Todas as noites são parecidas: são apenas algumas horas de sono, entrecortadas por idas ao banheiro. Dormir por seis horas seguidas é quase um luxo, já que a vontade de fazer xixi interrompe o descanso – e voltar a ele nem sempre é fácil. Reconheceu algum homem com história semelhante? Ela pode ser sinal de hiperplasia prostática benigna (HPB), um aumento benigno da próstata que dificulta a passagem da urina pela uretra.

Até 80% das pessoas do sexo masculino com mais de 50 anos de idade terão esse crescimento benigno da próstata – algo tratado por parte da comunidade médica como uma condição natural do envelhecimento. Em outubro do ano passado, o presidente da República, Michel Temer, foi diagnosticado com HPB. As causas, destaca Tiago Soares Bissonho, urologista da operadora Hapvida Saúde, podem estar ligadas a questões hormonais e genéticas.

O médico explica que os sintomas desse aumento benigno da próstata não se restringem à vontade de urinar. Envolvem desde o armazenamento da urina, passando pelo esvaziamento da bexiga, até os eventos pós-miccionais.

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No primeiro grupo estão, além das já citadas idas ao banheiro durante a noite, ter vontade de urinar e não conseguir chegar a tempo ao sanitário, fazer xixi mais de oito vezes por dia e apresentar vazamento de uma pequena quantidade de urina, causado pelo transbordamento da bexiga – também chamado de incontinência por transbordamento.

Já os ligados ao esvaziamento da bexiga incluem a hesitância, em que o primeiro jato de urina demora a sair; a intermitência, que consiste em interrupções na micção; a diminuição na impulsão da urina; e o gotejamento involuntário no fim da micção. Os pós-miccionais abrangem ter esvaziamento incompleto e gotejamento após urinar.

Além de investigar com o paciente quais são os sintomas, o médico também pode pedir exames para o diagnóstico da hiperplasia prostática benigna. Toque retal, ultrassom, estudos do fluxo de urina e cistocopia (análise do interior da bexiga) são os principais. O PSA, usado para rastreamento de câncer de próstata, não está na lista, esclarece Bissonho.

Tratamento do aumento benigno da próstata 

O urologista explica que, na maioria dos casos, os remédios apresentam resultado. “Os tratamentos medicamentosos para HPB consistem nos inibidores da 5 Alfa-redutase, que atuam diminuindo o tamanho da próstata, e os Antagonistas Alfa-adrenérgicos, que atuam no relaxamento da musculatura interna da próstata, promovendo o melhor esvaziamento da bexiga”, explica.

Se for necessário, é possível recorrer à cirurgia. Bissonho diz que há dois tipos – o transuretral endoscópico e a aberta.  O primeiro é feito pela uretra, em próstatas entre 30 g e 75 g. Passando dessa gramatura, a indicação é a cirurgia aberta.

O médico afirma que o aumento benigno da próstata não causa disfunção erétil. “Contudo, os tratamentos medicamentoso e o cirúrgico podem ocasionar disfunção erétil, diminuição da libido e distúrbios de ejaculação”, sinaliza o especialista.

Deixar o tratamento para lá, no entanto, não é a melhor política. “Como complicações da hiperplasia prostática benigna não tratada, podemos citar retenção urinária aguda e consequente uso de sonda; infecção urinária; cálculos de bexiga; sangramento na urina; descompensação vesical – quando a bexiga para de funcionar e é preciso uma sonda para esvaziá-la –; dilatação dos rins; e insuficiência renal”, lista o médico.

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