Ele conversa diariamente para saber como o paciente está se sentindo, monitora a saúde emocional e passa informações aos médicos e à equipe de saúde. Apesar de realizar algumas das funções de um cuidador, estamos falando de Pepper, um robô cuidador de idosos de 1,21 metro de altura que oferece alguns tipos de cuidados.

A invenção da empresa japonesa SoftBank Robotics custa 15 mil libras, o equivalente a R$ 57.760, e está em implementação em uma instituição de longa permanência em Southend-on-Sea, na Inglaterra. Lá, o robozinho patrulha a residência com a ajuda de quatro microfones e três câmeras com software de reconhecimento, capaz de identificar tons de voz e expressões faciais.

Os resultados de suas análises ajudam a montar um cenário de como o indivíduo se sente. A partir daí, ele consegue reagir e conversar seguindo sua interpretação sobre o paciente. A ideia inicial, no entanto, não é a de que ele apenas interaja com cada um dos residentes, mas que principalmente seja usado no envolvimento da comunidade e em atividades de memória.

No vídeo abaixo, a companhia explica que o humanoide não foi criado para substituir pessoas – uma das principais preocupações da comunidade em Southend-on-Sea. E que Pepper está em constante desenvolvimento.

Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, Sharon Houlden, diretora de cuidados sociais para adultos em Southend, diz ter recebido feedback dos funcionários e reconhece que há um debate em torno do papel do robô cuidador de idosos. Mas, na avaliação dela, Pepper será capaz de liberar a equipe de algumas tarefas, para que seja possível aos humanos fazer um trabalho mais direcionado.

A opinião da diretora inglesa vai ao encontro da opinião da cuidadora brasileira Elizabeth Machado, 45 anos. Para ela, o uso de máquinas pode ser uma boa ideia, mas é preciso separar quais são as funções que eles conseguem realizar daquelas que só um ser humano é capaz. “O idoso precisa do calor humano, e o robô não proporciona isso”, explica.

Outro ponto contra o humanoide são as necessidades afetivas, já que ele não tem a mesma sensibilidade de alguém de carne e osso, argumenta ela. O que não significa que a tecnologia seja descartável. Para Elizabeth, seria útil aproveitar os diagnósticos do robô e combiná-los com o conhecimento dos profissionais.

Robô-cuidador

Há, contudo, quem rejeite a ideia de ser cuidado por alguém de metal e parafusos. É o caso de José Paulo, 61 anos, que diz não se imaginar trocando um cuidador de carne e osso por um equipamento eletrônico. “O velhinho precisa ter outro ser humano por perto, alguém que dê amizade, que dê calor”, pondera. E questiona: “Qual é a diferença entre conversar com um robô e assistir à televisão? Acho que não tem muita não”.

Alzira Botelho, 76 anos, tem a mesma opinião. Afirma que não substituiria o carinho e a conversa de uma pessoa pelo toque frio de um humanoide. “Ele não tem sentimentos, só informações.”

Em contrapartida, há quem já esteja apreciando a companhia de um robô cuidador de idosos, como a mãe, de 84 anos, de Phil Webster, gestor no conselho municipal de Southend-on-Sea. Pepper foi parar na casa dele durante a fase de programação – antes de ser encaminhado à instituição de longa permanência.

Ao “The Guardian” o executivo afirmou que a mãe adora a companhia do humanoide. “Ela bate papo e joga com ele. Foi estranho ver minha mãe interagir com algo de alta tecnologia, mas ela simpatizou com ele imediatamente”, disse.

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