6 questões de saúde que provocam sintomas semelhantes ao ataque cardíaco

Uma forte dor no peito surge de repente. Desconforto, pontadas, pressão e aperto na região do tórax. Logo, a combinação aterrorizante de duas palavras vem à cabeça: ataque cardíaco. Respire fundo. Muitas vezes, a situação não é o que parece. Alguns sintomas, embora assustadores e alarmantes, provavelmente não são sinal de infarto agudo do miocárdio. Há diversas condições que podem provocar indícios bem semelhantes, porém, com riscos e gravidade menores.

Levantamentos realizados em prontos-socorros revelam que na maioria das vezes as dores no peito ou dores torácicas não sinalizam um ataque cardíaco: estatísticas apontam que menos de 6% dos pacientes que chegam no atendimento de emergência com a dor têm realmente um problema cardíaco que ameaça a vida. E quais são essas questões que podem gerar confusão?

1 – Lesões musculoesqueléticas

Você está envolvido em uma atividade tranquila, sem esforço físico excessivo, e de repente uma dor no peito surge. É repentina, rápida, como uma apunhalada. A sensação dura apenas poucos segundos. A boa notícia? Normalmente esse desconforto não é indicativo de um ataque cardíaco, que em grande parte dos casos gera uma dor implacável que permanece por vários minutos.

Essa dor momentânea pode ser resultado de tensões musculares no peito ou intercostais - causa mais comum de dor torácica musculoesquelética. Uma lesão provocada por costelas quebradas, machucadas ou com inflamação na cartilagem, por exemplo. Ou ainda um músculo puxado na parede torácica, sobrecarregado ou dilacerado, que pode gerar dor repentina e aguda nessa área. Embora desconfortável, geralmente, tende a melhorar dentro de dias ou semanas.

Possíveis causas: lesões esportivas por alongamento excessivo, fadiga muscular, movimentos repetitivos ou exagerados, lesões de contato, aquecimento inadequado, levantamento de algo pesado, pouca flexibilidade, giro do tronco além do alcance, má postura crônica, tombo ou tosse severa.

2 – Problemas pulmonares

Se a dor se intensifica a cada respiração profunda ou tosse e mover-se ou mudar de posição parece piorar a situação, é provável que o problema esteja então relacionado ao pulmão. A probabilidade cresce se a dor estiver concentrada no lado direito do peito. Quadros de pneumonia, infecção ou inflamação no revestimento dos pulmões (pleurisia), um coágulo de sangue no local ou até um ataque de asma podem desencadear o sintoma. Entretanto, embora não tenham a urgência de um infarto, são preocupantes o suficiente para justificar uma avaliação médica.

3 - Azia ou questões gastrointestinais 

Uma dor aguda que atinge o peito, causa sensação de ardor ou queimação na região do coração, mas melhora à medida que nos movimentamos, pode ser resultado de azia (refluxo ou indigestão ácida) ou outra questão gastrointestinal envolvendo esôfago, estômago e intestino.

A azia acontece quando o ácido estomacal flui de volta ao esôfago, causando uma sensação desconfortável de queimação ou dor no peito - que pode subir até o pescoço e a garganta. Como o esôfago está localizado próximo ao coração, muitas vezes é difícil reconhecer de onde vem a dor. De modo geral, ocorre pouco tempo depois de uma refeição, quando o indivíduo se deita ou dobra o corpo. Em alguns quadros é acompanhada por um gosto azedo na boca e de uma pequena quantidade de conteúdo estomacal que vem para a parte de trás da garganta.

A confusão pode ser gerada ainda em decorrência de um espasmo muscular no esôfago ou a dor de um ataque da vesícula biliar. Nesse último caso, especialmente após uma refeição gordurosa, o sintoma é seguido por náusea e uma dor intensa e constante na parte superior do abdômen, que pode se deslocar para os ombros, pescoço ou braços. Importante: se não for tratada, a azia tem consequências graves, como inflamação do esôfago, problemas respiratórios, tosse crônica e até mesmo câncer.

4 - Excesso de gases

A dor no peito causada pelo excesso de gases é outra das razões comuns nesta confusão. Encontramos a explicação para isso no processo de digestão. O fato é que os gases estão presentes nos alimentos, são gerados por certos hábitos (como fumar e mascar chicletes), se formam durante a fermentação daquilo que ingerimos ou entram no corpo quando levamos a comida até a boca, momento em que engolimos ar que vai para o estômago e intestino.

Quando esses gases se acumulam, provocam mal estar, desconforto e até a compressão de alguns órgãos. Tudo isso pode ser sentido em forma de dor no peito e cólicas. A questão aqui é razoavelmente fácil de ser resolvida: basta identificar o que provoca o problema.

5 - Ataque de pânico ou crise de ansiedade

Ataques de pânico ou crises de ansiedade podem surgir com sintomas que imitam os de um ataque cardíaco: dor e a sensação de aperto no peito acompanhado de formigamento, tremores, náusea e vertigem, taquicardia, transpiração excessiva e dificuldades para respirar. Porém, alguns indícios ajudam a diferenciar cada um.

