UBS, UPA, hospitais? Muitas pessoas têm dúvidas sobre onde procurar atendimento médico gratuito no Sistema Único de Saúde (SUS). “O sistema é desorganizado”, afirma Rodrigo Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). UBSs e UPAs, avalia ele, “praticamente não conversam entre si”.

Há também uma questão cultural de imediatismo do brasileiro, “de achar que tudo tem que ser resolvido na hora”, pontua Lima. E exemplifica que isso ocorre “especialmente no setor privado, onde a pessoa acha que pagou pelo direito de ser atendida num hospital com uma dor de cabeça simples”.

“É preciso integrar os serviços, definir de forma clara as atribuições de cada um e apresentar isso à população de forma ampla, clara e permanente”, diz. Mas, enquanto isso não acontece, a informação é a principal receita para que seu problema seja solucionado da melhor forma possível.

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Quando é o caso de ir a uma UBS?

 A Unidade Básica de Saúde (UBS), diz o Ministério da Saúde, é a principal porta de entrada do usuário que busca atendimento médico gratuito. “É instalada perto de onde as pessoas moram, trabalham, estudam e vivem, e com isso desempenha um papel central na garantia de acesso à população a uma atenção à saúde de qualidade.”

 Segundo Lima, “de cada 10 pessoas que apresentam problemas de saúde, 8 a 9 podem ser cuidadas nas UBSs sem necessidade de tratamento em outros serviços, embora, eventualmente, um parecer de outro médico seja importante para definir o diagnostico ou o plano terapêutico mais adequado”.

Nelas, as pessoas com mais de 50 anos de idade não vão encontrar geriatras, mas sim médicos de família e comunidade. “Este profissional, por ter formação generalista e trabalhar cuidando das pessoas ao longo do tempo, desenvolvendo ações assistenciais e também direcionadas à prevenção, consegue cuidar da grande maioria das pessoas que o procuram.”

As queixas mais frequentes desse público “costumam estar relacionadas a processo de envelhecimento, questões relacionadas ao trabalho, hábitos de vida em geral e saúde mental”.

São elas:

  • dores articulares/musculares
  • doenças de pele
  • distúrbios do sono
  • problemas visuais
  • problemas digestivos
  • sintomas de ansiedade e/ou depressão
  • doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes, “cuja incidência começa a aumentar significativamente a partir dos 50 anos”.

Quando é o caso de ir a uma UPA?

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA), afirma o Ministério da Saúde, funciona 24 horas por dia, sete dias por semana e pode resolver grande parte das urgências e emergências de quem busca atendimento médico gratuito. “Emergência é qualquer situação que implique em risco de morte iminente, e urgência é qualquer situação que, caso não receba cuidados em pouco tempo, pode evoluir para uma emergência”, esclarece Lima.

“Nas localidades que contam com UPA, 97% dos casos são solucionados na própria unidade. Quando o usuário chega, os médicos prestam socorro, controlam o problema e detalham o diagnóstico. Eles analisam se é necessário encaminhar a um hospital ou mantê-lo em observação por 24 horas”, segundo o Ministério da Saúde.

Os problemas mais recorrentes na faixa 50+ são:

  • AVC (déficit neurológico de início súbito, com problemas na fala e na visão, dormências ou paralisias no corpo)
  • crises de asma intensas
  • diarreia intensa com sinais de desidratação (sede excessiva, boca seca, alterações do humor)
  • sangramentos espontâneos (nariz, boca, ânus) que não cessam
  • suspeita de infarto (dor ou desconforto torácico de início súbito e de forte intensidade)
  • suspeita de luxação ou fratura
  • traumas com feridas intensas

A UPAs também têm como função dar retaguarda às UBSs e absorver toda a demanda imediata no horário em que estas não funcionam (normalmente à noite e nos fins de semana). “No entanto, quando o problema é suportável (uma febre baixa ou dor sem outros sintomas que alivia com uso de sintomáticos), é preferível esperar para o dia seguinte e consultar-se na UBS, que já conhece a pessoa, sua história clínica, e avaliará com maior precisão quais são as necessidades para aquele momento. A ida à UPA muitas vezes acaba significando a repetição de exames que já foram feitos na UBS, por exemplo”, aconselha.

Quando é o caso de ir a um hospital?

De acordo com Lima, “o ideal é que as UPAs façam todo o primeiro atendimento de urgência e emergência”, pois são equipadas para isso. “Quando necessário, encaminham a serviços hospitalares, caso de uma internação, uma cirurgia ou exames de maior complexidade.”

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