Escadaria de rua, semáforos para pedestres que dão pouco tempo para travessia, calçadas esburacadas. São elementos das cidades que, no dia a dia, passam despercebidos. Mas se tornam obstáculos para quem é adepto do parkour.

Essa técnica de treinamento desenvolvida nos anos 80 na França busca a interação com o espaço sob um novo prisma. Em vídeos de internet e em alguns pontos de grandes metrópoles, é possível ver jovens escalando prédios, dando saltos mortais e realizando piruetas. Mas essa interação com a arquitetura não diz respeito apenas a manobras radicais.

“É uma percepção de como se relacionar com a cidade, uma dança com o espaço”, descreve o instrutor Jerônimo Bittencourt, sinalizando que não se trata de esporte. “Usamos a arquitetura para trabalhar o corpo.”

O parkour – que deriva do termo parcours du combatant (pista de obstáculos) – não objetiva o ganho de tônus muscular. “É conseguir ter mais autonomia”, explica. E completa: “Tudo isso conhecendo seus limites e os vendo de outra maneira”.

Aulas de parkour são oferecidas a pessoas com mais de 60 anos em São Paulo; Crédito: Jerônimo Bittencourt

Bittencourt pratica parkour há 12 anos, por influência do tio. Virou adepto, montou turmas para ensinar a técnica e abriu espaço para pessoas com mais de 60 anos de idade. “O idoso não vai aprender a sair correndo, mas posso ensinar a olhar para o carro e ter posicionamento do corpo para ser visto.”

Além disso, a atividade resgata habilidades naturais como reflexo, equilíbrio e impulsão. No dia a dia, diz ele, a prática ajuda a não apenas ter mais conhecimento sobre o corpo, mas também a ter concentração e foco.

Segundo ele, os exercícios sugeridos para pessoas de 3 anos de idade ou de 90 anos de idade são os mesmos. Os percursos traçados para as aulas na cidade de São Paulo são realizados no metrô e em praças, por exemplo.

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