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O uso da robótica para ajudar idosos a viverem com independência em casa por mais tempo é uma ideia que surgiu no Japão na década de 1980. O envelhecimento da população crescia rapidamente, e não havia número suficiente de jovens para atuar como cuidadores. Trinta anos mais tarde, os países ocidentais percebem que robôs podem ser uma solução possível para ajudar cidadãos mais velhos a ter uma vida autônoma.

Naturalmente, a primeira reação do idoso e de seus parentes é avaliar que um robô jamais substituiria o contato humano, mas o custo de assistência de uma pessoa 24 horas por dia é muito significativo – tanto para famílias quanto para a sociedade. Sem mencionar que passar o dia com uma ou muitas pessoas pode ser antiprivativo ou intrusivo para alguns.

Portanto, o robô deve ser visto como uma reserva para os cuidados quando o idoso não pode (ou não quer) ter assistência humana. Apesar dos progressos – e do progresso que virá –, especialistas em robótica estão muito longe se serem capazes de oferecer os mesmos serviços de um ser humano.

Após diversas discussões com idosos, gerontologistas e cuidadores, foram identificados três domínios em que os robôs poderiam ajudar: segurança, socialização e tarefas diárias.

“O robô também pode ser uma ferramenta útil para manter a ligação social entre o idoso e seus familiares”

A segurança é provavelmente a característica mais importante que justifique o uso de robôs como um “gerontecnologista”. Por meio de sua mobilidade, ele pode sempre manter um sensor na pessoa, mesmo quando ela se move de uma sala para outra. Ele pode, então, ajudá-la a andar, evitar e detectar quedas. Passando tempo ao lado da pessoa, o robô pode monitorar aspectos incomuns de comportamento. Também pode lembrá-la de tomar medicamentos.

O robô também pode ser uma ferramenta útil para manter a ligação social entre o idoso e seus familiares. Pode lembrar a pessoa de diferentes compromissos com médicos ou família, sinalizar quando a pessoa passou vários dias sem falar com ninguém e propor chamar alguém para uma conversa. Ele pode estimular capacidades cognitivas, propondo jogos ou participando de um diálogo simples.

O terceiro e mais natural uso do robô doméstico diz respeito a tarefas físicas diárias. Ele pode buscar um objeto em outro quarto e ajudar a pessoa a se arrumar, carregando o espelho trazendo roupas. Se for humanoide, pode agir como um treinador e demonstrar exercícios.

Apesar dessas utilizações significativas, os idosos que conhecemos não se entusiasmaram muito em ter um robô como companheiro – um pedaço frio de plástico e metal não era exatamente o sonho de consumo deles. Assim, para além das capacidades funcionais oferecidas por robôs, havia um aspecto importante a considerar: a aceitação de tal assistência tecnológica.

“O que as pessoas precisam é de uma ferramenta eficiente, acessível e segura, e não um caro protótipo de laboratório, que só demonstra funcionalidades”

O que geralmente fez com que os entrevistados mudassem de opinião foi ver o robô. O pequeno Nao é um humanoide de 58 centímetros de altura com olhos grandes em uma simpática cabeça redonda. Branco com algumas peças coloridas, ele não se assemelha nem um pouco à imagem cinza e metálica que as pessoas têm em mente. Assim que o veem, querem saber mais e falar com ele – elas adoram isso. Elas agora concebem o robô como um potencial dispositivo para utilização em casa.

No entanto, são numerosos os desafios tecnológicos para implementar todos os recursos bastante simples descritos acima. Além disso, o que as pessoas precisam é de uma ferramenta eficiente, acessível e segura, e não um caro protótipo de laboratório, que só demonstra funcionalidades. Mais do que nunca, a colaboração entre acadêmicos e indústria é necessária.

Ao introduzir o seu robô Pepper em 7.000 casas no Japão, a Aldebaran demonstrou que o humanoide pode ser considerado um produto de consumo, principalmente para entretenimento. Temos agora que provar que ele pode se tornar uma ferramenta útil para ajudar idosos a terem mais autonomia.

Sobre o autor

Rodolphe Gelin é diretor-científico e de pesquisa da Aldebaran Robotics. Anteriormente, trabalhou por 20 anos na Comissão de Energia Atômica francesa, à frente de robótica, realidade virtual e um programa de cognição. Tem uma vasta experiência de coordenação de projetos financiados pela União Europeia e outros colaborativos em pesquisa e desenvolvimento. Encabeçou vários projetos na Aldebaran, mais notavelmente o projeto colaborativo National Romeo (2009-2012), que visou o desenvolvimento de um humanoide alto para ajudar idosos. Romeo reuniu 12 parceiros acadêmicos e industriais, com um orçamento de € 10 milhões.

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