É verdade que o envelhecimento tende a trazer alterações na visão, mas dá para tentar retardar o surgimento de problemas como a degeneração macular relacionada à idade, uma das principais queixas oftalmológicas na terceira idade.

Esse distúrbio deixa a visão embaçada, distorcida ou com mancha na região central, decorrente da degeneração da parte central da retina, a mácula.

Segundo a oftalmologista Marcela Cypel, coautora do livro "Oftalmogeriatria'' (editora Roca), a predominância das alterações de visão muda conforme a faixa etária. Entre os sexagenários, existe uma frequência maior de catarata (perda da transparência do cristalino, cuja opacidade causa visão embaçada), que é curável.

A partir dos 75 anos, a degeneração macular relacionada à idade, um problema controlável, assume a primeira posição. Já o glaucoma (lesão do nervo óptico que pode provocar perda de campo visual periférico e cegueira) aparece com maior frequência a partir dos 40 anos.

A principal prevenção é ter um envelhecimento ativo, o que inclui uma rotina de exercícios e boa alimentação, diz a especialista, que é filiada ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

As mesmas atividades física e boa nutrição que são importantes para o coração, os ossos e a depressão, entre outras coisas, têm atuação benéfica direta nos tecidos do olho.

Parte dos processos degenerativos ocorre por falha na oxigenação e na nutrição de tecidos importantes do olho. A atividade física melhora a oxigenação desses tecidos. E uma alimentação equilibrada e saudável vai suprir o organismo de nutrientes importantes para o metabolismo desses órgãos.

Folhas verdes escuras (couve, espinafre, brócolis e escarola), por exemplo, são ricas em luteína e zeaxantina, substâncias que aparecem em grande concentração na mácula (estrutura situada na região central da retina).

O betacaroteno (presente na cenoura e na gema do ovo), ômega 3 (salmão, atum, sardinha, sementes de chia e de linhaça, oleaginosas), vitamina A (presente em frutas e legumes como laranja, manga, abóbora, entre outros) e vitamina D (cuja produção pelo organismo é estimulada pela exposição solar) são também nutrientes importantes, segundo Marcela.
No campo da prevenção, João Alberto Holanda de Freitas, ex-presidente da

Sociedade Brasileira de Oftalmologia, indica uma consulta anual com o oftalmologista para avaliação completa, principalmente para medir a pressão do olho e verificar o estado do cristalino e do fundo de olho. Marcela enfatiza a importância dessa checagem e diz que a visita ao médico não deve ocorrer só quando o idoso sentir necessidade de trocar os óculos.

Segundo Freitas, também é importante fazer um bom controle da pressão arterial e da diabetes. "A boa saúde ocular depende também do estado clínico do paciente."

"A falta da visão expõe o idoso ao isolamento, a quedas, à depressão. Interfere nas atividades de forma impactante. A visão é importante como veículo de comunicação, para manter a vida social do idoso, para atividades de lazer, para manter a independência", afirma Marcela.

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