Você recebe uma notícia bombástica por WhatsApp ou a lê na página do Facebook de alguém – pode ser uma nova denúncia sobre um determinado político ou alguma medida do governo que vá prejudicar boa parte da população. Sua vontade é compartilhá-la em sua própria página da rede social ou enviá-la para o grupo da família no aplicativo; afinal, é bom que todos saibam logo dessa novidade. Alguns minutos depois do seu compartilhamento, porém, algum familiar ou amigo lhe chama no privado para dizer que aquela notícia provavelmente é falsa.  Antes de se sentir o pior dos mortais, saiba que episódios como esse têm sido cada vez mais comuns: as chamadas “fake news”, ou notícias falsas na tradução do inglês, invadiram a internet de vez – e já tem muita gente tirando vantagem delas.

Muitos também têm sofrido com essa verdadeira praga da desinformação. Nos últimos três meses da campanha de eleição para a presidência dos Estados Unidos, no final de 2016, as notícias inverídicas geraram mais reações, comentários e compartilhamentos no Facebook que as falsas. No Brasil, a Operação Lava Jato tem sido um terreno fértil para o surgimento das “fake news”: levantamento do BuzzFeed News no ano passado mostrou que as dez notícias falsas mais populares sobre a operação tinham mais engajamento que as dez verdadeiras mais populares.

“Fake news” no Brasil

Em ano eleitoral no Brasil, o cuidado com essas armadilhas noticiosas tem de ser dobrado. Uma reportagem publicada pela BBC em dezembro revelou que, já nas eleições para presidente de 2014, um exército de perfis falsos foi utilizado no Facebook para manipular a opinião pública. As “fake news” também servem a esse propósito ao criar rumores e orientar as discussões para determinados temas. Trata-se, assim, de uma real ameaça para a democracia, uma vez que é possível gerar fumaça onde na verdade não existe fogo algum. “Não há dúvida de que os eleitores brasileiros serão alvo de notícias falsas em 2018”, afirma Cristina Tardáguila, diretora da agência de checagem de dados Lupa.

Os próprios meios de comunicação têm tomado providências com relação ao mercado das notícias falsas. A Folha de S.Paulo anunciou neste começo de ano que não vai mais atualizar sua conta do Facebook, justamente pela razão de suas publicações perderem visibilidade em meio à enxurrada de conteúdo duvidoso. O Facebook, por sua vez, já desenvolveu ferramentas para punir com redução de alcance quem repetidamente posta notícias de origem nebulosa. O próprio Google estabeleceu em outubro uma parceria com uma empresa de checagem de informações, a IFCN (International Fact-Checking Network), para combater a disseminação de “fake news” em seus resultados de busca.

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É uma cilada

Enquanto as grandes corporações tomam medidas para coibir as notícias enganosas, não custa já ficar atento para alguns sinais de que um texto pode até ter um bom disfarce de realidade, mas não passa de uma farsa. Quando a “embalagem” é bem-feita, é ainda mais fácil cair na falácia. Foi o que aconteceu com Rita Batista, 75 anos, que vive em Cássia, município do interior de Minas.

A dona de casa compartilhou no WhatsApp da família um texto atribuído à atriz Marieta Severo, ex-mulher do cantor e compositor Chico Buarque, que criticava o ex-presidente Lula. “Acreditei que era dela e repassei”, conta Rita. “Quando o texto está muito mal redigido, a gente já desconfia. Não era o caso. Além do mais, supostamente havia sido escrito por uma pessoa de credibilidade, a Marieta.” A própria família da atriz se apressou em desmentir a autoria – e ainda processou quem escreveu a mentira.

Como identificar uma “fake news”

O portal Aos Fatos, especializado em detectar notícias falsas, lista dicas para identificá-las.

  1. Verificar a qualidade da linguagem; se estiver muito carregada de adjetivos que corroborem determinado ponto de vista – como o uso dos termos “coxinha” ou “petralha” –, desconfie.
  2. Buscar a origem da notícia – se ela trata de um projeto ou de uma pesquisa, por exemplo, corra atrás da validação nos links do órgão governamental, do instituto ou da universidade que eventualmente originaram aquela informação. Se essas referências são citadas na reportagem, é um bom sinal; caso contrário, fique alerta.
  3. Procurar outras fontes sobre o relatado, especialmente portais de grandes empresas jornalísticas. Por mais que sua posição política não esteja alinhada com a dos grandes veículos, eles ainda são uma base para certificar-se de que há ao menos um fundo de verdade em um texto. E lembre-se: aplicativos como o WhatsApp e redes sociais são pratos cheios para a proliferação das lorotas.

O que avaliar em um conteúdo político

Tenha cautela com conteúdos políticos. Nesse caso, orienta Cristina Tardáguila, da agência Lupa, “verifique ao menos quatro pontos”.

- “O primeiro é a data de publicação: o texto é de hoje ou é velho?”, sinaliza.

- Em seguida, cheque se a URL da notícia corresponde de fato ao endereço de um jornal de grande circulação ou é apenas similar – esse truque costuma ser usado por quem produz “fake news”.

- Atente-se também ao autor da notícia; ele tem algum interesse em distorcer os fatos?

- Por fim, se o conteúdo publicado é bombástico e você não o encontra em nenhum outro site de notícias, duvide de sua veracidade.”

Para saber mais

Aos Fatos: https://aosfatos.org/

Curso de checagem de informação da Agência Lupa: http://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2017/03/28/lupa-educacao/

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