Ter o coração carregado de mágoa por causa de alguma situação infeliz, daquelas difíceis de serem superadas, não faz bem a ninguém. A ciência e a experiência humana já comprovaram isso há muito tempo. E se esse sentimento amargurado, que se revela um peso, for consequência da falta de perdão, certamente vai impedir qualquer possibilidade de uma pessoa ser 100% feliz. Mas, afinal, existe solução para isso? Sim, com certeza! O segredo está em aprender a perdoar.

A verdade é que perdoar – a si mesmo e ao outro – pode não ser fácil, mas é a uma das chaves para relações bem-sucedidas e o melhor caminho para encontrar a felicidade. De acordo com Heloísa Capelas, autora do livro "Perdão, a Revolução que Falta" (Editora Gente), trata-se de um ato de inteligência emocional e de cura interior.

“Devemos dar o perdão nosso de cada dia: perdoar o colega de trabalho por ter tido uma conduta mal-educada durante uma reunião; um desconhecido que te fechou bruscamente no trânsito; o vizinho que não te deixou dormir à noite por conta do som alto; os pais e demais familiares por conta de atitudes que causaram mágoas”, exemplifica a especialista em inteligência comportamental e diretora do Centro Hoffmann.

Wanessa Moreira, orientadora pessoal, psicóloga transpessoal e coach, observa que o perdão, ao lado da gratidão, é um sentimento que só faz bem, por trazer felicidade e liberdade. "O que passou não pode mais ser modificado, então por que deixar uma parte do seu pensamento ou da sua memória no instante em que aconteceu a situação-problema?”, questiona.

Por isso o perdão ao outro costuma ser acompanhado do autoperdão, o que leva à liberação "do peso e da dor de uma história passada, para poder abrir espaço em sua vida, no seu momento presente”, pontua.


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Não é fácil

O discurso do perdão é sempre lindo, mas a prática se revela bem difícil, na maioria das vezes. "Temos a sensação de que perdoar seria demonstrar que a nossa dor não vale tanto assim. Desta forma, em alguns casos, entramos em um ciclo sem fim, que alimenta a vingança e o próprio sofrimento e ressentimento”, exemplifica Heloísa.

Yuri Busin, psicólogo e doutor em neurociência do comportamento, argumenta que diversas influências podem emperrar o processo de desculpas, mas o orgulho e a falta de reflexão são as principais razões.

"Não podemos esquecer que o ato do perdão é abrir mão de um sentimento seu pelo outro, sem pedir nada em troca. Além disso, em algumas situações, aquele que ofendeu não sabia ou nem prestou atenção no ato. O perdão é uma oportunidade de, juntos, os dois evoluírem", defende.

Não é só: ambos os lados saem ganhando com a remissão. "Todos se beneficiam, mas cada um de uma forma: aquele que é perdoado vai se sentir menos culpado e aliviado, mas deve entender o que ocorreu para uma evolução pessoal. Já a pessoa que perdoou vai deixar os sentimentos negativos de lado e não irá mais ruminar aquilo", aponta Yuri.

O bê-a-bá do perdão

Se não está fácil colocar o perdão em prática, o primeiro passo é fazer uma autoanálise do que você pensa sobre a situação e o ocorrido. "Não se deve ignorar o fato que gerou a mágoa, pois ignorar não fará com que a situação seja resolvida", lembra o psicólogo.

Heloísa, por sua vez, acrescenta ser necessário identificar as fragilidades pessoais. "Para uma vida sem culpas, é preciso reconhecer os motivos que te levaram a uma situação desconfortável. Colocar na balança a sua parcela de culpa e identificar o que poderia ter feito para evitar o confronto", diz. Como ela pondera, refletir sobre os prós e os contras de tal situação é um exercício de inteligência emocional.

O passo seguinte pede um papo direto. "Chame a outra pessoa para uma conversa. Exponha seus reais sentimentos e pensamentos, sem ofender; apenas compartilhando sua visão", recomenda Yuri.

Há outra alternativa? Sim, segundo Heloísa. "Muitos pensam que perdoar é obrigatoriamente se reconciliar com o outro e, por isso, acabam na frustração. Você pode perdoar em silêncio. O outro nem sempre precisa saber do seu perdão. A cura e o ponto final desse ciclo pode estar em não sentir mais raiva.”

Falar sobre a dor também é eficaz. A autora de "Perdão, a Revolução que Falta" observa que transformar o sentimento em palavras não significa falar mal do outro e sim desabafar o que a circunstância significa para quem está sofrendo.

"Ter alguém de confiança para desabafar pode ser uma boa saída, mas, caso você prefira fazer isso sem envolver outras pessoas, escrever em um diário pode ser uma alternativa", sugere. Para ela, canalizar a mágoa se revela uma forma eficaz de centralizar a angústia e colocar um ponto final na culpa do outro.

Por fim, passe a agir de forma diferente depois de encarar algum episódio ruim, para se tornar uma pessoa melhor. Pratique a gratidão sempre! "Siga aquele velho ditado: fazer o bem, sem olhar a quem. Agradeça a história, a pessoa e o que ocorreu. Agradeça a sabedoria adquirida nesse processo. E, a cada nova escolha, respire fundo, entenda a consequência dessa opção. Assim, você fará uma nova escolha consciente, abrindo espaço para novas possibilidades acontecerem em sua vida”, finaliza Wanessa.

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