“Quando duas pessoas se encontram, há, na verdade, seis pessoas presentes: cada pessoa como vê a si mesma, cada pessoa como os outros a veem e cada pessoa como realmente é”. Willian James

No filme “As três faces de Eva”, o cinema levou às telas um caso verídico de tripla personalidade. A paciente na psiquiatria Christine Costner Sizemore, uma dona de casa que apresentou um quadro de terríveis dores de cabeça e situações de períodos de esquecimento. Levada a um psicólogo, este constatou que a paciente possuía dupla personalidade, com nomes e posturas diferentes entre si. Após algum tempo decorrido, surgiu uma terceira personalidade. As duas últimas sabiam uma das outras, mas a verdadeira não. Traumas de algo que nos ocorreu sem que nos déssemos conta.

Como eu, meu irmão que escreve poemas tem costume de fazer um introito às suas poesias. Nestes dias, comentou sobre as maneiras que cada um se vê e como os outros os veem.

E é sobre esses fatos que procuro aqui fazer uma analogia. Cada vez mais as verdades sobre a incrível jornada dos homens mostram-nos certezas que antes não havia. O desenvolvimento da ciência, astronomia, paleontologia com seus novos métodos de pesquisa esclarecem dúvidas que se acumularam durante séculos. O passado vem sendo esclarecido pouco a pouco, mas hoje se sabe muito mais sobre os nossos antepassados. Fatos e obras de tempos idos desvendam realidades que ainda não estamos devidamente preparados. As pinturas e obras em diversos materiais feitos por homens primitivos parecem remeter às mais incríveis histórias de ficção. A visita de seres estelares parece estar retratada nessas pinturas. Por outro lado, as pesquisas espaciais já mantiveram inumeráveis contatos com objetos e construções que, comprovadamente, não são feitos pelo homem. Os governos começam a deixar escapar alguns destes fatos, coisa que mantiveram por muitos anos em completo mistério.

Mas as pesquisas feitas sobre o ser humano começam a mostrar fatos inimagináveis até alguns anos atrás. O DNA, a nanotecnologia, as pesquisas com clones de animais, tudo faz parte deste admirável mundo novo.

Mas... ainda parece um mistério, o que realmente somos. Já provado que nosso corpo é formado quase que inteiramente de água. Também provado que mantemos energia dentro do corpo e a nossa volta. Mas a maioria dos mortais ainda desconhece do que somos capazes. Jesus disse “se tiveres fé poderás remover montanhas”, ou ainda “vocês podem fazer o mesmo que eu faço” se referindo aos milagres. Ele estava usando todo o potencial humano que temos e que ainda não sabemos como usá-lo. Mas, por incrível que pareça, ainda não sabemos verdadeiramente quem somos. Por isso, e aí estou me referindo ao início desta crônica, a maneira como nos vemos ainda é uma incógnita. Será que somos realmente o que pensamos ser? Podemos, sinceramente, falar com toda a razão sobre o que somos como reagimos aos estímulos e como pensamos? Você é capaz de se auto definir?

Acredito que muitos, para não dizer todos, ainda não conhecem profundamente quem é e como sente aquela imagem que o olha no espelho. A vida, com seus altos e baixos, provocam reações inusitadas. Algumas dessas reações nos espantam, a ponto de nos perguntarmos por que agimos daquela forma. Num exame detalhado de nosso comportamento, percebemos que nos vemos de uma maneira diferente de quem nos vê, e agimos ainda diferentemente do que realmente somos, ou imaginamos ser. Espanto? Não, fatos. Ao nos perguntarmos por que agimos de tal ou tal forma após uma determinada situação, algumas vezes ficamos em dúvida. Hoje diversas técnicas de auto conhecimento são desenvolvidas para que nós possamos afastar a ideia errônea que fazemos de nós mesmos. Ao adentrarmos, de alguma maneira, muito detalhadamente em nossas atitudes, podemos nos surpreender ao ver o real motivo de termos agido como agimos. Assim é que, desenvolvemos certas resistências em conviver com determinadas pessoas, demoramos para entender o porquê. Mas, por incrível que pareça, a maioria das vezes é por identificarmos naquela pessoa algo que não gostamos em nós mesmos. Como exemplo, a timidez. Se nossa vida foi marcada por termos deixado de aproveitar certas oportunidades, veremos que o fizemos por timidez. E ao percebermos o que perdemos por assim agir, sentimo-nos incomodados por esta atitude de “fraqueza”. E, ao perceber esta atitude em outros, não simpatizamos com ela. E demoramos muito tempo para entender a razão por trás desta atitude.

Então podemos verificar que ao citar “que existe muito mais mistérios entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”, como disse Shakespeare, entendemos que também existe muito mais coisa dentro de nossos subconscientes do que podemos imaginar. Então, antes de dizermos prazer em conhecê-lo para um estranho, também deveríamos dizer o mesmo para a infinita razão que nos leva a ser o que realmente somos.

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