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Há um movimento em curso para transformar o envelhecimento – e mudar corações e mentes sobre as possibilidades de uma vida mais longa. Das ruas à sala de conselhos e os corredores do poder político, uma conversa esclarecida sobre o futuro está começando a tomar forma.

Mudanças raramente são fáceis, mas, nos Estados Unidos e em outros lugares com populações em envelhecimento, há um crescente reconhecimento de que está na hora de descartar expectativas obsoletas e definir as pessoas por quem elas são, não por quantos anos elas têm.

Se a demografia é destino, então a Geração Y, atualmente no fim da adolescência até meados dos 30 anos de idade, herdará os desafios e as oportunidades de um mundo envelhecendo rapidamente, uma paisagem que antecipa uma quase duplicação da população com mais de 65 anos de idade entre 2010 e 2050.

Representando quase um quarto da população dos EUA e 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo, a Geração Y poderia ser aquela a solidificar novas ideias e normas para melhorar a longevidade. Sua capacidade de enfrentar problemas complexos já trouxe profundas inovações sociais e avanços em áreas como transporte e saúde. Essa mesma criatividade pode em breve mudar, para melhor, o envelhecimento ao redor do planeta.

À medida que a geração em envelhecimento de hoje se adapta a um mundo de desafios e oportunidades proporcionados pelo aumento da longevidade – um novo padrão –, a Geração Y pode, em última análise, ser aquela que dá forma a um novo curso de vida.

Habilidades e características únicas

A Geração Y tem a educação, o conhecimento em tecnologia, a diversidade e a facilidade de acesso e disseminação da informação que a coloca na posição de repensar e revolucionar a experiência de envelhecimento. Como membros da chamada Geração Selfie, que muitas vezes é criticada por ser absorta em si mesma, os representantes da geração Y de fato usaram a tecnologia para melhorar a comunicação, a mobilidade e a oportunidade de maneiras cruciais para que adultos em envelhecimento mantivessem sua independência.

Enquanto histórias de sucesso em economia compartilhada, como Uber e Airbnb, transformam o mercado global, empresários da geração Y continuam a desenvolver produtos e serviços para a economia da longevidade, que vive rápida expansão. De redes sociais e carros autônomos até “wearables” (conhecidas no Brasil como tecnologias vestíveis) e ferramentas digitais de saúde, essas pessoas sonham com inovações que vão transformar e melhorar milhões de vidas.

Vidas mais longas

A população em envelhecimento hoje desfruta de uma expectativa de vida que é quase o dobro do que era há pouco mais de um século atrás. Com a perspectiva de muitos mais anos de vida do que seus pais e avós, a Geração Y terá mais tempo para o trabalho, a recreação, a aprendizagem e o propósito.

Essa dinâmica contínua, resultado de avanços na ciência e no saneamento, afetará dramaticamente todos os aspectos da sociedade – desde negócios, educação e cuidados de saúde até políticas públicas, instituições cívicas e cultura.

A pesquisa genômica vai avançar, buscando desvendar os segredos da extensão radical de vida. E essa possibilidade por si só deve motivar os adultos mais jovens a pensar como parecerá o envelhecimento enquanto suas próprias vidas avançam.

Essa geração também sabe que a ciência não dorme, e isso significa que eles estarão criando uma nova geração que tem como perspectiva vidas ainda mais longas.

Saúde

Graças à posição de geração mais bem-educada até hoje, os Y estão preparados para experimentar, nas idades mais avançadas, saúde melhor do que a de seus pais. Com acesso a vasta informação sobre nutrição e sobre os poderosos efeitos do exercício físico, a geração mais jovem tem um interesse pessoal em sua saúde.

Metade da Geração Y nos EUA teme perder agilidade física e autossuficiência mais do que passar por insegurança financeira nas idades mais avançadas, segundo estudo elaborado pela empresa de pesquisa de mercado Nielsen.

Inovação científica, cura acelerada de doenças e medicina personalizada permitirão períodos saudáveis mais longos. Mas representantes da Geração Y enfrentam um grande desafio: combater a epidemia de obesidade. Se não for contida, a obesidade, com seus custos galopantes, continuará a sobrecarregar as economias de sociedades em envelhecimento ao redor do mundo.

Meio ambiente e bem-estar

Para além da saúde física, o movimento emergente das "cidades habitáveis" proporciona aos jovens Y oportunidades para expandir as características urbanas que influenciam o envelhecimento. A iniciativa de cidades amigáveis à idade da Organização Mundial da Saúde se espalhou por 33 países – e instituições que vão de AARP a Milken Institute (grupo de especialistas na área econômica) promovem ativamente melhorias em infraestrutura, comodidades e cultura para garantir que esses locais atendam mais efetivamente às necessidades de moradores de todas as idades.

Quanto mais os líderes adotarem conceitos de comunidade habitável, mais a Geração Y terá acesso a atividades saudáveis, como andar de bicicleta, caminhar e ter engajamento social. As conveniências para pessoas mais velhas incluirão opções de transporte, redes de serviços sociais, oportunidades de aprendizado e diversas alternativas de moradia.

Trabalho e educação

Esses jovens quase certamente darão continuidade à tendência de trabalhar nos estágios mais avançados da vida, devido à necessidade econômica e a um desejo contínuo de desafio e contribuição. Felizmente, estudos associam essa atividade ao bem-estar e à melhoria da saúde para adultos mais velhos.

