A costura, herança da mãe e da avó, era apenas uma complementação de renda para Lydia Maria Cozta, 61 anos, quando dava aulas de educação artística em uma escola especial. Começou a fazer uma peça aqui, uma roupa de bailarina para as filhas, Francis e Laura, ali... E logo começou a receber pedidos.

Ao se aposentar, focou sua paixão e tornou-se costureira de figurinos. “Eu me arrependo de não ter me dedicado a isso antes”, diz. E completa: “Se você não se reinventar todos os dias, principalmente na profissão, que é seu sustento, você não é feliz”.

Confira, a seguir, a entrevista com Lydia, um dos rostos da campanha que apresenta o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

Esse foco em costura começou quando?

Há 25 anos. Sou professora de formação. Trabalhei muito tempo em escola com crianças especiais, em educação artística. Mas o mundo vai ficando mais difícil, e enveredei para a costura. Quando me aposentei na escola, há sete ou oito anos, passei a trabalhar somente com isso.

“Aos 61 anos, me tornei dona de mim mesma e com uma história mais prazerosa”

Qual a diferença de trabalhar quando começou nessa área e agora?

No começo era uma atividade que eu não podia deixar porque tinha que complementar a renda familiar. Hoje estou só na costura. É melhor, porque me divirto todos os dias. Eu me arrependo de não ter me dedicado a isso antes. Estou muito mais realizada porque faço aquilo que amo.

Aos 61 anos, me tornei dona de mim mesma e com uma história mais prazerosa. Com responsabilidade, mas sem cobrança de que, se eu não fizesse, o mundo fosse acabar.

Qual é a melhor parte do trabalho?

É quando eu termino os figurinos e vejo meus bailarinos no palco. Eu me emociono demais.

Quando se emocionou mais?

Ao ver minha filha em Joinville (SC) ganhando [uma competição] como bailarina com as minhas roupas. Igual a essa, não tem emoção maior. Aí mexe com a emoção de mãe. Foi um dos fatores que me fizeram enveredar pela área de costureira de figurinos. Elas sempre fizeram dança e é uma coisa cara. Fazia para elas. Todo mundo foi gostando, as escolas de balé foram gostando.

Qual é a pior parte?

A parte da organização, porque não sou muito organizada, e a financeira. Mas estou aprendendo. A internet ajuda muito, o WhatsApp também. Eu mando orçamentos por aí.

A sra. já se reinventou algumas vezes: como artista plástica, professora, costureira, figurinista...

Para ter esse ânimo de viver, a gente tem que se reinventar. E ficar sempre disponível para tudo. Se você não se reinventar todos os dias, principalmente na profissão, que é seu sustento, você não é feliz.

“Meu sonho é que continuem os desafios para que eu possa provar minha capacidade”

A sra. convive com jovens. O que aprende com eles?

Toda essa modernidade tecnológica, se não aprender todos os dias, a gente não fala a mesma linguagem. Aprendi que preconceitos que a gente traz de outra formação não são legais. Convivo bem com as minhas filhas e os meus genros principalmente por causa da troca. De não achar que, porque sou mais velha, eu sei tudo.

O que ensina para eles?

Ter um comportamento bacana com os outros, de amor e respeito. Eu ensino a ter coragem. Ensino uma alegria de viver, que não deve nunca apagar, por pior que seja a situação. Porque eu tenho essa alegria em qualquer situação.

Qual é seu sonho profissional?

Não tem algo que eu diga: “Ainda não consegui”. Todos os dias, realizo coisas que eu não tinha feito antes. Todos os dias há desafios. Meu sonho é que continuem os desafios para que eu possa provar minha capacidade.

Como a sra. se imagina em 10 anos?

Estaria trabalhando, com a família aumentada. Na vida profissional, ter ainda a capacidade física. Se a gente está trabalhando, fica bem, fica jovem.

Teria feito algo diferente na carreira?

Não me arrependo, porque foi gratificante trabalhar com crianças especiais. Estaria jogando fora conceitos que eu tenho de amor, carinho e apreço. Mas teria me dedicado há mais tempo ao que eu faço hoje. Eu tinha medo de não conseguir. Teria acreditado mais em mim.

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