Você já deve ter visto essa cena: pais estressados, fazendo mágica na agenda para tentar acompanhar as lições dos filhos, levá-los à escola ou entretê-los no meio da tarde. Outra situação bastante comum: aposentados buscando alternativas para aumentar a renda e encontrar algo que tenha significado em suas vidas. A combinação desses dois cenários fez surgir um serviço diferente na Rússia: o de avós de aluguel.

Na prática, pessoas mais velhas são contratadas por hora para tomar conta de crianças. Podem fazer parte do pacote, por exemplo, ajudar a meninada com as tarefas escolares e levar ou buscar de compromissos – como aulas ou consultas médicas. Mas, mais do que um serviço de babá, o Avós por Uma Hora – plataforma russa que reúne diversos aposentados – busca promover encontros intergeracionais que beneficiem tanto os mais novos quanto os mais velhos.

A iniciativa, que já está em operação em Moscou, tem apoio do governo, da Agência Russa para Iniciativas Estratégicas e do Fundo de Desenvolvimento de Iniciativas de Internet. Por lá, é tradição avós cuidarem dos netos e, dada a necessidade de complementação de renda, o serviço de avós de aluguel tem ganhado escala.

A cofundadora da plataforma Natalia Linkova explicou ao portal RBTH que a ideia surgiu durante sua tese de doutorado, enquanto pesquisava como a interação ocupacional e intergeracional influencia as funções cognitivas de pessoas mais velhas. “É muito importante que elas se sintam úteis e capazes de ajudar. Além disso, não rejeitam uma renda extra”, disse.

Leia também: Relação com netos reduz casos de depressão e Alzheimer em avós

Com uma média de preço de 250 rublos (R$ 12) por hora (o período mínimo é de três horas), o serviço trabalha atualmente com mais de 1.500 vovós e vovôs cadastrados. O site mantém fotos dos aposentados e parte do questionário ao qual são submetidos para que possam fazer parte da plataforma.

O Avós por Uma Hora tem ainda sua própria escola, onde treina os vovôs e vovós a se comunicar com pais e crianças, a reagir a situações de conflito, a prestar primeiros socorros, a garantir a segurança da meninada fora de casa e a entreter. São dois dias de treinamento – e a plataforma assegura que os clientes são direcionados logo após a capacitação.

No Brasil, também já há um movimento de avós de aluguel, segundo a psicóloga Lívia Marques, especializada em gestão de pessoas. Ela destaca que a maioria é formada por mulheres aposentadas com bom nível de conhecimento. “São pessoas que buscam estudar mais sobre a infância e conhecer a família”, avalia. E completa: “É um empreendimento, não um trabalho voluntário”.

“Essa enorme parcela da população quer fazer algo diferente do que estar aposentado”, opina o psicoterapeuta Bruno Almeida. Somado a isso, complementa ele, é importante levar em consideração o cenário atual, com crise econômica, desemprego, inflação, aposentadoria com valor baixo, entre uma series de fatores que faz o empreendedorismo entre a geração com mais de 60 anos de idade despontar.

Estudar é preciso

O serviço de avós de aluguel pode ser uma fonte de socialização e de renda. Mas é também um trabalho – e, portanto, exige estudo. Manter-se atualizado, à base de leitura e cursos de reciclagem, tem de fazer parte do dia a dia. “Na Rússia, existe um apoio de cursos e especializações”, destaca Marques. Mesmo que adaptado à realidade brasileira, diz ela, o trabalho não pode perder essa essência.

Aos pais a premissa é a mesma. Estudar o serviço, conhecer a pessoa, realizar entrevistas e ter referências estão entre os passos de quem opta por utilizar a novidade.

Clique aqui e conheça os cursos gratuitos de requalificação oferecidos pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

Compartilhe com seus amigos