A flexibilidade e o conforto dos jovens dessa geração em relação a novos e diversos ambientes os beneficiará à medida que o velho modelo de trabalhar em uma companhia e ter uma carreira se apaga.

Por vezes, eles voltarão à escola – para aprender novas habilidades e mudar de carreira e para desfrutar de oportunidades educacionais durante anos adicionais de vida. Com a facilidade em computação e a boa educação, os Y vão se adaptar prontamente ao crescimento do aprendizado “open-source” (baseado na internet, no qual o estudante cria seus caminhos e define suas prioridades e prazos).

Ao mesmo tempo, essa geração herdará um desafio permanente: a discriminação por idade, com seus pesados custos para os indivíduos e as sociedades. Pesquisa confirma que a estabilidade emocional, a segurança, a sabedoria e a experiência dos idosos melhoram a produtividade e o ambiente de trabalho. Mas esses méritos ainda aguardam na fronteira da aceitação, comprometidos por preconceitos infundados e percepções equivocadas.

A Geração Y deve tomar a iniciativa para o desenvolvimento de uma mudança cultural, que reconheça os comprovados benefícios de trabalhadores mais velhos. Eles vão encontrar uma força de trabalho multigeracional em suas carreiras e deverão estar posicionados para construir aceitação e apreciação dos trabalhadores mais velhos – mudanças que irão beneficiá-los diretamente à medida que envelhecem.

Segurança financeira

Um elemento-chave para o bem-estar dos adultos mais velhos é a segurança financeira. A Geração Y vem da Grande Recessão, com taxas de pobreza e desemprego mais elevadas do que as que a Geração X (nascida entre 1965 e 1980) e os “baby boomers” (nascidos entre 1946 e 1964) tiveram nessa fase da vida.

No entanto, o grupo de pesquisa de opinião Pew Research Center avalia que a Geração Y é financeiramente otimista e ambiciosa – e enquanto a maioria não sente que ganha o suficiente para sustentar a vida que deseja, 8 em cada 10 pensam que chegarão lá no futuro.

Ademais, eles carregam a pesada dívida estudantil, que excede em muito a de gerações mais velhas na mesma idade. E mais da metade deles diz que está vivendo com o salário apertado, incapaz de poupar para o futuro, de acordo com a empresa de serviços financeiros Wells Fargo. Ainda não está claro se vão atingir a saúde financeira que é tão importante para o bem-estar físico e emocional em idade avançada.

Propósito de vida

Um aspecto-chave do bem-estar para os adultos mais velhos é a definição de propósito em suas vidas – a realização do desejo de envolvimento significativo e de contribuição benéfica. O propósito melhora a saúde mental e física e se correlaciona com maior produtividade, criatividade e resiliência.

À medida que os benefícios do envelhecimento com propósito se tornam mais amplamente compreendidos, a Geração Y será mais inclinada do que as anteriores a definir seu propósito e agir sobre ele por meio do voluntariado, do mentoring e de outras atividades significativas.

Já há mais voluntários na geração Y do que nas passadas. Em 2013, 20% dos adultos com menos de 30 eram voluntários, segundo a Corporation for National and Community Service (agência americana que estimula o voluntariado). Isso se compara a 14% dos adultos jovens em 1989, mostra uma análise de dados do Census Bureau (agência que realiza o censo americano).

A National Alliance for Caregiving (ONG focada em cuidadores) e a AARP descobriram que quase um quarto dos cuidadores hoje tem entre 18 e 34 anos de idade. É provável que essa tendência cresça com a prevalência de doenças incapacitantes como o Alzheimer e o envelhecimento dos “baby boomers”.

A Geração Y também é adepta de filantropia e conhecida por valorizar mais experiências do que posses, característica comum também a adultos mais velhos. Aproximadamente 8 em 10 funcionários e gerentes jovens, entre 2.500 pesquisados em pequenas e grandes empresas, fizeram doações de caridade em 2014, de acordo com um estudo da Achieve LLC (agência de pesquisa e marketing para causas) patrocinado pela Case Foundation (ONG de empreendedorismo, engajamento civil e filantropia). Com essas prioridades e valores, podem inaugurar uma nova era de significado e propósito à medida que entram em seus últimos anos.

O futuro

Pode-se imaginar que descobertas podem aumentar ainda mais os anos de vida e que os caminhos para solucionar os desafios de doenças crônicas, preconceito de idade e insegurança financeira permanecem incertos.

Mas o envelhecimento está mudando, e uma narrativa nova e esperançosa está sendo escrita. Jovens da Geração Y – com seus grandes números, ideias ousadas e vidas mais longas – serão participantes poderosos nesse processo, com pequenas e grandes oportunidades para definir um novo rumo e melhorar vidas. O movimento para interromper o envelhecimento está sendo construído, e os jovens, atendendo ao apelo de ação, moldarão o futuro.

Paul Irving é presidente do Milken Institute Center for the Future of Aging e pesquisador na USC Davis School of Gerontology. Autor e palestrante, já foi presidente do instituto anteriormente, fellow na Universidade Harvard e CEO de um escritório de advogados e de consultoria.

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