Nos últimos anos, falar (ou escrever) sobre a polarização brasileira (“o Fla-Flu da política”) já se transformou em um lugar-comum. Experimente, por exemplo, fazer uma busca simples no Google para ver a quantidade de temas sobre esquerda ou direita.

O debate político vem monopolizando não apenas o noticiário, mas também os grupos de WhatsApp, os perfis de Facebook e as conversas nos bares. Um fato que a proximidade de uma eleição tende a tornar cada vez mais evidente.

As discussões entre “coxinhas” e “petralhas”, porém, não são nenhuma novidade. Pelo contrário: fazem parte de uma tradição que nos últimos séculos construiu a democracia que conhecemos hoje.

“As concepções de esquerda e direita remetem à Revolução Francesa. Na Assembleia Constituinte, que colocou fim ao Antigo Regime, jacobinos ocupavam a ala esquerda do salão, enquanto girondinos ocupavam a ala direita”, explica Erik Rodrigues das Dores, professor de história.

Os dois grupos haviam lutado juntos durante a Revolução Francesa, em 1789. Mas se diferenciavam tanto por sua origem quanto, principalmente, pelas propostas políticas.

Os jacobinos eram ligados às classes mais populares e defendiam transformações consideradas, à época, mais radicais. Como, por ecemplo, a abolição da escravatura nas colônias francesa e o fim da monarquia.

Já os girondinos eram representantes da alta burguesia, traziam posições mais conservadoras e propostas mais moderadas. “Das disputas entre essas posições radicais/progressistas e conservadoras, surgiram os conceitos que utilizamos hoje”, complementa Erik.

Um debate polpitico com dois candidatos, de esquerda ou direita, sobre um palanque. Abaixo do palanque, o público acompanhando a dicussão dos candidatos.

Crédito: GoodStudio/shutterstock

Com o passar do tempo, as ideias de esquerda ou direita sofreram transformações, adaptando-se às realidades socioeconômicas de cada época. Entretanto, o debate entre elas sempre se focou em questões-chave que dividiam a sociedade.

Atualmente, tal comportamento pode ser observado nas discussões sobre o papel do Estado na economia. “Aqueles que se consideram de esquerda vão defender um Estado provedor de políticas sociais que contribuem para reduzir as desigualdades sociais. Aqui o mercado tem um papel reduzido na oferta de serviços públicos de saúde, educação etc.”, afirma Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos.

Ela completa: “Já aqueles de direita defendem que todos, ou grande parte, desses serviços sejam providos pelo mercado. A iniciativa privada passaria a ter forte influência não somente no controle e oferta desses serviços, mas também na sua qualidade e valores a serem cobrados”.

Sou de esquerda ou direita?

Diferentemente do que a polarização faz parecer, o cenário não é tão binário. Dentro dos dois campos políticos, existem nuances e vertentes que criam diferentes direcionamentos e visões. Por exemplo: a direita pode ser conservadora ou liberal. Já a esqueda pode pautar suas demandas de acordo com seus grupos, como os movimentos identitários ou totalmente sociais.

“Em geral, conservadores possuem propostas ligadas a manutenção do status quo, tradição, valores religiosos, moral e bons costumes e defesa da propriedade privada. Os liberais, por sua vez, defendem liberdades individuais no âmbito dos costumes e da sexualidade, além da liberdade econômica”, define Erik.

Com a esquerda não é diferente, mesmo quando o tema é o papel do Estado, segundo a professora Maria do Socorro. “Alguns setores dão maior protagonismo ao Estado em relação ao mercado e outros defendem maior equilíbrio nessas relações”.

Teste direita ou esquerda: faça o teste do perfil ideológico

Muitas pessoas crescem ou desenvolve ideais que se relacionam com questões políticas, mas nem sabem disso. Por isso é importante entender que política está em ações e escolhas de todos, mesmo que involuntariamente.

Quer saber onde você se encontra nessa história, esquerda ou direita? Responda ao teste abaixo e descubra.


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