Qualificação profissional para melhorar o atendimento a pacientes 60+ na rede pública de saúde através de uma série de orientações aos profissionais e gestores da área. Este é o objetivo da campanha “Estratégia Nacional para o Envelhecimento Saudável”, lançada no dia 6 de novembro pelo Ministério da Saúde, em Brasília.

Com base em diretrizes que estão sendo desenvolvidas a partir de consulta pública, a campanha irá reformular o tratamento oferecido a esses pacientes. Diferente do que é realizado tradicionalmente, o foco deixará de ser a doença e passará a abranger um conjunto de outros fatores como quadro clínico, a existência de alguma dificuldade que reduza sua autonomia para atividades cotidianas, as necessidades de adaptação ou supervisão de terceiros, os hábitos alimentares e físicos e o contexto social do paciente. Esse método é chamado de avaliação multidimensional.

Os interessados em participar da consulta pública, que acontece até o próximo dia 23, poderão fazê-lo acessando a página do órgão: portalsaude.saude.gov.br.

“Teremos uma visão mais individualizada, mais direcionada para cada idoso. Teremos equipes multidisciplinares com acompanhamento para ações de promoção, prevenção a doenças, tratamento e reabilitação”, disse o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Francisco Figueiredo, durante anúncio da proposta. Segundo ele, o envelhecimento é um assunto prioritário e deve ser tratado com cuidado, para que seja possível a qualificação profissional para o atendimento integral a essa população.

O atendimento deverá ser feito por meio da Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS, em uma das 41.688 Unidades Básicas de Saúde distribuídas por todo o Brasil. Quando for necessário, o paciente será encaminhado a unidades especializadas.

Para a coordenadora de Saúde da Pessoa Idosa do Ministério da Saúde, Cristina Hoffmann, o envelhecimento saudável é muito mais que a ausência de doença. “A perda das condições físicas e mentais impossibilita o idoso de realizar atividades do seu cotidiano, o que causa sofrimento para ele e para a família. Por isso reafirmamos a importância da qualificação profissional para que os cuidados sejam multidimensionais, organizado por meio de uma linha de cuidado muito mais ampla, considerando diferentes fatores que influenciam na sua condição de saúde”, completou Cristina.

Uma das ações previstas na nova estratégia é a realização de cursos divulgando a nova abordagem no cuidado aos pacientes 60+. Até o momento, 14 mil médicos e técnicos já participaram de atividades de formação, e a perspectiva é que mais 10 mil passem por essa qualificação profissional até 2019.

Quinta maior população 60+ do mundo

O Brasil possui cerca de 29,3 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, ocupando a quinta colocação no ranking mundial. Desse total, 70% são independentes para o autocuidado e 30% têm alguma dificuldade para realizar atividades da vida diária. Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde este ano mostrou que 17,3% têm muita dificuldade com atividades instrumentais, como preparar alimentos, cuidar da casa, se deslocar; e outros 6,8% apresentam dificuldades com atividades básicas, como vestir-se e se alimentar. Atualmente, entre os idosos de 60 a 69 anos, 25,1% têm diabetes, 57,1% foram diagnosticados com hipertensão, além de a maioria estar com excesso de peso (63,5%) e 23,1% com obesidade.

De acordo com as estimativas, em 2030 o número de brasileiros idosos ultrapassará o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e representará 41,5 milhões de pessoas, ou 18,7% da população. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde tem priorizado ações que fortalecem a organização da rede e investido na promoção da saúde, no acesso aos serviços e na qualificação dos profissionais para responder a essa nova realidade.

Compartilhe com seus amigos