Estudo publicado na revista científica Lancet aponta que a desigualdade, seja social ou econômica, no Brasil teve maior impacto na disseminação da Covid-19 do que idade ou doenças crônicas. O levantamento foi feito por pesquisadores do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS).

O estudo comparou a disseminação da Covid-19 nos estados brasileiros de fevereiro a outubro de 2020. Eles foram classificados conforme o Índice de Vulnerabilidade Socioeconômica (SVI). Foram avaliadas características individuais, domiciliares e do Índice de Desenvolvimento Humano.

A análise revelou que os estados com alta vulnerabilidade socioeconômica ampliaram suas capacidades hospitalares e publicaram legislação mais rigorosa relacionada à Covid-19. Eles também registraram maiores aumentos na adesão ao distanciamento físico. Porém, isso não foi suficiente para prevenir a mortalidade pela doença de forma mais alta durante a fase inicial da pandemia, em comparação com estados com SVI mais baixo.

“No Brasil, desigualdades socioeconômicas, ao invés de idade, estado de saúde, e outros fatores de risco para a Covid-19, afetaram o curso da pandemia, com uma carga desproporcionalmente adversa em estados e municípios com maior vulnerabilidade socioeconômica”, afirma o artigo.

Desigualdade teve impacto na disseminação da Covid-19 no Brasil, aponta estudo | Foto: Nelson Antoine / ShutterstockDesigualdade teve impacto na disseminação da Covid-19 no Brasil, aponta estudo  | Crédito: Nelson Antoine/shutterstock 

Taxa de morte por Covid-19 foi maior na região Norte, onde há mais desigualdade

Conforme os dados da pesquisa, a taxa de morte por Covid-19 foi maior na região Norte do país. Lá estão alguns dos estados mais vulneráveis. Porém, esses estados não são aqueles que concentram o maior número de pessoas com doenças crônicas relacionadas ao maior risco de complicações pelo novo coronavírus.

A pesquisa demonstrou essa desigualdade, por exemplo, no número de leitos em UTI per capita. A taxa é duas vezes maior na região Sul que na região Norte. O índice vale tanto no setor privado como no Sistema Único de Saúde.

O estudo também concluiu que a resposta de governos locais e o comportamento da população em estados e municípios mais vulneráveis contribuíram para conter os efeitos da pandemia. “Políticas e ações focalizadas são necessárias para proteger aqueles com maior vulnerabilidade socioeconômica. Esta experiência pode ser relevante em outros países de baixa e média renda (LMICs), onde níveis de vulnerabilidade socioeconômica variam muito”, destaca o texto.


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