Há um grande exército de Bons Conselheiros. Profissionais bem intencionados   – ou não – que não têm formação profunda e específica para fazer um bom aconselhamento, mas que já fizeram um curso de Coaching.

Muitos saem em busca de adquirir e desenvolver algumas técnicas, outros buscam, além das técnicas, embasamento teórico para poderem se aprofundar. Quem pode ser beneficiado por um Coaching? Pessoas que já trabalham ou não, colocadas em disponibilidade ou que estão farejando tempos difíceis por vir. Há os que estão tranquilos, querendo se preparar para alavancar suas carreiras. E há quem inclusive pensa em internacionalizar sua carreira ou viajar para fora, precisando se aperfeiçoar em línguas estrangeiras.

Aqueles, porém, que estão muito aflitos, poderão precisar de muito mais do que pareceres ou indicações técnicas. Nosso cérebro se divide em dois. O cognitivo, que processa informações racionais, lógicas e objetivas; e o emocional, que processa elementos e dados subjetivos, sensíveis e sutis. Não por serem sutis, porém, deixam de ser suficientemente fortes para desencadearem uma verdadeira tempestade emocional de longa duração.

O medo é a emoção mais desconstrutiva e impactante no processamento mental como um todo. O medo interrompe o diálogo entre os dois cérebros. Desastres e infortúnios acontecem a qualquer um, não importando idade, sexo, situação financeira, categoria social, formação e profissão.

Isso significa o óbvio: ninguém está livre de sofrer e de ser abatido por algo maior do que si. Se o tempo é o grande equalizador dentre os homens, tanto os prazeres quanto as dores também o são.

É possível que uma pessoa pressinta ou já anteveja que alguma mudança dramática acontecerá. Mas ela pode se precipitar. Ou se prolongar no processo, como por exemplo, o ‘cozinhamento ou resfriamento’ a que são submetidos os profissionais que não mais são de interesse da empresa, que faz de tudo para que a pessoa não aguente permanecer e ela própria peça as contas.

Burn Out e Assédio Moral têm sido muito frequentes nos relatos de profissionais de carreira, a quem dizem ‘não ter perfil’ para realizar o que a empresa espera deles, independentemente de terem sido premiados no ano anterior pela sua performance. Nesses casos, é líquido e certo que a pessoa sairá profundamente abalada, emocionalmente muito ferida e, com certeza um procedimento puramente técnico, como o Coaching, não será suficiente para ajudá-la a se redirecionar.

Há momentos em que, por mais que queira, por mais que a pessoa se esforce, ela não consegue refletir sozinha e, portanto, não consegue escolher o que mais importa, nem tomar decisões que consiga manter. Ela vai precisar ter um novo entendimento sobre o que se passa consigo, o que a levará a questionar-se mais profundamente e, talvez, buscar um novo sentido para a sua vida.

O imprudente acredita em cada palavra, mas uma pessoa inteligente segue com entendimento. (Provérbios 14:15)

É bem conhecida a importância de se pedir conselhos e, tão importante quanto, é ser sensato ao ouvi-los. Em primeiro lugar, é preciso procurar ouvir pessoas honradas e sábias. Há que se ter paciência, porque o cerne da questão pode demorar um tempo para se mostrar.

Bons conselhos não servem para todas as pessoas. Eles devem ser singulares. Não há uma fórmula que se aplique a tudo e a todos. Daí que, a indicação e a respeitabilidade do bom conselheiro é essencial para quem busque por seus serviços. O bom conselheiro haverá de ouvir, muito mais do que falar. E, com certeza, não dirá aquilo que seu cliente desejará ouvir, mas fará o seu cliente ouvir a si próprio, porque dentro de cada um de nós reside um Bom Conselheiro, um sábio arquetípico que merece ser ouvido.

Talvez este sábio já falasse conosco desde a nossa infância, em nossos sonhos. Somos, porém, teimosos e seguimos por onde achamos que seria o melhor para nós. Quando mais maduros, se houvermos adentrado um caminho que não nos faz crescer como pessoa, as adversidades serão uma excelente oportunidade para sair do labirinto, das armadilhas que nos colocamos, sem saber nem perceber.

Quanto a conselhos, em caso de necessidade, largue por um tempo, deixe de lado a sua impulsividade e procure ouvir, não só aqueles sábios que de fato têm o que lhe dizer, mas principalmente aqueles sábios que se dispõem a fazê-lo ouvir e respeitar o seu próprio sábio interior.

Então, as conversas e reflexões serão encaminhadas para o seu autoconhecimento e você poderá colher efeitos verdadeiramente terapêuticos deste trabalho. Uma palavra: em vez de certeza, foque na busca da clareza. Então, seus dois cérebros lhe avisarão que estão a postos para você se atualizar.

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