Para a humanidade, não basta só a sobrevivência. O que faz do homem um dos seres mais complexos que habitam o planeta é a nossa capacidade de criar e apreciar a arte. São as nossas paixões que, de fato, nos movem. E isso é tão importante para nós, que quando nos vemos em uma situação onde a maior preocupação é a nossa sobrevivência e as medidas impostas para garanti-la limitam nossa capacidade de sentir e nos expressar através da arte, nós ficamos deprimidos, ansiosos e assustados.

Por que, então, a arte, a cultura e as demais formas de expressão da humanidade, como o desenvolvimento científico, que hoje parecem tão distante do combate ao vírus em si podem nos ajudar a combater a crise do coronavírus?

Para aguentarmos ficar em casa, precisamos de algo que nos dê esperança e nos lembre de tudo de bom que nos aguarda quando essa situação passar. Precisamos de algo que nos conecte e dê sentido às nossas vidas, por maior que seja a bagunça lá fora. Por isso é louvável a ação de tantos artistas e profissionais do campo da cultura, do conhecimento e da educação. Eles têm nos proporcionado momentos leves de descontração e união.

As lives que estão sendo produzidas mundo afora, da casa de artistas, a disponibilização de visitas virtuais a museus, livros e cursos online podendo ser baixados gratuitamente e até o famigerado Netflix e demais plataformas de streaming trazem cores, sons, sensações e alegria à nossa quarentena.

Em um momento tão complicado como este, não podemos esquecer das cidades que habitamos. Com o isolamento social, o conceito e a percepção de cidades ficam um pouco difusos. Afinal, a cidade é um espaço de convivência, um local para nos expressarmos e consumirmos arte, cultura e serviços. Enfim, para exercermos nossa cidadania. Hoje, muitos de nós nos limitamos ao nosso bairro, à nossa rua, quando não, sumariamente às nossas casas.

Mas não devemos esquecer que continuam sendo as cidades que nos proporcionam infraestrutura para continuarmos consumindo serviços e conteúdos lúdicos. Além de ter um sistema de saúde preparado para combater o coronavírus, os municípios devem oferecer aos seus cidadãos meios de se entreter e buscar atividades para aliviar o estresse do momento.

No Brasil, apenas 22% dos municípios oferecem níveis satisfatórios de conexão à internet fixa e 12% possuem um número razoável de pessoas com acesso a TV por assinatura. Uma lição que podemos tirar desse momento é que o preparo das cidades deve ser uma de nossas principais prioridades para garantir nosso bem-estar, nossa cidadania e nossa longevidade, seja em momentos difíceis ou para aproveitarmos o melhor da vida urbana quando tudo estiver bem.

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