Reduzir o ritmo sexual é algo bem previsível com o avanço da idade – algo, inclusive, comprovado pela ciência. Mas se a menor frequência é esperada e compreendida, outros comportamentos podem indicar algum problema, como sentir aversão sexual.

Ter repulsa pelo ato sexual pode significar, por exemplo, que a pessoa tenha sofrido algum trauma, mesmo que não se dê conta da experiência negativa, ou esteja passando por mudanças hormonais do organismo, segundo Celma Coji, psicóloga e terapeuta quântica do Sistema Bioluz, de São Paulo. "Pode acontecer uma falta de libido, porque a pessoa passou por algum choque ou enfrentou um trauma ou viveu algum tipo de abuso. Assim, começa a dizer que tem aversão sexual", assinala a especialista.

As mudanças hormonais, principalmente nas mulheres, também podem estar por trás de uma falsa percepção de aversão sexual. Ganho de peso, alterações no corpo e mesmo alterações bruscas de humor – sintomas comuns da menopausa – vêm acompanhados de receios e vergonhas. "É o medo de não ser mais atraente, de estar sem lubrificação. Aí não quer que o marido ou companheiro chegue perto e interpreta a situação como aversão sexual", avalia.


Experimento busca entender aversão sexual

Essa falta de excitação sexual, seja por motivos físicos, seja por questões psicológicas, está diretamente relacionada à sensação de nojo, segundo pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda. Em um estudo com 90 mulheres, publicado no periódico científico Plos One, eles demonstraram que quem está excitado tem menos repulsa a diversas situações.

Para isso, separaram as voluntárias em três grupos. Cada um assistiu a um filme de 35 minutos, entre pornô, de aventura e de cenários numa viagem de trem.

Depois, foi pedido a elas que realizassem alguns experimentos, como tirar um papel higiênico usado do cesto de lixo e devolvê-lo depois, segurar uma bandagem usada anteriormente em um ferimento por 5 segundos, tomar um suco com um inseto dentro do copo e tocar em uma camisinha usada. Tudo, claro, preparado para o teste – o inseto era de plástico e as demais peças haviam sido preparadas com materiais como tinta e lubrificante.

O grupo com maior excitação sexual, que assistiu ao filme pornô, classificou os estímulos como menos repugnantes em comparação aos demais grupos. Elas realizaram mais tarefas comportamentais, relacionadas a sexo ou não, do que as outras voluntárias.

Segundo os autores, a descoberta ajuda a entender o engajamento em uma “atividade sexual prazerosa”. “Além disso, esses achados sugerem que a baixa excitação sexual pode ser uma característica fundamental na manutenção de determinadas disfunções sexuais”, relataram no artigo.


Como tratar a aversão sexual?

Para resolver o problema, é indicado procurar um especialista. Pode ser desde ginecologistas até psicólogos, sexólogos ou terapeutas que possam avaliar o quadro e apontar a melhor maneira de tratá-lo.

"O profissional pode ajudar a superar esse novo momento, essa nova fase, que inclui uma mudança hormonal muito grande, ou identificar eventuais traumas", diz a psicóloga. O importante é conseguiu devolver a confiança à pessoa e mostrar que existe muito mais para ser aproveitado.

"Pessoas com 50 anos ou mais vivem um momento mágico, em que poderia existir uma troca linda de amor, afeto e carinho. Podem até ter atividade sexual em menor quantidade, mas com muito mais qualidade, durante muitos anos. Tem gente com 80 anos tendo uma vida sexual bonita, mesmo que seja uma vez por mês, porque entendem que a sexualidade, a libido, faz parte da vida", conclui Celma.


Leia também

Sexo faz bem para a memória de quem tem mais de 50 anos

‘As pessoas se desconectam da sexualidade’, diz especialista em sexo na maturidade

Compartilhe com seus amigos