6 questões de saúde que provocam sintomas semelhantes ao infarto,

A ansiedade, até certo ponto, é uma reação normal do organismo quando submetido a algum tipo de estresse. Por isso, é importante entender se há gatilho ou alteração emocional. O tempo de duração também pode ser um diferencial: crises de pânico ou ansiedade normalmente têm seu auge entre 10 e, no máximo, 20 minutos. A intensidade da dor é outra forma de diferenciação. No caso de pânico ou ansiedade, ela é muito menor que a do infarto, que, normalmente, irradia para outras áreas e só cessa com medicamento no hospital - não passa mesmo quando a pessoa fica em repouso.

6 - Angina

Você já deve ter ouvido falar em angina quando o tema é dor torácica, certo? Esse é mais um ponto que devemos esclarecer. A angina de peito (ou pectoris) é um sintoma caracterizado por um desconforto na região, que pode remeter a um quadro de infarto ou não. Ambos são processos distintos. A angina pode surgir devido à doença arterial coronária (DAC) ou a partir de uma embolia, vasculite ou dissecção coronariana. Quando não investigada e tratada, tem entre suas possíveis consequências o ataque cardíaco. Portanto, serve como um alerta de que o coração não está sendo oxigenado adequadamente.

Na dúvida, busque atendimento médico imediato

A melhor maneira de confirmar a origem da dor e conseguir um diagnóstico preciso, contudo, é com avaliação médica. E isso vale para todos os pontos acima. A dor no peito é um assunto sério e deve ser

sempre motivo de preocupação, dado o potencial de um infarto. A pior coisa a fazer é ignorar os sinais e esperar que simplesmente desapareçam - acima de tudo se não houver razão óbvia para acontecerem.

Assim como é possível confundir uma crise de ansiedade, gases, azia, angina com um ataque cardíaco, o contrário também pode acontecer. Um indivíduo pode achar que está no meio de uma crise de pânico e minimizar os sintomas, quando na verdade está com um problema cardiovascular sério. E nestes casos o rápido atendimento é indispensável.

Ao dar entrada no pronto-socorro com dores no tórax, qualquer indivíduo deve ser submetido a exames para descartar o ataque cardíaco. A questão é que no caso do infarto quanto mais rápido o socorro médico, menor o tempo para o restabelecimento do fluxo de sangue, assim como os danos ao miocárdio e células do músculo cardíaco, com possibilidade de recuperação completa. As consequências de um infarto não tratado podem ser muito grandes e inclui o risco de morte.

Mas afinal, o que é um ataque cardíaco e por que ocorre?

Um infarto acontece por conta de uma isquemia cardíaca: bloqueio parcial ou total da circulação de sangue no coração devido à formação de coágulos sobre placas de gordura nas artérias coronárias, responsáveis por irrigar o órgão - o que chamamos de doença arterial coronária. O coração é um músculo que precisa do oxigênio e dos nutrientes transportados pelo sangue. Consegue até aguentar a isquemia por alguns minutos, entretanto, caso o quadro não seja revertido, o tecido sofre necrose, ou seja, morre. É por isso que cada segundo conta quando se trata de um ataque cardíaco.

Nem todo mundo sente a mesma coisa

O grau de obstrução das coronárias varia de acordo com cada caso, assim como os sintomas. Obstruções de mais de 70% tem como principal indício a angina, mas, de modo geral, ataques cardíacos podem causar: sensação de falta de ar, fadiga, vertigem, náusea, formigamento, palpitações e transpiração intensa. Em conjunto com esse mal-estar generalizado, além do peito, a dor pode irradiar para mandíbulas, nuca, queixo, braços, ombros e abdômen. O infarto pode levar ainda a um acúmulo de líquido no pulmão e, consequentemente, provocar tosse.

O estado agudo do quadro dura aproximadamente cinco minutos, mas em alguns pacientes se estende por até 20. Os sintomas são crescentes e geralmente pioram de forma gradativa por horas. Vale destacar que, apesar dos sinais descritos, uma a cada cinco pessoas que sofrem um ataque cardíaco têm apenas sintomas leves ou até mesmo nenhum. Isso porque a DAC pode se desenvolver ao longo de anos de forma progressiva e silenciosa, elevando as chances de um ataque fulminante em indivíduos de qualquer idade. Estimativas apontam que apenas 2% dos brasileiros percebem que estão enfartando.

Por isso, é importante sempre estar atento aos fatores de risco passíveis de controle e monitoramento, como histórico pessoal ou familiar de complicações no coração, níveis de estresse, pressão arterial elevada, glicemia e colesterol altos, sobrepeso e obesidade. Somado a isso, podemos mencionar hábitos e um estilo de vida não saudáveis, com má alimentação, sedentarismo, automedicação, poucas horas de sono, tabagismo e excesso de álcool. Muito mais do que buscar ajuda somente quando perceber ou desconfiar de um sinal é preciso dar a devida atenção à saúde do coração todos os dias.

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