Enquanto Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) disputam ano a ano quem faz o maior e o melhor São João do mundo, em outras cidades é a regionalidade que toma conta das festas juninas. Em Corumbá (MS), imagens de São João são banhadas no rio Paraguai; em São Luís (MA) e em Bragança (PA), é o bumba-meu-boi quem comanda a festa, às vezes trazendo cordões de pássaros como coadjuvantes.

Depois do Carnaval, as celebrações em homenagem a Santo Antônio, São Pedro e São João movimentam o calendário a partir de maio e tem seu ápice no mês de junho, algumas encerrando nos primeiros dias de agosto. Do total de 1.000 eventos cadastrados no Calendário Nacional de Eventos do Ministério do Turismo, 54 são dedicados à festa que combina religiosidade popular, comidas e danças típicas.

Embarque em três roteiros diferenciados e conheça um pouco mais sobre a cultura popular.

Bumba-meu-boi 

festas juninas Na capital, São Luís, as festividades duram 20 dias, de 14 de junho a 2 de julho; crédito: Arquivo/SECAP

Quem manda no São João no Maranhão é o bumba-meu-boi, um culto popular de origem europeia que, ao chegar ao Brasil, se misturou com as festas africanas. A brincadeira tem vários “sotaques”, como os ritmos são chamados no Estado: matraca, orquestra, zabumba e tantos outros.

Reconhecido Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o bumba, mais que uma forma de expressão, é uma celebração aos santos juninos, ao ciclo vital e ao boi. O animal, em torno do qual gravitam outras personagens, nasce, vive, morre e é oferecido aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal, como um elo que estabelece a relação do devoto com o sagrado.

Na capital, São Luís, as festividades duram 20 dias, de 14 de junho a 2 de julho. Além de exibições diárias de danças regionais nos quatro arraiais _ praças Nauro Machado e Maria Aragão, Ipem e Vila Palmeira _, no Barracão, às sextas e aos sábados, das 18h à 1h, se apresentam os principais grupos de forró pé de serra da cidade. No dia 30, sobem ao palco Luan Santana e Marília Mendonça. Página da prefeitura da cidade: www.saoluis.ma.gov.br

festas juninas Ao som do xote, bois-bumbás, quadrilhas, grupos musicais e cordões de pássaros se apresentam por 4 dias em Bragança; Crédito: Prefeitura de Bragança

Em Bragança (PA), ao som do xote nas rabecas, bois-bumbá, quadrilhas e grupos musicais se apresentam nos quatro dias de festejo, de 8 a 11 de junho. Mas são os cordões de pássaros que apresentam o espetáculo mais singular da festa, uma estranha mistura de novela, burleta e teatro de revista. A parte principal da estória é a cena em que se tenta matar a tiros o pássaro, que ora é o bicho de estimação da princesa, ora é o príncipe encantado que a boa fada ressuscita. No enredo, há ainda fidalgos vestidos à moda do século XVI e índios.

Saiba mais no site da prefeitura de Bragança: www.braganca.pa.gov.br

Arraial do Banho

festas juninas Legenda: Andores com imagens de São João chegam às margens do rio Paraguai, em Corumbá; Crédito: Kleverton Velasques/Prefeitura de Corumbá

Em Corumbá (MS), 92 festeiros fazem o Arraial do Banho. São pessoas que, por alguma bênção recebida, afinidade com o santo ou promessa a pagar, promovem festas católicas, do candomblé ou da umbanda dedicadas a São João Batista ou a Xangô. Eles abrem os quintais de suas casas ou fecham ruas inteiras, com muita música e comidas juninas.

Nos dias 21, 22 e 23 de junho, os andores decorados desfilam pela cidade ao som do hino de São João, tocado por pequenos grupos de sopro e percussão em ritmo carnavalesco. Quando alcançam o alto da Ladeira Cunha e Cruz, no Centro Histórico, são anunciados pelo locutor da festa, saudados pelo público e celebrados com rojões.

A descida da ladeira do Porto Geral se transforma num ritual secular, que inclui passar embaixo dos enfeites por sete vezes, para conseguir um casamento; caminhar descalço; e banhar dezenas de imagens conduzidas pelas famílias até as margens do rio Paraguai.

O evento já se tornou Patrimônio Imaterial Cultural de Mato Grosso do Sul e está em tramitação processo no Iphan para tombá-lo também como Patrimônio Imaterial Cultural Nacional. Para outras informações, acesse: www.corumba.ms.gov.br

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