Quem nunca sentiu vontade de beliscar alguma coisa entre as refeições e recorreu a uma tranqueira para aliviar a ansiedade, mesmo com a barriga cheia? Abriu a porta da geladeira sem saber o que comer, mas com disposição para atacar alguma gostosura? O hábito, que aparenta ser inofensivo, pode trazer sérios riscos à saúde, principalmente após os 50 anos de idade.
A artesã Lucia Rocha, 54 anos, tinha o costume de provar os pratos e as sobremesas enquanto cozinhava. O que ela não imaginava é que beliscar durante o dia, entre outros fatores, contribuísse para que tivesse um infarto em 2010.
Recuperada, Lucia também passou a produzir e vender sorvetes caseiros para aumentar a renda. Hoje, contudo, garante não saborear o gelado da forma como fazia antes: "para adoçar a vida". "Aprendi a avaliar minha alimentação para cuidar da saúde. Como mais frutas e faço sopas de legumes com frequência", afirma ela.
Leia mais: Alimentação saudável: o que colocar (e tirar) do prato
O estresse é o principal motivo que leva as pessoas – entre elas, Lucia – a beliscar durante o dia. Após os 60 anos, a carência nutricional também pode fazer com que a busca por alimentos entre as refeições seja mais frequente.
"Para saciar o desejo de comer, vale cortar legumes e cogumelos e armazená-los na geladeira. Eles são fáceis de digerir e ricos em proteína e fibras", sugere Julia Gouvea, médica especialista em envelhecimento saudável.
As frutas também são ricas em nutrientes, mas contêm açúcar e, por isso, não devem ser oferecidas a pessoas diabéticas ou consumidas em excesso. "Elas ajudam muito a saciar a ansiedade porque são doces, mas também podem ser substituídas por nozes e abóbora."
Uma dica básica para parar de comer "tranqueiras" no dia a dia é evitar comprar o que não pode ser consumido. "Se tivermos na geladeira um bolo que gostamos, por exemplo, inevitavelmente vamos comer em um momento de nervoso ou tensão", descreve a médica.
Regra das três horas
Saber o que comer e com intervalo de três em três horas continua sendo regra básica entre os nutricionistas. "O ideal também é planejar as refeições de acordo com o horário dos remédios”, diz a nutricionista Bernadete Bonfim, mas sempre obedecendo esses espaços de três horas.
Tão ruim quanto beliscar comida, é pular refeições, alerta Bernadete. "A troca de um almoço por um copo de leite ou uma fruta nunca é equivalente em termos nutricionais. Esses itens podem ser deixados para um lanche da tarde."
Leia mais: Estudo revela os alimentos viciantes
Em geral, uma pessoa acima dos 50 anos deve ingerir 1.600 calorias por dia. No entanto, segundo Julia, esse número geralmente não passa de 1.000. "Com as mudanças fisiológicas da idade, há queda de apetite e risco de carência nutricional", alerta a médica.
Para que a alimentação seja o combustível para uma vida saudável, sal, açúcar e produtos industrializados devem ser evitados ao máximo. "Muitos hábitos são postergados na juventude, mas após os 50, é impossível fugir da atividade física e da reeducação alimentar", conclui Julia.
Saiba o que comer quando quiser beliscar e o que contêm esses alimentos
Cogumelos: proteína, fósforo, ferro e cálcio.
Legumes fatiados: a maioria tem vitaminas A, B e C.
Nozes: ômega 3, vitamina C e zinco.
Pepino em pedaços: vitamina K, carotenoides e fibras.
Abóbora cortada: cálcio, sódio, potássio fósforo e ferro.
Ovo cozido: vitaminas A, B, D e E, ferro, zinco, fósforo e potássio.
Frutas (consumo moderado porque tem açúcar): vitaminas e fibras.
Salgadinho de soja (consumo moderado porque tem hormônio): cálcio, fósforo e magnésio.
