Novas tecnologias de pagamento e transferência, como é o caso do PIX, mudaram a forma do brasileiro pagar contas. De acordo com o anúncio do Banco Central, no dia 13 de dezembro de 2021, 50,3 milhões de transações, entre transferências e pagamentos na modalidade PIX, foram realizadas em 24 horas. Dentro desse cenário de métodos cada vez mais tecnológicos, como ficam os boletos?

No mesmo mês, em 2021, o PIX bateu outro recorde. No dia 20, foram 51,9 milhões de operações. A modalidade foi considerada, pelo BC, o sistema de pagamentos com adesão mais rápida no mundo.

O pagamento em PIX pode ser feito em diversos tipos de quitação de contas. Luz, internet, telefone. Espaço que era naturalmente ocupado pelos boletos. De acordo com os especialistas em finanças, entretanto, o desuso dos boletos ainda irá demorar um pouco para acontecer.

Boletos irão deixar de existir?

Segundo Danilo Ferraz, ainda existe um certo “conflito de gerações”. Mesmo que haja grupos mais adaptados às novas tecnologias, ainda existem aqueles que resistem às novas formas de pagamento.

Danilo é empresário e investidor, embaixador da XP Investimentos e fundador do Instituto Futuro Para Todos, dedicado à democratização da Educação Financeira em periferias brasileiras. Ele acredita que:

“Embora a pandemia tenha acelerado o processo de digitalização de diversos serviços, ainda existe uma parcela da sociedade que prefere utilizar boletos – seja pela falta de intimidade com as tecnologias, seja por sentir mais confiança com os métodos tradicionais. Com isso, os boletos tendem a ser menos utilizados pelas gerações mais novas, mas ainda deve demorar para que saiam totalmente de circulação.”

Para o educador financeiro, sócio fundador da Nortear Educação Financeira e diretor executivo da APOEF (Associação de Profissionais Orientadores e Educadores em Finanças), Clayton Schnepper, o PIX certamente se tornará uma modalidade predominante. Mas o desuso dos boletos não será imediato. Possivelmente acontecerá em cerca de 10 a 15 anos.

Clayton reforça que a população sofre de um certo grau de analfabetismo tecnológico. Isso faz com que muitos tenham resistência ao uso de novas tecnologias. Esse comportamento não é novo, como comenta o especialista:

“Quando algumas instituições bancárias internacionais começaram a comprar bancos brasileiros e se instalarem no Brasil, alguns bancos, para diminuir custos, chegaram a obrigando as pessoas a utilizar o caixa eletrônico para fazer os seus procedimentos. Isso a quase 18 anos atrás. E a gente viu, naquela época, uma resistência. Até mesmo porque a gente tem um analfabetismo tecnológico da nossa população.”

Por isso, é natural acreditar que grupos sociais ainda irão dar preferência para métodos tradicionais.
Um homem pagando uma conta com PIX, usado CR code. Imagem para ilustrar a matéria sobre boletos.

Crédito: shisu_ka/shutterstock

O futuro será cada vez mais digital?

De acordo com Danilo, a tecnologia é uma via de mão única, que dificilmente retrocede. Criptomoedas e PIX já são exemplos de que estamos vivendo a digitalização dos meios de pagamento. Ele ainda completa que:

“Com a chegada das fintechs (bancos digitais e serviços financeiros baseados em tecnologia), os bancos tradicionais perceberam que deveriam dar mais atenção à experiência do cliente, algo que, historicamente, não era uma prioridade das grandes instituições financeiras.”

Com isso, os bancos precisam ser mais competitivos e investir um setor tecnológico robusto. O que, segundo o investidor, é uma forma de facilitar a vida do cliente e centralize serviços em uma mesma plataforma.

Para Clayton, no entanto, mesmo que haja uma tendência de digitalização, sempre vai existir um pequeno percentual que ainda resiste, mesmo que seja por falta de conhecimento das ferramentas tecnológicas.

“Uma preocupação que deveríamos ter é de estar preparando as pessoas para estarem cada vez mais inteiradas com as novidades. Uma coisa que temos que pensar mais do que a implantação de novos meios é como ensinar as pessoas a utilizarem.”

PIX ou boletos: o que é mais seguro?

Para os especialistas, a resposta é unânime: ambos são seguros, porém golpes podem acontecer em qualquer situação.

Clayton diz que “o risco, muitas vezes, está atrelado à forma em que a utilizamos e também à falta de informação que as pessoas têm na utilização desses recursos. Ambos são muito seguros. A grande diferença está no preparo das pessoas para utilizar esses métodos”.

Danilo ainda reforça que “golpes podem ser aplicados com PIX ou criptomoedas, da mesma forma que eram aplicados com boletos fraudulentos e, antes disso, com notas falsas.” Segundo o especialista, os métodos de pagamento já são validados e bem difundidos. A cautela, logo, deve sempre fazer parte da vida do cidadão. Como forma de proteção, ele sugere os seguintes cuidados:

“No caso de boletos: verificar a procedência do boleto e se certificar de que está realizando o pagamento em uma agência bancária autorizada. No caso de PIX: verificar todas as informações e ter atenção no momento da transação, já que a instantaneidade da operação pode dificultar o estorno de transferências erradas.”


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