Sabe aquele pão quentinho que o padeiro acabou de tirar do forno, gordo e com a casquinha bem crocante? E aquela massa leve e macia que você abre com todo o carinho e que lentamente vai se transformando em uma deliciosa macarronada ou pizza? Você pode nem desconfiar, mas o grande responsável pela leveza dessas delícias é um vilão que vem sendo severamente combatido em todo o mundo: querem cortar o glúten.

Longe de ser um carboidrato, o glúten surge da combinação de dois grupos de proteínas: a glutenina e a gliadina, encontradas nos grãos do trigo, da cevada e do centeio. Por consequência, é encontrado em todos os alimentos feitos à base desses grãos, como pães, pizza, biscoitos, bolos, cerveja, uísque e qualquer massa que leve farinha de trigo.


Demonizado pelos defensores de uma alimentação saudável que querem aboli-lo das dietas, o glúten, na verdade, está longe de ser um vilão e sua carência no organismo pode trazer alguns problemas à saúde. É o que explica a nutricionista pós-graduada em Materno infantil e Obesidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro Cátia Buscatti. Segundo ela, os cereais integrais são responsáveis pelo bom funcionamento do intestino e, consequentemente, equilíbrio do metabolismo.

“Cortar o glúten da dieta pode causar um desequilíbrio no organismo. Além do que, o fato dos alimentos serem livres de glúten não significa que são menos calóricos”, destaca a nutricionista.

Na opinião dela, não existe um nível de consumo aceitável ou mesmo recomendável de glúten. O importante é manter uma alimentação equilibrada com todos os grupos alimentares, em quantidades adequadas e dando preferência aos cereais integrais. Ao contrário, alimentos que contém glúten trazem benefícios para a saúde, controlando a glicemia e as taxas de colesterol e triglicerídeos, aumentando da absorção de vitaminas e minerais e melhorando a flora intestinal.

"As pessoas se privam de cereais integrais e acabam se expondo a outras complicações para a saúde, como a constipação intestinal e desequilíbrios nas taxas de gorduras e açúcar no sangue"

O glúten só é vilão para pessoas portadoras de doença celíaca, problema que acomete 1% da população mundial e que causa uma intolerância permanente a essa proteína. “Não existe benefício para pessoas não portadoras de doença celíaca”, comenta. “Ao contrário, as pessoas se privam de cereais integrais e acabam se expondo a outras complicações para a saúde, como a constipação intestinal [prisão de ventre] e desequilíbrios nas taxas de gorduras e açúcar no sangue”.

O glúten no organismo dos 50+

Mesmo para pessoas com mais idade, o consumo de glúten pode ser mantido, desde que com equilíbrio e porções apropriadas à faixa etária, priorizando o consumo de alimentos integrais, que contêm maior quantidade de fibras, vitaminas e minerais.

“Uma vez que o organismo reduz o gasto energético, a taxa de metabolismo basal, após os 50 anos, devemos ter atenção com a adequação do consumo de calorias” explica. “Cortar o glúten da dieta é desnecessário para pessoas que não têm intolerância a essa proteína. Elas podem consumir o trigo e os demais alimentos que contêm glúten de forma balanceada”.

“Cortar o glúten da dieta, somente com a orientação de um médico especialista”, reforça a nutricionista.

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