O olho no olho deixou de ter exclusividade no capítulo inicial de lindas histórias de amor. Outro cenário vem sendo pano de fundo para relacionamentos há tempos: a internet. Assim, é cada vez mais comum casais se encontrando – e até se apaixonando – virtualmente. E isso também vale para a turma de maiores de 50 anos de idade.

Segundo o último levantamento do Match Group LatAm (detentor das marcas ParPerfeito, Divino Amor, G Encontros, Single Parent Meet, OurTime e Femme), a maior parte das 5.200 pessoas ouvidas na pesquisa têm entre 50 e 59 anos. Além disso, o OurTime, voltado para essa faixa etária, foi o que mais cresceu entre os produtos.

A seguir, quatro casais contam suas experiências e provam que a alma gêmea pode estar a apenas uma tela.

O encontro virtual que já dura 16 anos

Foi no site de relacionamentos Comovai que Sandra Maria Penna William, a Zuzu, 58 anos, e o marido, Cristiano William, o Billy, 66 anos, se conheceram há quase duas décadas.  À época, uma amiga fez o perfil dela, já que o acesso à internet não era tão popular.

Na sala de bate-papo, Billy puxou assunto. O perfil dele – então um engenheiro que embarcava em plataformas de petróleo, motociclista, careca e com um imponente bigode – chamou a atenção dela, que era vendedora e fã de motos.

O convite para um chope nos primeiros dias de janeiro de 2003 só confirmou o entrosamento virtual. "Ele me buscou no shopping em que eu trabalhava e, quando o vi, me deu um frio na barriga. Parecia que eu já o conhecia!", lembra-se. Uma semana depois, os dois se reencontraram na praia e, desde então, não se separaram mais.

amor pela internet

Tanto Zuzu como Billy conheceram outras pessoas através do site, anteriormente, mas nada de interessante – e até meio esquisito, nas palavras deles. Zuzu, que havia casado com o primeiro namorado, achou que seria complicado encontrar um novo amor, já que os perfis nem sempre traziam informações verdadeiras. Já Billy lembra que muita gente incluía imagens antigas nos perfis. "Era até engraçado chegar num encontro e não reconhecer a pessoa, porque a foto era de dez anos atrás", ri.

O casamento só aconteceu em julho de 2011, mas eles moraram juntos antes disso. A história dos dois é recheada de coincidências, incluindo o signo (Sagitário) em comum e até os mesmos lugares que frequentavam no passado.

Além da parceria, o relacionamento permitiu que Billy vivesse uma experiência nova. "Só tive uma filha, que faleceu no nascimento, no primeiro casamento. Aí eu ganhei duas filhas – as filhas de Zuzu – e estamos até hoje como uma grande família", finaliza.

Um aceno no Messenger que virou namoro

Tanto a fonoaudióloga Claudia Cotes, 51 anos, quanto o modelo Carlos Eduardo Mormanno, 55 anos, usam as redes sociais como ferramenta de trabalho e entretenimento. Algum tempo atrás, um aceno de um lado e um "oi, tudo bem?" de outro, no serviço de mensagens do Facebook, foi o pontapé para o relacionamento recente entre os dois.

O papo via Messenger foi tão bom e as afinidades, tantas, que logo eles resolveram se encontrar – e não se desgrudaram mais. O esporte, paixão em comum – ela é maratonista; ele, surfista – foi o primeiro elo entre os dois. O bom humor e a leveza no papo, também, além de outras coincidências.

No primeiro encontro ao vivo, tanto ela como ele vestiram camisetas com referência à holandesa Amsterdam. Além disso, ambos têm irmãos chamados Paulo Rogério – o de Claudia faleceu há 15 anos e ela o considera seu anjo da guarda.

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O Messenger foi o meio que aproximou os namorados, mas os dois já haviam utilizado aplicativos de encontro anteriormente, sem boas experiências. "Só gostei de usar no exterior, o que me ajudou a praticar o inglês, e perceber que as pessoas se comportam de forma diferente – lá fora, se interessam pelo outro, pelo ser humano. Aqui, no Brasil, achei muito ruim, porque eu era quase um objeto, sabe? Muitas vezes me senti desrespeitada", revela Claudia, que foi casada duas vezes e tem dois filhos, do segundo casamento.

