Ele é a melhor arma para defender pessoas com 60 anos de idade ou mais em diversos momentos – desde o espaço reservado no ônibus, passando por descontos em eventos até o atendimento preferencial em instituições públicas e privadas. Mas dá para deixar o Estatuto do Idoso mais acessível?

Natalia Tiemi Ota, 22 anos, provou não só que sim em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) em Design Gráfico na Belas Artes de São Paulo, que foi aprovado com nota máxima, como redesenhou-o e deixou pronto para ser impresso e distribuído gratuitamente por secretarias do governo e/ou empresas privadas.

Para chamar a atenção da importância “de um material de interesse público que muitos nem sabem da existência”, a designer escolheu a interjeição EI!, abreviação do Estatuto do Idoso, em laranja, “uma cor jovem e alegre que os idosos gostam muito, que contrasta com o azul, “a cor que tem menos rejeição no mundo”.


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Estatuto do Idoso

Capa do Estatuto do Idoso usa a interjeição EI! para chamar a atenção para a importância da publicação. Crédito: Divulgação

“O idoso tem uma dificuldade na aceitação da velhice. O que fica em destaque na capa é o EI!, não a palavra idoso, que está em segundo plano – por ser muitas vezes rejeitada por eles”, explica.

“Toda a hierarquia de cor, peso e escolha da tipografia foi elaborada para que ele se sinta mais confortável na leitura e consiga localizar e encontrar as informações que deseja com mais facilidade.”

Estatuto do Idoso mais acessível

Como trata-se de um material de consulta, no redesenho do Estatuto do Idoso, Natalia separou-o em capítulos e destacou os títulos. Assim, torna-se mais fácil compreender o grande volume de artigos jurídicos, que, por si só, já tem um alto grau de dificuldade.

ANTES

Estatuto do Idoso

Página interna da 5ª edição do Estatuto do Idoso editado pela Câmara dos Deputados, em 2016. Crédito: Reprodução/Centro de Documentação e Informação/Edições Câmara

DEPOIS

Estatuto do Idoso

Redesenho de página interna do Estatuto do Idoso feito pela designer Natalia Tiemi Ota. Crédito: Divulgação

 A designer diz seu projeto transformou o Estatuto do Idoso em “uma publicação que se preocupa visualmente com as dificuldades geradas pela degeneração ocular, muito comum no envelhecimento”. Na avaliação dela, “as publicações atuais são visualmente fracas, mal diagramadas e não se identificam com o público”.

Entre os problemas, ela cita, além de ilustrações infantilizadas ou caricatas – idosos com rugas e bengala, por exemplo –, o uso incorreto de fontes, ora muito pequenas, para economizar papel, ora muito grandes, que geram desperdício, e a não hierarquização das informações.


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Mas, para Natalia, não é só corrigindo o design que o Estatuto do Idoso ficará mais acessível. Há mais um problema a ser resolvido: a distribuição, tanto nos próprios órgãos do governo, como em ILPIs (instituições de longa permanência para idosos), centros-dia e centros de convivência ou em eventos específicos, como a Virada da Maturidade.

“Todo idoso deveria ter um exemplar em casa, porque contém seus direitos e deveres na sociedade. Entretanto, a maioria da população não sabe da existência dele ou de como obtê-lo. A divulgação é falha, e as informações dadas pelo governo de como adquirir não são diretas ou são incompletas. O que eu mais queria é ver o EI! rodando por aí.”


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