O que você come quando acorda? Essa resposta pode revelar mais sobre sua saúde do que você imagina. Não tomar café da manhã aumenta o risco de aterosclerose, uma formação de placas de gordura nas artérias que obstrui o fluxo sanguíneo e pode levar a enfarte e derrame.

Essa é a conclusão de um estudo com 4.052 pessoas entre 40 e 54 anos de idade, publicado no periódico científico “Journal of the American College of Cardiology”. Foram identificados três padrões de consumo de café da manhã: 27% tinham uma refeição farta; 70% ingeriam entre 5% e 20% das calorias diárias, e 3% se alimentavam com menos de 5% das calorias do dia. O último grupo apresentou mais gordura nas artérias do que os demais.

Quem passava as primeiras horas quase sem comer também tinha maior diâmetro na cintura, maior índice de massa corporal, pressão arterial mais alta, mais lipídios no sangue e níveis mais altos de glicose em jejum.

Tomar café da manhã faz ainda mais pelo bem-estar, esclarece a geriatra Patrícia Alarcom. Durante o sono, o organismo trabalha em metabolismo mais baixo. A refeição matinal repõe as energias gastas nesse período e prepara o corpo para as atividades do dia, fazendo com haja melhor desempenho cognitivo e de funções fisiológicas. A falta de alimentos, segundo ela, pode provocar doenças imunológicas, anemia, cansaço e baixo rendimento intelectual.

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Não tomar café da manhã também pode desequilibrar os hormônios relacionados à fome à saciedade, acrescenta a endocrinologista e clínica-geral Juliana Garcia. “Nosso corpo tem um ciclo biológico que muda a produção hormonal ao longo do dia, o que chamamos de ciclo circadiano hormonal. Durante a noite, nosso metabolismo está se preparando para o descanso, desacelerando. O excesso de calorias durante o período da noite e da madrugada pode facilitar o acúmulo de gordura e o ganho de peso, o que pode piorar o perfil endócrino-metabólico e os fatores para aumento do risco cardiovascular”, sinaliza.

A endocrinologista explica que, sem horários fixos para as refeições, na correria do dia a dia, as pessoas correm o risco de fazer escolhas menos saudáveis em relação à qualidade e à quantidade de comida. Assim, acabam “consumindo excesso de calorias e alimentos de baixo valor nutricional”.

Como começar

Mas – e existe uma grande ressalva em tudo isso –, se a ideia é mudar o padrão, “ele tem de ser balanceado”, afirma Patrícia. “O tipo de alimento dependerá da individualidade de cada pessoa, comorbidades, peso, resposta metabólica”, indica Juliana.

De forma geral, diz a e endocrinologista, “uma fruta, uma fonte de proteína e fibras tornam o café da manhã saudável”. “Quanto mais saudável, mais natural e mais colorido, melhor vai ser seu dia em termos de disposição e de melhora intelectual e motora”, acrescenta Patrícia. Ambas recomendam começar a refeição com um copo de água.

Nunca é tarde para adotar hábitos saudáveis – mesmo depois dos 50 anos – e não tomar café da manhã pode virar hábito do passado. O ideal é acrescentar alimentos aos poucos, conforme a preferência de paladar. Para Juliana, “é importante estabelecer uma rotina alimentar o quanto antes e respeitar a sua individualidade quanto à fome e ao perfil metabólico”. E finaliza: “o café da manhã pode ser leve, não precisa ser farto”.

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