Apesar disso, ela acredita que a tecnologia seja excelente para aproximar pessoas. "Os aplicativos de relacionamento podem ser ótimos para conhecer gente. O grande problema é o que as pessoas fazem dessa comunicação", avalia.

Para Carlos, a tecnologia facilita muito os processos. "Você pode estar no aconchego do seu lar e, ali, manter um primeiro contato com as pessoas. Como eu não gosto muito de sair à noite, prefiro o dia, sou do esporte, e a tecnologia ajudou bastante", diz ele, que foi casado por mais de dez anos.

"Independentemente de aplicativo, de internet ou não, a gente tem que acreditar no amor, porque é o que a gente coloca dentro da nossa cabeça que movimenta a nossa vida, que faz as pessoas certas chegarem para gente, no momento certo", defende Claudia.

Imagem de São Francisco despertou o interesse

O empresário Francisco de Lima Araújo, 51 anos, involuntariamente, conseguiu a atenção da assessora de imprensa Renata Rebesco, 50 anos, no Tinder, por um motivo específico: uma imagem de São Francisco de Assis em seu perfil. "Sou devota do santo e me deu um estalo. Pensei: ‘Deixa eu clicar e ver o que acontece’", lembra-se ela, sobre a aproximação virtual que ocorreu há aproximadamente dois anos.

Ela já utilizava o aplicativo há algum tempo e tinha conhecido outras pessoas por meio da internet. "Como não tenho muito tempo, pois tenho uma empresa, acabo me limitando para sair. Quando sobrava um tempinho, entrava para bater papo, conhecer outras pessoas", lembra-se.

Meio mês de conversas no Tinder e no WhatsApp bastou para render o café frente à frente. Foi nesse mesmo dia, aliás, que Francisco perguntou à Renata se tinha alguma chance. Cerca de um ano e meio depois, eles passaram a morar juntos e agora pensam em oficializar a relação.


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"O uso de aplicativos é superválido, porque, sem ele, a gente com certeza não ia se encontrar. Minha rotina é corrida, a dele também e, teoricamente, morava distante de mim [ele era de Fortaleza, mas estava residindo em São Paulo] e a gente acabou se conhecendo por conta do Tinder mesmo", conta  Renata.

Prudência, entretanto, é regra para ela. "Você tem que ter cuidados, selecionar as pessoas e se preservar nesse tipo de exposição. Mas é óbvio que existe uma possibilidade muito grande de você conhecer pessoas interessantes", avalia.

Francisco, que se diz avesso a todo tipo de app, reconhece que o Tinder foi bastante útil. "Não gosto de usar aplicativos. Usei porque uma pessoa me indicou. Funcionou, pois conheci essa pessoa com quem quero me casar!", diz.

Era só conversa, virou casamento

A professora Adriana Emerich de Agostini, 50 anos, tinha acabado de se separar e queria bater papo. "Precisava de alguém para conversar", lembra-se. Fez um perfil na rede social Badoo, onde se deparou com a fotografia do segurança Silvio Carlos de Agostini, 49 anos.

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Logo, veio um "oi" dele. As mensagens se prolongaram por um mês, até que migraram para o WhatsApp. Mais um tempo depois, veio o primeiro encontro, em um baile na cidade em que Silvio morava – ele era de Piratininga; e ela, de Bariri. O início do namoro foi nessa mesma noite, em 21 de fevereiro de 2015, e o casamento aconteceu em julho de 2017.

Adriana, que já havia sido casada por 25 anos, revela ter ficado um pouco receosa em usar a rede social. Quando sentiu que Silvio estava realmente interessado, levou a sério o relacionamento. "Tem muita gente com intenção de conhecer alguém, mas também tem aqueles que gostam de se aproveitar e fazer coisas erradas", pondera ela.

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