Primeiro foi a glicose, agora é a vez do colesterol. Para prevenir doenças do coração, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, seguindo uma recomendação mundial, diminuiu as taxas de referência indicadas nos exames de sangue. A principal mudança é no nível considerado seguro de LDL, o chamado colesterol ruim, e atinge principalmente pacientes com risco cardíaco elevado.

Embora muitas pessoas achem o colesterol uma substância maléfica, ele é um tipo de lipídio primordial para o funcionamento do corpo humano, utilizado para produzir vários hormônios, vitamina D e ácidos biliares que ajudam na digestão das gorduras, explica Abrahão Cury, cardiologista do Hospital do Coração (HCor). Isso porque cerca de 70% do colesterol é fabricado pelo nosso próprio organismo, no fígado, enquanto que os outros 30% vêm da dieta.

Mas, primeiro, é preciso entender que existem dois tipos de colesterol:

HDL, O BONZINHO

Chamado de “colesterol bom”, o papel do HDL é remover o excesso de colesterol dos tecidos, levando-o para o fígado. Estudos sugerem que um indivíduo que apresente concentrações elevadas de HDL está mais protegido contra infarto do miocárdio.

Ele age como um protetor evitando doenças cardíacas e aterosclerose, que é a formação de placas de gordura que diminuem o fluxo sanguíneo e forçam o coração a trabalhar cada vez mais intensamente, causando danos cardiovasculares graves.

Parâmetros recomendados:

Como era – desejável acima de 60 mg /DL

Como ficou – desejável acima de 40 mg/DL

LDL, O VILÃO

Conhecido como “colesterol ruim”, o LDL transporta o colesterol e um pouco de triglicerídeos do fígado e do intestino para os tecidos.

Quanto em excesso, pode se depositar nas paredes das artérias, que são os vasos que levam sangue para os órgãos e tecidos, determinando um processo conhecido com arteriosclerose. Se esse depósito ocorre nas artérias coronárias, pode ocorrer angina (dor no peito) e infarto do miocárdio. Se ocorre nas artérias cerebrais, pode provocar Acidente Vascular Cerebral (derrame).

Parâmetros recomendados

Como era – pessoas com risco cardíaco alto devem ficar abaixo de 70 mg/DL

Como ficou – pessoas com risco cardíaco muito alto devem ficar abaixo de 50 mg/DL

A decisão de mudar os parâmetros, observa Cury, “é baseada em estudos observacionais que comprovam que pacientes com taxas mais elevadas de colesterol desenvolvem mais frequentemente doenças cardiovasculares”. Por isso “é inquestionável que haja um controle mais rigoroso de quem já teve derrame ou infarto, além de fatores de risco, como diabetes, hipertensão arterial e antecedentes familiares”.

A prevenção de doenças cardiovasculares passa, necessariamente, por uma vida saudável. Banir o sedentarismo, praticando regularmente atividades físicas; evitar alimentos ricos em colesterol – bacon, carne de frango com pele, carne vermelha, creme de leite, embutidos, manteiga, nata e frituras –; e não fumar ajudam a manter os níveis controlados. “O colesterol não é único vilão”, lembra Cury.

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