residência planejada para a longevidade  Na sala, os móveis são ergonômicos e têm altura especial; na cozinha, o fogão é por indução, há sensores de fumaça e prateleiras retráteis; todo piso é antiderrapante e não há tapetes; crédito: Rafael Renzo/Divulgação GROU

Uma residência planejada para a longevidade foi um dos 82 ambientes mais visitados da CasaCor 2018, a maior feira de arquitetura, design de interiores e paisagismo da América Latina. Em 45 m², a arquiteta e gerontóloga Flávia Ranieri usa e abusa de tecnologia, mobiliários e materiais especiais para garantir um espaço que envelheça ao lado do morador sem necessidade de adaptações futuras. 

“É um apartamento funcional voltado para a independência das pessoas mais velhas”, diz Ranieri, que se preocupou, nos mínimos detalhes, em incorporar itens de segurança para minimizar as estatísticas do Ministério da Saúde de que 7 em cada 10 acidentes envolvendo pessoas com mais de 60 anos acontecem dentro de casa. “Mas tudo sem deixar o espaço com cara de hospital”, ressalta. 


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E conseguiu. “Ficou aconchegante, dá vontade de morar aqui”, resume a advogada Tamires Soares, 59 anos, ressaltando que a planta permite que cadeirantes como seu marido usem normalmente a pia da cozinha e do banheiro, além de terem total autonomia no chuveiro. “Ele poderia até me ajudar a lavar a louça! Para mim, tem até um banquinho, porque chega uma hora que cansa, viu?” 

residência planejada para a longevidade  As portas do boxe se movimentam para o acesso de uma cadeira de rodas, assim como o móvel embaixo da pia, na moradia projetada para a longevidade da CasaCor 2018; crédito: Rafael Renzo/Divulgação GROU

Barras de apoio também foram instaladas pela arquiteta em locais estratégicos, mas ganharam cor e design diferenciados, a exemplo da que liga o quarto à cozinha, disfarçada de puxador da porta que esconde a lavanderia. Prateleiras e eletrodomésticos como geladeira, lava-roupas e aspirador de pó embutido têm altura ergonômica, evitando que o morador se agache. 

residência planejada para a longevidade  À esq., barra de apoio disfarçada de puxador de porta; à dir., escritório decorado com memórias da família; crédito: Rafael Renzo/Divulgação GROU

 

residência planejada para a longevidade  Todos os eletrodomésticos do Estúdio da Longevidade têm altura especial, para evitar que o morador se agache; crédito: Rafael Renzo/Divulgação GROU

Mas o ponto alto da residência planejada para a longevidade é a tecnologia, que começa na porta de entrada. Se o morador esquecer as chaves, basta ligar para o celular do filho, por exemplo, que remotamente conseguirá abrir a porta. O familiar também pode ser avisado se a pessoa, após seguidos avisos, não acessar nos horários determinados a caixa de medicação ou se sofrer uma queda. 


No quarto, além de uma cama com altura especial e quina arredondada, foi instalada uma iluminação acionada por voz que traça pelo rodapé um caminho até a cozinha e o banheiro, dispensando a busca por interruptores. As persianas também são programadas para abrirem de manhã, evitando que a pessoa troque o dia pela noite. “Mas tudo é feito por um app, então cada um configura como quer”, explica Ranieri. 

residência planejada para a longevidade  No quarto, além de uma cama com altura especial e quina arredondada, a abertura das persianas é controlada por um app; crédito: Rafael Renzo/Divulgação GROU

“O que mais chamou a atenção foi que o ambiente, além de ser funcional para uma pessoa na minha idade, com prateleiras automáticas e móveis que dispensam bancos e escadas, preservou a história da família”, observou a educadora Sônia Maria Guimarães, 72 anos. “A arquiteta conseguiu dar nova vida a objetos que a gente, muitas vezes, deixa esquecidos no fundo do armário ou de uma gaveta.” 

residência planejada para a longevidade  Acabamento da mesa, que tem uma calha para evitar que o líquido derramado chegue ao chão; crédito: QSocial

residência planejada para a longevidade  Detalhe da decoração do escritório, que resgata lembranças da família, como o histórico escolar da filha; crédito: QSocial

“Espaços inclusivos são aqueles que entendem as limitações naturais desta fase e transformam suas peculiaridades em detalhes que fazem a diferença”, explica Ranieri. “Tão importante quanto a funcionalidade do ambiente é incorporar nele memórias afetivas.” Como? Fazendo uma releitura das peças mais importantes e dando novos usos a elas. Aquele tapete lindo e cheio de história, mas que já provocou um tropeção, pode ir agora para a parede. 


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