A jornalista e apresentadora Fátima Bernardes, 58, revelou, na última quarta-feira (2), em suas redes sociais, ter descoberto um câncer de útero ainda em estágio inicial. O diagnóstico veio durante um exame de rotina.

Leia também: Tipos de câncer mais comuns: veja quais são e saiba como se prevenir

Em sua postagem, Fátima garantiu estar bem e anunciou que se afastará temporariamente do comando do seu programa para realizar uma cirurgia. Durante esse período, ela disse que aproveitará para curtir o aconchego dos filhos, pais, amigos e do companheiro, o deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE).

O programa Encontro, exibido nas manhãs de segunda a sexta pela Rede Globo, seguirá sendo apresentado pela jornalista Patrícia Poeta.

Leia na íntegra:

"Estou bem. Depois de uma série de exames de rotina, hoje recebi o diagnóstico de um câncer de útero em estágio inicial. Vou me afastar por uns dias do trabalho pra fazer a cirurgia. Como sempre usei minhas redes com total franqueza e verdade, preferi eu mesma passar essa informação para todos que me acompanham. Enquanto isso, aproveito o aconchego dos meus pais, filhos, do meu amor e dos amigos próximos. E já agradeço pelo carinho, pelas boas energias de todos aqui. Logo, logo estarei de volta para nossos encontros."

Tipos de câncer de útero

Existem dois tipos de câncer de útero: o câncer de colo de útero (o mais comum) e o câncer de corpo uterino. Ainda não há informações sobre qual tipo foi diagnosticado em Fátima Bernardes.

No mundo, são mais de 570.000 novos casos todos os anos, que causam a morte de mais de 311.000 mulheres. A doença ocorre predominantemente em mulheres não brancas (62.7%) e com baixa escolaridade (62.1%). O sistema público de saúde brasileiro atende 75,32% dos pacientes com câncer. O período entre o diagnóstico e o primeiro tratamento dura mais de 60 dias em 58% dos casos, ocorrendo mortes precoces em 11% delas.

Este ano, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lançou a campanha “Câncer de Colo de Útero: vamos acabar com isso?”, voltada à erradicação do Câncer de Colo de Útero no Brasil. A ação é focada em três pilares: prevenção, por meio da vacina contra o câncer; diagnóstico precoce, por meio de exames preventivos; e tratamento adequado.

Neste sentido, a Febrasgo adotou as metas previstas a serem trabalhadas até 2030, de acordo com a “Estratégia Global para Acelerar a Eliminação do Câncer de Colo do Útero, como um Problema de Saúde Pública”, da OMS. O trabalho também é baseado em três pilares, que vão garantir que:

1) 90% das meninas recebam a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) até os 15 anos de idade;

2) 70% das mulheres realizem um exame de rastreamento com teste efetivo até os 35 e outro até os 45 anos de idade;

3) 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras ou câncer invasivo recebam tratamento.

Contudo, a entidade alerta que a pandemia tem afastado as meninas da vacina, disponível no SUS, e as mulheres mais velhas dos exames de rotina.

“Esse é o único câncer passível de prevenção, contudo isso não vem ocorrendo. Nos últimos 10 anos (2008-2018), o número de óbitos pela doença saltou 33% no país. Considerando o número de vítimas, temos observado, nesse ano de 2020, uma morte a cada 90 min. Ainda para o ano de 2020, são esperados 16.590 novos casos, no Brasil”, informou a federação por meio de nota enviada ao Instituto de Longevidade.

Agnaldo Lopes, presidente da Febrasgo: "Não é aceitável que mulheres ainda morram em decorrência desse tipo de câncer". Crédito: divulgação

Para o ginecologista Agnaldo Lopes, presidente da Febrasgo, é inadmissível que nos dias de hoje ainda haja óbitos por esse tipo de câncer.

"Diferentemente do câncer de mama, que mata em níveis parecidos, o câncer de colo de útero tem claras medidas de prevenção e identificação de lesões pré-cancerosas. Não é aceitável que mulheres ainda morram em decorrência desse tipo de câncer. O Brasil e o mundo têm todo o conhecimento técnico para não permitir que nenhuma mulher morra de câncer de colo de útero", destacou Lopes.

Os cânceres invasivos do colo do útero são, geralmente, tratados com cirurgia ou radioterapia combinada com quimioterapia. A escolha da melhor opção terapêutica depende do estadiamento clínico do tumor, da idade, da história reprodutiva, do estado geral da paciente e das condições disponíveis no serviço de saúde. No Brasil, aproximadamente 80% das mulheres com diagnóstico de doença invasiva estão na fase avançada, fora de condições técnicas de cirurgia, sendo necessárias a radioterapia e a quimioterapia como tratamento, gerando, assim, um enorme custo social e financeiro.

A importância da vacinação

As vacinas para HPV são altamente efetivas e promovem significativa diminuição das infecções e, consequentemente, das lesões neoplásicas do colo do útero. Entretanto, no Brasil, a cobertura da vacinação tem sido abaixo do necessário. As razões das baixas coberturas são, principalmente, as barreiras logísticas de acesso e a falta de educação contínua da população.

Em 2014, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) introduziu a vacina quadrivalente para meninas de 9 a 14 anos em esquema de duas doses com intervalo de seis meses. Em 2017, o programa passou a contemplar também os meninos de 11 a 14 anos, também no esquema de duas doses. Na primeira dose, no primeiro ano de implantação, a cobertura foi de mais de 80%. Na segunda dose, quando o governo retirou o procedimento das escolas e o transferiu para as unidades de saúde, houve queda expressiva das coberturas. Nos anos subsequentes, as coberturas vêm caindo, refletindo o pouco interesse nesse importante momento de pandemia.

Compartilhe com seus amigos

Receba os conteúdos do Instituto de Longevidade em seu e-mail. Inscreva-se: