é pneumonia

Pneumonia é uma doença inflamatória aguda que acomete os pulmões e pode ser provocada por bactérias, vírus e fungos ou pela inalação de produtos tóxicos.

Sintomas

As principais manifestações clínicas da pneumonia são: tosse com produção de expectoração; dor torácica, que piora com os movimentos respiratórios; mal-estar geral; falta de ar e febre.

Transmissão

A pneumonia pode ser adquirida por ar, saliva, secreções, transfusão de sangue ou, no inverno, devido a mudanças bruscas de temperatura que comprometem o funcionamento dos pelos do nariz responsáveis pela filtragem do ar aspirado, acarretando maior exposição aos micro-organismos causadores da doença.

Diagnóstico e tratamento

Exame clínico, auscultação dos pulmões e radiografias de tórax são recursos essenciais para o diagnóstico da pneumonia. O tratamento depende do micro-organismo causador da doença. Nas bacterianas, usam-se antibióticos. Na maior parte das vezes, quando a pneumonia é causada por vírus, o tratamento inclui apenas medicamentos para aliviar os sintomas, como febre e dor, podendo ser necessários antivirais nas formas graves da doença. Nas causadas por fungos, utilizam-se medicamentos específicos. É muito importante saber que, se não tratada, a pneumonia pode evoluir para um quadro mais grave, causando até a morte.

Fatores de risco

  • ar condicionado: deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias;
  • resfriados mal cuidados;
  • mudanças bruscas de temperatura;
  • álcool: interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório;
  • fumo: provoca reação inflamatória, que facilita a penetração de agentes infecciosos.

Como se prevenir da pneumonia

As principais formas de prevenir a pneumonia são recomendações simples: evitar aglomerações; lavar as mãos; não fumar e não usar bebidas alcoólicas; e se vacinar.

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