Para tudo o que você imaginar neste mundo, existe uma oração: para pedir os dons do Espírito Santo, curar mal olhado, engravidar e tirar quebranto do bebê; para acalmar o coração e trazer a pessoa amada em 3 dias; pedir prosperidade e conseguir pagar as dívidas; pelos filhos e pelos pais, contra a inveja no trabalho, depressão e cansaço físico; para encontrar objetos perdidos, arranjar um emprego novo e se livrar dos inimigos... tem oração até para se proteger contra fofocas.

O assunto é tão abrangente e reúne tantas pessoas de diferentes nações, raças e crenças em torno do debate que acabou chamando a atenção da ciência. Fé e razão, que por tanto tempo se estranharam, descobriram enfim que poderiam caminhar de mãos dadas na busca por respostas. A fé seria mesmo capaz de mover montanhas e curar doentes? Qual o poder da oração e seus efeitos no cotidiano?

A religião do cérebro

O cérebro humano tem 10 bilhões de células nervosas conectadas de forma harmoniosa, mas trabalhando individualmente. No livro “A religião do cérebro: as novas descobertas da neurociência a respeito da fé humana”, publicado pela Editora Gente, o neurocirurgião Raul Marino Jr. explica que nossos neurônios nos dão a capacidade de pensar abstratamente e de criar uma metafísica, um sistema filosófico e espiritualizado de religião. Para Marino, quando o homem começa a se dar conta que não é feito somente de matéria, de que há algo por trás, a ciência deixa de bastar como única explicação plausível.

Há alguns anos, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) se reúne uma vez por semana para estudar a relação entre saúde, espiritualidade e religiosidade. Um dos integrantes do grupo, o psiquiatra Frederico Camelo Leão defende que a fragilidade do homem se esvai quando ele se depara com algo maior, com o divino, para o que não encontra explicações. “Além de relações de apoio social, um grupo religioso, por exemplo, que comunga da minha fé e que tem uma forma de fortalecimento disso é uma forma positiva de que a fé venha beneficiar o enfrentamento da doença e a saúde”, comenta.

O fisiologista e psicólogo canadense Michael Persinger é mais um interessado no tema. O pesquisador criou um capacete capaz de detalhar o cérebro, apelidado de “capacete divino”, que foi utilizado em um grupo de voluntários durante sessões de orações. O aparelho conseguiu mapear as áreas do cérebro que são ativadas quando entramos em estado de contemplação: o lobo pré-frontal – responsável pelo controle das emoções –, o lobo frontal e o temporal. A pesquisa comprovou a existência de um quarto estado de consciência, que é o de meditação.

Indo pelo mesmo caminho, pesquisadores americanos chegaram a definir o local exato do cérebro que nos conecta com o divino. Chamado de “Ponto de Deus”, fica localizado na região temporal anterior do cérebro onde acontece uma maior captação de metabólicos, comprovado por exames de ressonância magnética. Os pesquisadores identificaram uma produção de ondas maiores, o que indica a realização de atividade metabólica e elétrica.

Para uma melhor visualização, pensemos no seguinte: existem alguns tipos de ondas cerebrais que indicam o nosso estado. Quando estamos acordados, produzimos ondas rápidas. Em estado de coma, produzimos ondas extremamente lentas. E quando estamos dormindo, produzimos ondas bastante específicas. Os pesquisadores identificaram um quarto tipo muito característico de onda que mostra que a pessoa está em transe. O estado foi considerado benigno, melhor que o sono comum.

Sexo, drogas, rock'n roll e... orações?

Em 2016, cientistas da Universidade de Utah, em Salt Lake City, nos Estados Unidos, publicaram um estudo na revista Social Neuroscience no qual afirmam que fazer sexo, consumir drogas, ouvir música e rezar têm o mesmo efeito no cérebro humano. A pesquisa foi realizada com 19 jovens mórmons que frequentam a igreja regularmente. Os cientistas simularam, no laboratório, práticas religiosas para monitorar as atividades cerebrais dos jovens. Exames de ressonância magnética mostraram que um local do cérebro chamado de núcleo accumbens foi ativado durante a leitura de textos sagrados. A região é conhecida como o nosso centro de recompensa e está relacionada aos vícios, desejos e a sentimentos de amor. Durante o exame, a região do córtex pré-frontal também foi ativada, conforme identificou a pesquisa de Persinger.

A verdade é que, para quem crê, o poder da oração e da fé é real e proporciona resultados já comprovados por muitas pessoas. Os mais conhecidos são:

  1. Diminui a dor: aumenta a produção do hormônio da felicidade;
  2. Combate a depressão: ativa o lobo pré-frontal, responsável pelo controle das emoções;
  3. Reduz o risco de doenças: aumenta as atividades do sistema imunológico e reduz o risco de problemas no coração, estresse, depressão e ansiedade;
  4. Ajuda no equilíbrio emocional: ativa o núcleo accumbens, aumentando a confiança e os sentimentos de força e poder.

Muitas vezes vista como a última opção de muitas pessoas nos momentos de desespero, a oração independe de religião, da hora, do dia ou de sua localização física. É algo íntimo, pessoal e intransferível. Experimente orar para agradecer as coisas boas que você tem recebido todos os dias e preste atenção nos resultados. Eles podem ser surpreendentes.

Leia também

11 segredos para fazer novas amizades e viver mais

Cientista australiano viaja à Suíça para se submeter à eutanásia

Compartilhe com seus amigos